«A manobra logística revelou-se
como “o fator vital” da Guerra
Subversiva de África que Portugal
enfrentou de 1961 a 1974. A
manutenção de uma média anual de
mais de 100.000 homens em armas em
três Teatros de Operações distintos,
e
separados entre si, e da sua
principal base de sustentação
logística por milhares de
quilómetros revelou-se uma missão
extremamente ambiciosa,
principalmente para um país com
todas as insuficiências em recursos
naturais, demográficos e financeiros
e sujeito a um crescente isolamento
internacional. Neste sentido, a
análise do esforço logístico
realizado por Portugal durante a
guerra, torna-se fundamental para
melhor se compreender o esforço
operacional, os seus resultados
práticos e a realidade da guerra.
Pretende-se deste modo contribuir
para desvendar o “verdadeiro enigma
histórico”, relativo à capacidade de
Portugal ter conseguido permanecer
em África até 1974, considerado como
“um notável feito de armas”.
O apoio logístico implementado teve
assim como objetivo principal reunir
condições para apoiar o aparelho
militar de Portugal, e passou por
processos evolutivos desde a
adaptação inicial à nova tipologia
de operações, as operações de
contrainsurreição, até à capacidade
de sustentação do conflito “com
poucas despesas”. Neste contexto, a
descentralização das estruturas de
apoio, o investimento na rede
estradal, o aproveitamento dos
recursos humanos e naturais
ultramarinos e a preocupação em
equilibrar favoravelmente as
capacidades que se conseguiam
desenvolver e o material que se
tinha que importar, contribuíram
para este objetivo, assegurando a
permanência de Portugal em África e
a concretização de um
desenvolvimento evidente nas
províncias ultramarinas durante os
catorze anos de conflito armado.»