15Abr1971: Ganguirô, na região de Liporo
/ Canjadude - 2 Pára-Quedistas tombam em
combate
Elementos
enviados por Pedro Castanheira
Outros
elementos extraídos do sítio do facebook do
veterano
Isidro Moreira Esteves
Contributos
dos veteranos Licínio Lopes e de
Manuel Maria Figueiredo Silva
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Guiné:
Ganguirô, região de Liporo / Canjadude
15 de
Abril de 1971
Tombaram ao serviço da PÁTRIA PORTUGUESA
Para visualização dos
conteúdos clique em cada um dos nomes que se seguem:
Avelino Joaquim Gomes Tavares
Carlos Alberto Ferreira Martins
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Contributos:
Texto de Licínio Lopes:
«HONRA E GLÓRIA AOS
NOSSOS MORTOS
Dia 15 de Abril de 1971 deram a vida pela Pátria, na
operação «Águia Negra» (2.° período)
(nota), na acção Império
Valente/A, os nossos camaradas soldados Pára-quedistas:
AVELINO JOAQUIM GOMES TAVARES
(do 4° Pelotão), natural de Matosinhos, e
CARLOS ALBERTO FERREIRA MARTINS
(do 2° Pelotão), natural de Toledo, freguesia de
Vimeiro, concelho da Lourinhã,
mortos em combate em
Ganguirô, na região de Liporo/Canjadude.
Nesta mesma operação a C.C.P. 123 sofreu mais 5 feridos:
Jacinto Cunha (já falecido), Manuel Rosa. Miguel, Veiga
Lopes e Licínio Lopes).»
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(nota):
in livro do BCP12 (Batalhão de Caçadores Pára-Quedista
12), pág. 179
«2º período da operação “Águia Negra “ , desenrolou
se entre 08 de Março e 8 de Junho. A CCP123
(Companhia de Caçadores Pára-Quedistas 123) continuou
empenhada no CAOP 2 (Comando de Agrupamento
Operacional 2) , actuando através de emboscadas,
patrulhamentos e batidas na região de Piche, Canjadude,
Siai , Ganhagina , Cassembel, Ganguirô, etc.
No dia 15 de Abril , quando os militares da CCP 123 (Companhia de Caçadores Pára-Quedistas 123) se
encontravam próximo de Ganguirô , sofreram um violento
ataque lançado por um grupo inimigo estimado em cerca de
80 elementos. Avançando em linha , com três vagas de
assalto de 20 a 30 homens cada e apoiados por intenso
fogo de morteiro, RPG2
*
e RPG7*, os guerrilheiros do
PAIGC causaram dois mortos e seis feridos ás tropas
Paraquedistas»
O comandante da Companhia de Caçadores Pára-Quedistas
123: Capitão Pára-Quedista Cristóvão Manuel Furtado
Avelar de Sousa, hoje, Major-General na situação de
reforma
*RPG: (Rocket-propelled grenade, em
português: granada lançada por foguete)
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Texto de Manuel Maria
Figueiredo Silva:
«Jamais esquecerei
aquele fatídico dia, marcou-me para sempre, fui também
um dos que veio para a retaguarda para partir alguns
arbustos para o Heli ali descer e levar o homem ferido
que vinha a bater a picada.
Recordo-me daquele apito de comando inimigo, os
projecteis inimigos a baterem-me a um palmo da minha
cabeça quando estava deitado, vi as linhas do inimigo
recuarem e de seguida outra linha avançar para nós,
debaixo daquele infernal tiroteio deixei de ver os
camaradas das laterais, fiquei apenas com três ou quatro
munições no carregador da G-3 ao meu lado apenas se
encontrava o FRITZ com o morteiro 60 e julgo sem
qualquer granada apenas com a pistola.
Recordo-me de tentarmos recuar mas não podíamos pelo
facto de á nossa retaguarda o capim estar arder,
lembro-me de uma bazuca a trabalhar á minha retaguarda,
presumo eu, que fosse um homem da milícia que a
manuseava.
Na minha ótica não morremos mais porque o inimigo ouviu
o heli que vinha buscar o homem ferido e pensando que
seria o heli canhão, em debandada, recuaram.
Perdemos dois HOMENS e julgo uns cinco feridos, mas
muitos mais poderiam ter morrido se o intuito do inimigo
fosse concretizado que seria quando estivéssemos a subir
para os veículos que nos haviam de transportar.
Não me sai da memória deparar com o TAVARES morto o qual
levou uma roquetada debaixo das pernas, MARTINS que era
do meu pelotão também ele morto por vários projécteis.
RESTA-ME PEDIR A DEUS QUE OS TENHA EM DESCANSO.
Peço desculpa se com este texto feri suscetibilidades,
mas fiquei um pouco aliviado narrando este historial que
sempre há-de me acompanhar.
Um abraço a todos os Combatentes.
Nota: o Soldado Paraquedista Carlos Martins, era o
barista da companhia, ao ver o seu pelotão desfalcado
ofereceu-se prontamente para esta missão onde iria
perder a vida.»