

João
Carlos Sarabando
João Carlos F. Sarabando,
cumpriu serviço militar como alferes miliciano, comandante
de um dos pelotões da 1ª Companhia do BArt7220/72, cuja
comissão ultramarina foi desempenhada no distrito
moçambicano de Tete – mais concretamente no subsector FCG
(sul da ZOT) –, entre finais de Ago1972 e 12Set1974
João Carlos Sarabando,
autor de «As hienas também choram», em entrevista ...
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"As
guerras são um negócio"
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O livro:
"As
Hienas Também Choram"

título."As Hienas Também
Choram"
autor: João Carlos
Sarabando
editor: Papiro
1ªed. Porto, Out2006
456 págs
Sinopse da
editora:
– «O
livro ficciona as vivências de um punhado de soldados que
entre 1972 e 1974 participou na guerra colonial, no Norte de
Moçambique. Numa linguagem crua, quase de caserna, e sempre
na perspectiva do homem ainda em formação e do soldado
miliciano carne para canhão regista um universo de
histórias/contradições/conflitos, quase sempre marginais à
história.»
Excerto:
«À entrada do bloco esperava-nos o
terror...
Soldados, ou o que restava deles,
e um bocado por todo o lado, faziam bicha deitados em macas,
naquele exíguo espaço que não fora dimensionado para
semelhante afluência.
Os enfermeiros de serviço
procuravam fazer a triagem da situação, identificar
sumariamente a identidade e o estado das vítimas, ao mesmo
tempo que corriam connosco de lá para fora.
As portas do bloco operatório,
sempre a abrir e a fechar, mostravam de forma intermitente a
tragédia desta guerra... a mais sanguinária que se possa
imaginar: Soldados a serem amputados de uma ou mesmo das
duas pernas, em condições de trabalho impensáveis!
Aqueles médicos só sendo
super-homens ou super-dráculas, poderiam aguentar um turno
daquela carnificina, não havia meio-termo...
Os cheiros a suor, sangue, calor e
outros mais pestilentos, misturados com gritos lancinantes,
transformavam aqueles profissionais em monstros/deuses com
gestos sempre bruscos e mecanizados.
Nenhum sentimento ou emoção
parecia cobrir-lhes o suor a correr em bica dos rostos;
apenas o frenesim nas serras a cortar a carne e os ossos
para desgraçar a vida, mas matar a morte...»


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