Trabalhos, textos sobre a Guerra do
Ultramar ou livros
Elementos cedidos por um Veterano
José Alberto Mesquita
"O inferno
verde: Moçambique 1968-1972"
"O
inferno verde: Moçambique 1968-1972"
autor: José Alberto Mesquita
editor: Prefácio
1ªed. Lisboa, 2004
205 págs (c/fotos p/b)
23,6x17cm
preço: 16,25€
ISBN: 972-8816-45-6
Prefácio, do autor:
- «Não sou político nem tenho pretensões de julgar as
políticas dos governos antes e depois de 1974. Tenho
como todo o cidadão normal as minhas convicções e
tendências. O que me leva a estar aqui perante os
leitores que tiveram a paciência de ler este livro, é o
desejo de transmitir a angústia, a tristeza, o medo, a
amizade, o ódio, enfim... todas aquelas sensações que
passam por quem experimentou e viveu uma guerra... »
Sinopse:
- «Recordações apaixonantes de José Alberto Mesquita,
actualmente médico. Decididamente, os médicos constituem
uma percentagem muito grande dos autores que escrevem
sobre a guerra colonial. Entre 1968 e 1972, o nosso
homem ainda não pertencia a este grupo profissional, mas
este filho de um militar de carreira alistou-se em
Lourenço Marques e descreve-nos a formação dos
aspirantes em Boane, depois a sua afectação, enquanto
alferes, a um destacamento de soldados moçambicanos num
posto perdido a norte de Nova Freixo (Niassa). Em
Setembro de 1969, a FRELIMO começa a minagem e ele as
suas patrulhas. O autor é franco e directo: a sua
inexperiência inicial transforma-se em denodo. Com ele
não há romantismos: descreve a tortura de um velho chefe
de aldeia cuja população foi obrigada a fugir. Ferido
num acidente, o autor foi tratado em Nampula, onde reina
a burocracia militar, para retomar, em seguida, as
operações para lá do rio Lugenda, onde mata dois
guerrilheiros. Ele odeia a imbecilidade rancorosa dos
oficiais de carreira dos gabinetes. Condenado, é
transferido para uma antiga missão dos Nazarenos, nas
proximidades de Furancungo (a norte de Tete), onde
assiste à execução de um indivíduo acusado de colocar
minas. Deita fogo a uma povoação, onde mata um
comissário político. Depois de um velho chefe
guerrilheiro lhe ter explicado que nada tinha a perder
nesta guerra, começa a duvidar da sua missão. Está há
trinta meses no mato e numa unidade de moçambicanos. O
enorme stress é combatido com grandes bebedeiras de
cerveja. Encontra seis cadáveres de africanos pendurados
em árvores e devorados por animais. Alguns
guerrilheiros, enfraquecidos pela fome e pela guerra,
rendem-se com crianças e mulheres. Acaba por concluir
que se trata de uma guerra inútil. Mais tarde
tornar-se-á anestesista e o seu livro pode ser
aconselhado a todos aqueles que acreditam que é possível
ganhar, a longo prazo, uma guerra colonial quando o
adversário, para além da fé na vitória, está tão bem
armado como a outra parte e quando esta já perdeu a fé e
a confiança na justeza da sua missão.»
(René Pélissier, in "Combater, viajar, rezar"; Abr2005)
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