Trabalhos, textos sobre a Guerra do
Ultramar ou livros

Sofia Branco
Jornalista da Agência Lusa, e presidente
da direcção do Sindicato de Jornalistas
«Nasceu
perto do mar, frio e revolto, na Póvoa de Varzim, onde
regressa sempre que pode.
Jornalista,
nada lhe dá mais prazer do que escrever, contar
histórias, ouvir o que cada pessoa tem para dizer. A
vida trouxe-lhe muitas ondas, o curso de Coimbra, o
estágio no Porto, o primeiro emprego em Lisboa, onde, à
exceção de um ano no estrangeiro para fazer um mestrado
em Direitos Humanos, vive desde então, sem nunca perder
o sotaque, nem a têmpera do Norte. É feminista e
ativista por um mundo mais justo e paritário, onde a
História seja feita do relato de homens e mulheres.»
O livro:
"As Mulheres e a Guerra
Colonial - Mães, filhas, mulheres e namoradas: a
retaguarda dos homens na frente de batalha"

título: "As
Mulheres e a Guerra Colonial - Mães, filhas, mulheres e
namoradas: a retaguarda dos homens na frente de batalha"
autora: Sofia Branco
editor: Esfera dos Livros
1ªed. Lisboa, Fev2015
384 págs
23,5x16cm
pvp: 18 €
ISBN: 978-989-626-645-5
«A
jornalista Sofia Branco traz-nos um livro original,
sobre um dos mais importantes acontecimentos do século
XX português, as mães, irmãs, filhas, amantes,
companheiras e amigas, que viveram a guerra colonial
como se também elas tivessem sido mobilizadas.
As
protagonistas deste livro, cada uma à sua maneira, foram
pioneiras e desbravaram caminhos outrora vedados às
mulheres.»
Sinopse:
– «Rezaram e fizeram promessas por eles. Escreveram-lhes
centenas de aerogramas, adiando o amor, às vezes sem
volta. Tornaram-se madrinhas de guerra de homens que nem
sequer conheciam. Foram com eles para o território
desconhecido de África, que amaram ou odiaram, ou
resignaram-se a esperar por eles, com filhos nos braços.
Voaram para os resgatar do mato, onde chegaram mesmo a
morrer por eles, e organizaram-se, com maior ou menor
cunho ideológico, para lhes aliviar a saudade, enquanto
apoiavam as suas famílias.
Arriscaram por eles, protegendo-lhes a retaguarda,
contestando a guerra, desertando sem saberem quando
voltariam ao seu país, mergulhando na clandestinidade e
aderindo à luta armada, sujeitas às sevícias da polícia
política e perdendo a juventude nas masmorras da prisão.
Trataram deles quando voltaram, mutilados e
traumatizados, e habituaram-se a amar homens diferentes
daqueles com quem haviam casado. Cada uma à sua maneira,
as protagonistas deste livro foram pioneiras,
desbravando caminhos outrora vedados às mulheres. Mães,
irmãs, filhas, amantes, companheiras, amigas, muitas
mulheres viveram a guerra colonial como se também elas
tivessem sido mobilizadas. Depois da guerra, também para
elas nada foi como dantes.»
(o Editor)
Apresentação:
– «"Elas mobilizaram-se, não ficaram
estacionadas em casa. Independentemente de terem feito
desde a coisa simples de arranjar um emprego, até
viverem na clandestinidade. Isto não parou porque eles
saíram. Elas tiveram um papel de ação, não foram
sujeitos passivos, e muitas vezes a História trata as
mulheres como sujeitos passivos, que é uma coisa
injusta", afirmou à Lusa, Sofia Branco.
Em 13 capítulos, um por cada ano que durou a Guerra
Colonial iniciada em 1961, Sofia Branco cruza a vida de
49 mulheres com a história do País mobilizado para o
conflito, abordando mulheres excepcionais, como a
operacional do movimento LUAR que ajuda a desviar um
avião da TAP escondendo armas na sua barriga de grávida,
como mulheres ditas comuns, que se tornaram 'madrinhas
de guerra', cumpriram promessas, foram namoradas, mães,
irmãs e filhas.
Nos dois anos de investigação, a jornalista descobriu
até factos novos e surpreendentes, o mais significativo
dos quais que a primeira vez que a Guerra Colonial é
contestada, é numa manifestação que se realiza no Porto
a propósito do Dia Internacional da Mulher, que se
assinala a 8 de Março. O conflito tinha começado há
pouco mais de um ano e uma faixa em que se lia "Abaixo a
Guerra Colonial!" é exibida na manifestação, reprimida
pela polícia, conta Maria José Ribeiro, uma das
responsáveis pelo protesto. Sofia Branco discutiu com o
historiador Carlos de Matos Gomes, especialista na
Guerra Colonial e que também assina o prefácio do livro,
e chegaram à conclusão que se trata de uma "novidade
total", que tinha permanecido esquecida ou escondida do
conhecimento geral.
Num outro capítulo, dedicado sobretudo à oposição à
Guerra feita pelos movimentos católicos, faz-se luz não
exactamente sobre factos novos, mas sobre o peso dos
protagonistas de eventos tão importantes como a vigília
da Capela do Rato, que os livros de história têm
consagrado aos homens. "Toda a gente conhece o Nuno
Teotónio Pereira e o Luís Moita, ninguém fala da
Conceição Moita e foi a Conceição Moita que leu a
mensagem dentro da Igreja. Esta história revela mesmo
como a história é feita por homens, contada por homens,
e as personagens principais são sempre homens, quando,
neste caso, uma das personagens principais é uma mulher,
altamente politizada, uma intelectual", defendeu Sofia
Branco.
A primeira entrevista realizada para o livro foi a Maria
Machado, mulher de Raimundo Narciso, da Acção
Revolucionária Armada, o braço armado do PCP, e deu-lhe
alento para continuar porque a entrevistada disse que
"estava mortinha" por contar a sua história, lamentando
que nunca ninguém lhe tivesse perguntado por ela.
Das histórias recolhidas, entrelaçadas umas nas outras,
com recurso a notícias da época e elementos da cultura
popular, como letras de canções, a autora lamenta a
falta de uma mulher negra dos movimentos de libertação
das ex-colónias, apesar de ser contado o percurso de
Margarida Paredes, branca, guerrilheira do MPLA.
Para Sofia Branco, as guerrilheiras destes movimentos
têm direito a uma investigação própria, num futuro livro
que não descarta.»
(noticiasaominuto.com/cultura/352424)
(**) - além dos nomes referidos, destaque para os
depoimentos das senhoras 'combatentes': Deonilde de
Jesus (mulher do ex-Fur milº Manuel Joaquim); Dulcineia
Cerqueira (mulher do ex-Fur milº Henrique Cerqueira);
Madalena Mira Vaz (mulher do Cor PQ Nuno António Bravo
Mira Vaz); Maria Alice Carneiro (mulher do ex-Fur milº
Luís Manuel da Graça Henriques); Maria do Céu Policarpo
(ex-Enfermeira Pára-quedista); Maria Cristina Justina da
Silva (ex-Enfermeira Pára-quedista); Natércia Salgueiro
Maia (viúva do TCor Cav Fernando José Salgueiro Maia).
Recensão, ler em...
– «Contar a Guerra Colonial com as vozes das mulheres em
vez de ouvir os homens.»
(João Céu e Silva, in 'Diário de Notícias' 07Mar2015
p42)
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