
Armando Cardoso
Martins
Armando Cardoso Martins, nasceu no dia 13
de Dezembro de 1947, reside no Barreiro.,
Serviu o Estado
Português em Moçambique (Mueda) integrado no Esquadrão
de Cavalaria 2, no período de 1968 a 1971
Contactos: E-mail:
acardosomartins@gmail.com
TM:
912 191 797


Lázaro Cavandame e Artur Miguel Murupa
Contributos de:
Um
colaborador do portal UTW
Jorge Pimentel,
ex-Alferes Mil.º do Sector B, em Porto
Amélia, de 14MAI1969 a 31MAI1971
Lázaro
Cavandame

Lázaro Cavandame, foto de
Armando Cardoso
Martins
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1969 – Abril.3 (5afeira
Santa)
No nordeste de Moçambique, é
anunciado que as autoridades de Porto Amélia
receberam a rendição do dirigente da FRELIMO
Lázaro Cavandame, chefe de grupos macondes
que têm actuado no distrito de Cabo Delgado.
Enquanto isso no interior
transfronteiriço sudeste da Tanzânia, 16
lugares-tenentes de Cavandame haviam sido
perseguidos pela FRELIMO e capturados, tendo
outros 14 logrado atravessar o Rovuma e
apresentar-se às tropas portuguesas, cujo
comando em Nampula continua a ser exercido pelo
general Costa Gomes (a ser em breve substituído
pelo general Kaulza de Arriaga), mantendo-se o
comando-chefe entregue ao general António
Augusto dos Santos.
– «O quadro actual da FRELIMO,
com a sua desorientação, após patente
afastamento
[em Jul68]
dos macondes (ausência do Congresso),
assassinato de
[Samuel]
Cancomba
[em território da Tanzânia junto à fronteira com
Moçambique],
defecção do padre Mateus
[Pinho Gwenguere],
morte de Mondlane e, finalmente, apresentação de
Cavandame e algumas mais,
[...]
alterou substancialmente a
situação existente, tornando o inimigo muito
mais vulnerável em Cabo Delgado e susceptível a
uma acção mais decisiva. Adquiriu-se assim a
ideia geral de que valeria a pena efectuar um
reforço de acções – todas elas – em Cabo
Delgado.»¹
– «Um movimento rival, o COREMO,
faz concorrência à FRELIMO, cujos agentes
assassinaram o seu presidente Gabriel Machaba.
Com efeito, os choques têm sido tão violentos
entre movimentos – ou mesmo no interior de cada
movimento, entre líderes representando diversas
etnias –, que houve numerosas rendições e
numerosas reuniões com as autoridades
portuguesas. A mais célebre foi a do chefe
maconde Lázaro Cavandame, que se rendeu com os
seus homens.»²
– «A história da deserção do
Lázaro Cavandame ainda se passou comigo. Fui a
única pessoa com responsabilidade que não foi a
Porto Amélia cumprimentar o Cavandame. Eu achava
que aquilo tinha sido uma traição e que o
Cavandame, ao desertar, só queria receber
benesses, sem querer verdadeiramente colaborar
connosco. Por isso eu não fui. Em 1969 a FRELIMO
estava num período difícil. Tinha morrido o
Eduardo Mondlane e, quer em Cabo Delgado quer no
Niassa, nós tínhamos reduzido substancialmente a
guerrilha. A FRELIMO estava na mó de baixo.»³
Ao fim da tarde em Dar-es-Salaam
o comité central da FRELIMO distribui um
comunicado, no qual – após responsabilizar
Cavandame pelo assassinato de «um dos
comandantes militares da FRELIMO» no final
do transacto –, afirma que:
– «Cavandame nunca teve nenhuma
responsabilidade militar na FRELIMO, sendo a sua
actividade meramente administrativa. Lázaro
nunca foi chefe tribal em Moçambique. A única
influência que ele tinha sobre o povo, resultava
da posição que a FRELIMO lhe tinha dado. A razão
da sua deserção é portanto a de escapar ao
julgamento por este assassinato, do qual é
acusado de ser o organizador pelos 16 elementos
do seu grupo, presos à espera de julgamento.»
¹
(governador-geral Rebelo de Sousa, carta de
06Mai69 ao CCFAM general Augusto dos Santos);
² (Soustelle,
op.cit pp.92);
³ (Costa Gomes,
em 27Abr95 a Freire Antunes)
informação de um
colaborador do portal UTW
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De:
jorge pimentel
Enviada: quinta-feira, 13 de Setembro de
2007 20:38
Cc: UTW
Assunto: Entrevista ao chefe maconde
Lázaro
Kavandame
na sede do governo do distrito de cabo
delgado(Porto Amélia)
Não posso
precisar se foi durante o ano de 1969 ou 1970
que fui destacado para servir de interprete a
uma entrevista do apresentado chefe maconde Lázaro
Kavandame para um jornalista sul africano não
me recordo qual era o jornal em causa.
Penso que a
razão principal porque fui escolhido deveu-se ao
facto de eu falar inglês sem problemas e isso
foi-me perguntado pelo meu chefe directo Major
Sanches chefe da 1 secção (pessoal e logística).
Éramos 4
pessoas na entrevista: o Lázaro Kavandame, eu, o
jornalista sul-africano e o Inspector Borges da
Pide.
Comecei por
perguntar ao Lázaro Kavandame qual a razão ou
razoes que o levaram a apresentar-se às n/t,
tendo ele respondido que Portugal dava uma vida
melhor boa alimentação bom alojamento bom
tratamento enfim tudo o que se podia desejar de
bom...O jornalista perguntou se não teria
havido outra razão ou razões da sua entrega as
nossas tropas tendo ele respondido que não,
inclusive foi-lhe perguntado se ele não teria
sido expulso da Frelimo devido ao facto de ser
um dissidente tendo ele respondido que não, que
saiu porque quis e pelas razões acima
apresentadas. Realmente no decurso da entrevista
via-se que ele não era uma pessoa culta ,antes
pelo contrário, não devia ter praticamente
estudos nenhuns. Tinha alguma dificuldade em
perceber as perguntas ou fazia-se desentendido,
e falava um português macarrónico como era
natural.
Tenho uma
pessoa minha amiga que está em Nampula a dar
aulas na universidade e quase todos os dias
falamos pelo skype e aconteceu há poucos dias
ter falado com o procurador militar Coronel
Matemanga que é aluno do meu amigo e tivemos o
prazer de falar em diversos assuntos
relacionados com a guerra colonial entre as
quais o Lázaro Kavandame. O Coronel Matemanga é
um homem de 40 e poucos anos portanto como é
óbvio era rapaz durante a guerra colonial
mas sabe muitas coisas acerca da guerra. Ele
confirmou-me que o Lázaro Kavandame queria uma
posição de destaque na Frelimo posição essa que
não lhe foi dada em virtude de não ter
habilitações nem estudos para tal, tendo sido
expulso das suas fileiras. Portanto como vêem
esta é que é a verdade nua e crua!
Respondendo à
2.ª parte da sua pergunta confirmo que o Coronel
Basílio Seguro era o governador do distrito e o
Inspector Borges era o chefe da Pide nessa
altura.
Os meus
cumprimentos e agradecimentos
Jorge
Pimentel
informação de
Jorge
Pimentel
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Artur Miguel Murupa
1970 - Dezembro.7 (2ª feira)
No nordeste de Moçambique uma
patrulha militar, em operações na área de
Macomia, recebe a rendição de Miguel Artur
Murupa, dito "ministro dos Negócios
Estrangeiros" da FRELIMO.
informação de um
colaborador do portal UTW