
TRABALHOS, TEXTOS
SOBRE OPERAÇÕES MILITARES ou LIVROS
José
Brandão

E-mail:
zebrandao804@msn.com |
"Cronologia da Guerra Colonial"
Angola - Guiné -
Moçambique
1961 - 1974
Há
coisas piores que a guerra
– e a
guerra trá-las a todas.
Autor
desconhecido |
Os
primeiros acontecimentos narrados no livro
Cronologia da Guerra Colonial editado pela
Prefácio
-
Clique aqui
J á
está nas livrarias o livro de José Brandão a
Cronologia da Guerra Colonial, da Editora
Prefácio.
Pode ser
adquirido
Aqui ou
Aqui
Editado pela Prefácio
cujo email é
editora.prefacio@mail.telepac.pt
Trata-se de um livro
com 454 páginas e que é apresentado conforme introdução:

INTRODUÇÃO
Esta é a cronologia
de um dos períodos mais inquietantes da vida dos
portugueses.
São os anos entre
1961 e 1974 nos quais Portugal mergulhou numa guerra
para alguns do Ultramar para outros Colonial.
São treze anos de
ansiedade, sofrimento e morte que atingiram praticamente
todas as famílias portuguesas com consequências que
ainda hoje perduram.
Guerra que mobilizou
mais de 800 mil combatentes da chamada Metrópole
enviados para as distantes e desconhecidas matas de
África onde alastrava a revolta apoiada por alguns
países próximos.
Em Angola, a partir
de 4 de Fevereiro de 1961, na Guiné, a partir de 23 de
Janeiro de 1963, em Moçambique, a partir de 25 de
Setembro de 1964, a guerra é declarada pelos movimentos
de libertação nacional que teimam em levar por diante o
seu propósito de total independência do domínio colonial
europeu.
Pela parte
portuguesa, a guerra era sustentada pelo princípio
político de defesa daquilo que era considerado
território nacional, baseado no conceito de nação
pluricontinental e multirracial. Pela parte dos
movimentos de libertação, a guerra justificava-se pelo
inalienável princípio da autodeterminação e
independência, num quadro internacional de apoio e
incentivo à sua luta.
Guerrilheiros, ou
terroristas – conforme a atitude política – resistem num
terreno que lhes é familiar causando baixas nas Forças
Armadas portuguesas como nunca se vira antes.
Segundo o
Estado-Maior General das Forças Armadas, morreram na
Guerra de África 8.831 militares portugueses. Destas
quase nove mil baixas, 3.455 aconteceram em Angola,
2.240 na Guiné e 3.136 em Moçambique.
O Exército, ramo
militar sobre o qual recaiu a maior parte do trabalho
bélico, teve à sua conta a quase totalidade dos mortos –
8.290 homens. A Força Aérea, por seu turno, contou em
346 as suas perdas e a Marinha de Guerra enterrou 195
dos seus elementos.
De acordo com a mesma
fonte, 4.280 militares (48,5 por cento) morreram em
resultado directo de acções de combate e 4.551 (51,5 por
cento) em acidentes e doenças. Estas duas últimas causas
de morte devem ser encaradas com reservas, já que havia
na época a intenção clara de diminuir o número de baixas
em combate tornado público.
Com cerca de 9.000
mortos, cerca de 30.000 feridos evacuados, em mais de
100.000 doentes e feridos, dos quais resultaram perto de
14.000 deficientes físicos, (5.120 com grau de
deficiência superior a 60 por cento) e ainda,
possivelmente, 140.000 neuróticos de guerra, rara é a
família portuguesa que não foi ferida pela Guerra de
África. Os telegramas do Ministro do Exército a
apresentar «mais sentidas condolências» pela morte «por
motivo combate defesa da Pátria» de «seu filho soldado
fulano tal», chegavam aos lares dos portugueses semeando
a dor da perda de um filho, marido, pai, irmão ou outro
grau de familiaridade existente.
Sucediam-se os
comunicados militares que diariamente o Ministério da
Guerra mandava publicar nos jornais. "O Serviço de
Informações Públicas das Forças Armadas comunica que
morreram em combate, na Província de Angola, os
seguintes militares:" e seguiam-se os nomes de mais uns
tantos que, naquele ano, entre a noite de Natal e a de
fim de ano, não iriam aparecer na TV, a desejar festas
felizes.
Moçambique foi o
teatro de operações onde morreram mais militares em
combate (1.569 em 10 anos de guerra), seguindo-se Angola
(1.360 em 13 anos) e a Guiné (1.342 em 11 anos). Tendo
em conta a duração da guerra em cada um dos teatros de
operações, as tropas portuguesas sofreram por ano 157
mortos em combate em Moçambique, 122 na Guiné e 105 em
Angola.
Quanto ao número
total de mortos, independentemente das causas oficiais
da morte, as Forças Armadas portuguesas sofreram por ano
285 baixas mortais em Moçambique, 246 em Angola e 186 na
Guiné.
Do total de mortos
nas três guerras, cerca de 70 por cento eram
expedicionários recrutados na chamada Metrópole. No
conjunto das três frentes de guerra, entre 1961 e 1974,
morreram em média 630 militares portugueses por ano.
E se os custos
humanos foram de grandes dimensões para um pequeno velho
país de menos de 10 milhões de habitantes, as perdas
materiais atingiram um nível muito próximo do colapso
económico. O esvaziamento dos recursos financeiros para
a sustentação da guerra foi equivalente, ao longo dos
treze anos de conflito armado, a uma média de trinta e
três por cento do Orçamento do Estado, tendo-se
ultrapassado, em toda a segunda metade da década de 60,
os quarenta por cento.
A cronologia que se
segue pretende realçar esses treze anos da guerra de
África com a exposição de alguns dos acontecimentos mais
notórios ocorridos durante este período e, em paralelo,
apresentar aquela que é a mais completa listagem,
compilada ano a ano, de todos os que morreram nas três
frentes de guerra.
Dia após dia são
relatados os factos do quotidiano militar nos três
cenários de guerra, com especial relevo para os dias em
que se registam nas forças portuguesas pelo menos duas
baixas mortais em combate, procurando-se sempre que
possível indicar o batalhão ou a companhia a que
pertenciam esses militares.
De igual modo se
procede com a morte de militares de hierarquia acima de
alferes ou com acidentes cuja dimensão ou impacto
justificam referência.
Tudo isto resulta na
identificação de mais de 3.000 combatentes com dados e
em moldes até agora nunca exibidos em contagens feitas
às baixas em campanha.
Em números redondos,
morreram nas três guerras de África: 1 general, 2
brigadeiros, 3 coronéis, 15 tenentes-coronéis, 22
majores, 100 capitães, 40 tenentes, 300 alferes, 900
sargentos e furriéis, 1.600 cabos e 5.500 soldados e
marinheiros.
No final de cada um
dos 13 anos desta cronologia estão listagens de todas as
mortes ocorridas no ano em causa, ordenadas por data e
expostas em separado por cada frente de combate. Com
Angola a partir de 1961. Guiné a partir de 1963 e
Moçambique a partir de 1964.
Nessas listagens
constam: Nome – Posto – Data da Ocorrência – Causa da
morte – Unidade Mobilizadora – Ramo e Naturalidade de
cada um dos falecidos nos 13 anos de guerra.
É, na verdade, uma
tarefa exaustiva de um evento histórico em que o autor
foi um entre muitos milhares de participantes.
Convém sublinhar que
este é um trabalho centrado sobre a guerra em si mesma,
embora procure enquadrar alguns aspectos mais
significativos do dia-a-dia comum como sejam: as lutas
laborais, as lutas estudantis e as movimentações
políticas, sociais e culturais que acontecem no decurso
destes 13 anos.
A
eventualidade de qualquer erro num projecto desta
dimensão não retira a utilidade desta iniciativa
enquanto instrumento de trabalho como são todas as
cronologias. O que aqui fica poderá ser modesto na sua
grandeza, mas é seguramente ambicioso no seu propósito:
recordar e honrar os que morreram «lá longe, onde o Sol
castiga mais».
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