

João José
de Lima Alves Martins
Alferes Mil.º de
Artilharia
Bateria de Artilharia de Campanha 1
Guiné 1967 a 1970
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Texto:
«Memórias da minha
comissão na Província Ultramarina da Guiné»

Excertos:
[...]
Nos anos 60 e 70, o MPLA e a Unita em Angola, e a
Frelimo e a Renamo em Moçambique, passam a ser os braços
armados dos interesses das três grandes potências, e podemos
finalmente entender, não só as circunstâncias, a origem e a
natureza da guerra que tínhamos que enfrentar, mas também,
quais os nossos verdadeiros inimigos.
Esta é a razão pela qual esta
guerra estava perdida desde o seu início, é que, à medida
que o tempo passava, nos íamos confrontando com um material
de guerra cada vez mais sofisticado, fornecido pelas grandes
potências. O nosso verdadeiro inimigo movia-se na nossa
retaguarda, subtil mas eficazmente, conseguindo “virar
elementos das populações contra nós, particularmente,
potenciais líderes, aos quais dava instrução ideológica e de
guerrilha” convencendo-os que iriam ter enormes vantagens. É
óbvio que a guerra tinha que ser conduzida explicando às
tropas e às populações a sua verdadeira razão de ser, e
portanto, todo este jogo de interesses.
[...]
[...] O que me deixa
verdadeiramente satisfeito, é ter conhecido aquelas gentes,
melhor dizendo, aqueles portugueses, verdadeiros portugueses
na medida em que, na sua maneira de ser, se aproximam muito
de nós, muito provavelmente pela ação missionária e de
evangelização a que todos nós, portugueses, fomos de algum
modo chamados desde a “Fundação de Portugal”.[...]

[...] Mais, o
sentimento mais profundo que trago como recordação, é que,
na Guiné, eu não estava no estrangeiro, mas em Portugal, e
quando estou com alguém de lá, não posso deixar de lhe dar o
meu abraço de “irmão”, porque vejo nele um português que
vive no estrangeiro.
[...]
[...]
Parte de mim ficou na Guiné, para
sempre, não só pelo sentimento do dever cumprido que é
independente do regime que vigorava na altura, mas
sobretudo, pela experiência e pelo reconhecimento de cerca
de 500 anos de convivência e de pertença à mesma Nação, e
esta realidade não se esquece, não se apaga e não está à
venda…
[...]
[...]
Recordo também as
“bajudas” que eram particularmente simpáticas, e, pelo que
me apercebi, bem mereciam um futuro mais risonho. Da Guiné,
trago comigo a felicidade de ter conhecido gente de bom
coração, talvez porque muito menos agarrada do que nós, ao
“vil dinheiro” que tudo corrompe e sem o qual não sabemos
viver.
[...]
Algumas imagens extraídas
do texto:



















in
jornal "Defesa da Beira", n.º 3497, de 27Abr2012:


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