
TRABALHOS, TEXTOS
SOBRE OPERAÇÕES MILITARES ou LIVROS
Informação de
LC 123278
Manuel Marques José
"Pela Pátria, esta Missa de Finados"
Crónicas da Guerra de
África
in:
http://www.geocities.com/heartland/garden/4462/pelapatria.htm
O enredo desenvolve-se em dois
planos, um, o da Guerra de África, um pequeno
destacamento do Exército Português algures a sul de Gago
Coutinho, Angola; outro, a aldeia abandonada do alferes
Bebiano, personagem principal da obra.
A
guerra que Portugal travou contra potências estrangeiras
poderosíssimas que cobiçavam parcelas da nossa nação e
cuja ofensiva se consubstanciava nos designados
«movimentos de libertação» é aqui retratada com máxima
perfeição e maestria, com uma exactidão por vezes brutal
e ao mesmo tempo bela. Aliás, como todo o livro,
belíssimo, por vezes, com páginas do melhor que se pode
ter em literatura, e outras, de uma brutalidade que
diríamos demasiada, não fosse essa a forma porventura
melhor de traçar factos duríssimos, de desmistificar
realidades miseráveis.
A obra começa com o
alferes Bebiano a entrar no cemitério da sua aldeia, a
persignar-se diante do seu túmulo. Depois, são as
memórias da guerra, as memórias da sua aldeia que já não
existe, massacrada na urgência do chamado «progresso».
Poderemos,
metaforicamente, entender a sua aldeia como Portugal.
Portugal abandonado, traído, vendido, morto; e
portugueses e portugueses, de todas as raças, nos mais
diversos cantos do mundo, também abandonados, traídos,
vendidos, mortos aos milhões - e daí uma missa de
finados, pela Pátria!
E a obra acaba no mesmo
cemitério, enquanto, entre as ruínas da igreja, o padre
Henrique celebra uma missa de finados e o narrador se
pergunta se deve guardar todos os sonhos que se foram
alinhando ao longo do livro.
Uma obra pois recomendável
e não resistimos a transcrever a contracapa:
«Naqueles dias, naqueles
lugares de Angola, era a guerra. Pela Pátria. Um
quotidiano de sacrifícios, de pequenas alegrias, de
recordações que se erguiam a cada momento. E de morte.
Neste livro, conta-se a
história de um pequeno destacamento militar, algures a
sul de Gago Coutinho. Aqui se fala do capitão Ramos,
oficial de carreira; do alferes Bebiano, licenciado em
Filosofia; do sargento Pinto, em segunda comissão de
serviço; do furriel Marques, que trazia sempre consigo o
pai e a mãe cegos, a pedirem esmola numa rua de
Alcântara; do soldado Américo António, das serras da
Lousã, que nunca tinha visto o mar até ao dia em que
embarcou no Niassa; do soldado Abreu que se perdia em
longos diálogos com o seu menino que mal falava ainda,
lá longe, na Metrópole; do agente Moura da PIDE; de
elementos do MPLA aprisionados que forneceram
informações para a destruição de uma base na Zâmbia.
No regresso, o alferes
Bebiano encontra a sua aldeia abandonada e, em vão,
procura os que deixara, por entre as brumas de dias
massacrados de amargura, o cemitério cheio de ervas
daninhas, a igreja em ruínas onde, feericamente, o padre
Henrique celebra uma missa de finados, a casa do tio
António destruída e as estantes sem livros, a sua casa.
Este é um livro de
memórias e de sonhos, de angústias, por vezes violento.»
A crítica tem sido
bastante favorável.
Joaquim Dias
Teixeira
PELA PÁTRIA, ESTA
MISSA DE FINADOS
Crónicas da
Guerra de África
Romance
Manuel Marques José
Nova Arrancada,
Lisboa, 1999
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