António Adélio Magalhães Pinto, Furriel
Mil.º Vaguemestre, da CCS/BArt645
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Nota de óbito |
Elementos cedidos por um
colaborador do portal UTW
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Faleceu, no dia 6 de Setembro de 2011, o
veterano


Magalhães Pinto
Furriel Mil.º Vaguemestre
Companhia de Comando e Serviços
Batalhão de Artilharia 645 «ÁGUIAS
NEGRAS»
Guiné: 10Mar1964 a 09Fev1966
António Adélio Magalhães Pinto, nasceu no
Porto.
Em 04Mar1964, tendo sido mobilizado pelo RAL1-Sacavém
para servir Portugal na Província Ultramarina da Guiné,
embarcou em Lisboa no NTT 'Uíge' rumo a Bissau,
integrado na CCS/BArt645 como furriel miliciano
vaguemestre.
Em 09Fev1966, concluída a sua comissão militar
ultramarina, iniciou no NTT 'Uíge' com o seu batalhão a
torna-viagem à Metrópole.
Paz à sua Alma.
O livro:
"Os
Heróis e o Medo"

título: "Os Heróis e o Medo"
autoria: Magalhães Pinto
editor: Âncora
1ª ed. Lisboa, Mai2003
275 págs
23x14cm
preço: 19€
dep.leg: PT-195179/03
ISBN: 972-780-115-3
Dedicatória:
- «A uma geração sacrificada, corajosa executora de uma
guerra que não desejou. Mas que não recusou, em nome do
conceito de Pátria que lhe tinha sido inculcado. Por
isso merecendo o apreço do seu Povo.»
Sinopse:
Não há heróis sem medo. A heroicidade não se mede pelo
número de adversários mortos. Há outra heroicidade na
capacidade de guardar, no meio da tragédia que é a
guerra, um profundo sentido de humanidade,
de solidariedade, de ausência total de racismo. Há uma
outra heroicidade na capacidade de não deixar que o medo
abafe a noção de que em ambos os lados de uma arma estão
seres humanos.
É dessa heroicidade e desse medo que aqui se fala. É,
sobretudo, no dizer do autor, uma homenagem a uma
geração de portugueses extremamente sacrificada, em nome
de um conceito de Pátria nela inculcado, que, todavia
não discutiram. Os Heróis e o Medo é um testemunho
vigoroso de um período conturbado da vida portuguesa,
vivido e sentido pelo autor.
Excerto (pág.187):
[...]
O Manel abandonou o
abrigo e, cosendo-se com os latões, rastejando aqui e
correndo acolá, dirigiu-se à casa da rádio. Como lhe
cumpria, o telegrafista comunicava a Mansoa estarem
debaixo de fogo. O Manel deu-lhe uma palmada nas costas
e subiu à torre, onde o Zé Grande, agora já com a
companhia do Algarvio, do Jaime e do Reis,
manobravam
as quatro metralhadoras pesadas, à cadência contínua de
seiscentos tiros por minuto, como vinha nos livros. O
Manel tentou perceber a situação. O fogo inimigo parecia
nascer do chão, não distante do arame farpado, vindo de
todos os lados. Estavam cercados. Os estupores tinham
vindo em grande número, desta vez. Desceu as escadas de
quatro em quatro e recomendou ao telegrafista que desse
conta a Mansoa da gravidade da situação. Estavam a ser
atacados por uma companhia inteira, pelo menos. Saiu da
casamata e voou para o abrigo, onde o Cartaxo, o
Miragaia, o Píveas e o Quim despejavam,
furiosamente, carregador atrás de carregador. Portugal
parecia estar todo naquele abrigo, a defender-se do
inimigo.
A situação piorava.
Ou eu estou enganado, ou os filhos da puta já estão no
intervalo entre as duas fieiras de arame farpado que
defendem o forte, murmurou o Manel. Na torre, duas
metralhadoras estavam caladas. Usem isso, bastardos!
Raio de gente! Era necessário construir uma barreira de
chumbo entre os guerrilheiros e os abrigos ou não
tardariam a ser apanhados à unha. Voltou à torre.
Aqueles gajos estavam a precisar de um empurrão. Ainda
ia nas escadas, quando ouviu o fragor do rebentamento de
um roquete mesmo por cima de si. Rompeu os
pedaços de tijolo que intentavam soterrá-lo. Metade da
cobertura da torre tinha desaparecido, levando consigo a
antena de rádio e uma das metralhadoras. Bonito! Se em
Mansoa não se tivessem apercebido já da situação,
enviando reforços, as coisas iam piorar. Porque não
disparavam aqueles gajos lá em cima? No escuro, viam-se,
rubros, os canos das metralhadoras. Duas delas
encravadas pelo calor gerado. Usando as mãos nuas, o
Algarvio tentava desesperadamente substituir o cano
da sua, indiferente ao cheiro de carne assada emprestado
ao ar em redor pela sua pele. Conseguiu. Arremessou o
cano dilatado para longe e introduziu um novo na boca da
culatra. O Manel agarrou-se à arma e vomitou projécteis
em profusão, enquanto o [...]