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Mariodeestremoz
Mário António Martins Casaca, natural de
Estremoz, nascido no dia 10 de Junho de 1940;
Paquete e "pau para a toda a obra" no jornal
Brados do Alentejo (1952 - 1961);
Estudou
na Escola Industrial e Comercial de Estremoz
e no Colégio de S. Joaquim (Estremoz);
Militar do Exército (1961 - 1962)
Furriel Mil.º 'Comando' no Grupo de Comandos "Os
Gatos" - Batalhão de Artilharia 400 - Angola e
Guiné (1962 - 1965)
O livro:
«O Brinholeiro»
Convite:
Apresentação do livro: Salão Nobre dos
Paços do Concelho da Câmara de Estremoz, no dia
17 de Maio de 2019, pelas 16H00.


título: "o brinholeiro"
autor: Mário Casaca
prefácio: José Movilha
posfácio: Álvaro Correia
revisão: Laura Martins
capa e paginação: Guidesign
fotografia da capa: Boneco de Estremoz "Brinholeiro",
Património Imaterial da Humanidade, de Afonso
Ginja
Ilustração da contracapa: Sandra Casaca
impressão e acabamento: Guide - Artes Gráficas
ISBN: 978-989-20-9235 -5
depósito legal n.º 451888/19
nota do autor: o «filme» de fotografias do fim
do livro tem a mesma sequência dos nomes e
assuntos que vão aparecendo nas páginas do texto
(este texto não foi escrito ao abrigo do Acordo
Ortográfico
Do
prefácio
[...]
"O Brinholeiro" e outras memórias sobre Estremoz
e os seus habitantes.
[...]
Excertos:
[...]
Nos
anos idos em que ainda éramos gaiatos, logo que
abria o Dia da Caça, não se fala do resto dos
dias do ano, senão ainda vem por aí o sargento
Luz da guarda republicana, que chefiava o posto
dos Congregados a querer saber de nomes e com o
nariz no ar a ver se lhe cheirava a furão, bem,
nesse dia de abertura era ver os grupos de
compadres a prepararem os cintos de argolas e
cartuchos com pólvora e chumbo comprado no Dica
da Porta Nova, não faltava o mestre Paracana,
ele nesses fins-de-semana tinha de marcar sempre
o ponto, lebres e coelhos bravos e perdizes do
campo...
[...]
Na hora da despedida. Mais um Esquadrão do
Regimento de Cavalaria 3 que parte para o
Ultramar
A cidade viveu momentos de grande vibração
patriótica com a despedida do Esquadrão que na
quinta-feira seguiu para Lisboa, a fim de
embarcar para o Ultramar, tendo o povo se
associado a todos os actos do programa
organizado pelo Comando e que aqui anunciámos.
Na véspera de manhã e na presença de entidades
locais e do Esquadrão formado em parada, o
reverendo Serafim Tavares celebrou missa tendo,
ao evangelho, evocado a figura do grande chefe
Nuno Álvares Pereira, ao exortar os militares
que iam partir.
No final da missa o Comandante do Regimento, sr.
ten-cor. Montalvão e Silva, dirigiu uma alocução
aos componentes do Esquadrão, afirmando a sua
convicção de que "a cidade, arraigada aos
militares e amante da sua Unidade, confiava no
seu regresso cobertos de glória".
Após o sr. Presidente da Câmara ter feito a
entrega do Guião ao comandante do Esquadrão, sr.
cap. Marfins Rodrigues, este agradeceu a
homenagem, seguindo-se a distribuição de
medalhas e o desfile em continência ao Monumento
aos Mortos da Guerra.
[...]
Contudo há despedidas mais profundamente
sentidas. Tal é o caso de mãe para filho ou de
mulher para marido. E jamais existirão palavras
consoladoras que possam diminuir a dor de uma
próxima separação, não porque seja impossível
confortar moralmente uma mulher que chora, mas
sim porque essa mágoa é fruto da afeição leal e
carinhosa, dedicada infinita e
inconfundivelmente por uma mãe ou esposa a um
filho ou marido.
Queremos manifestar o nosso apreço e admiração a
todas as mulheres que nesta hora difícil se vêem
privadas do convívio fraternal e amoroso
daqueles que abalaram para longe, em cumprimento
do dever; dever pouco fácil de aceitar para
algumas porque a sua vigorosa paixão, o seu
acendrado amor maternal, não lhe permite
perceber claramente a razão da gravidade que
levou a deixar a convivência de alguém que lhe é
querido.
[...]
Dezassete meses mais tarde, embarquei para
Angola. Sem medos, ofereci-me voluntário. Em
terras de Angola pertenci à fornada dos
primeiros Comandos, na Quibala Norte, Centro de
Instrução 16.
Antes do embarque, a minha Mãe aguardava na
Damaia em casa do primo Carlos "Chinamaca" por
cirurgia para lhe retirarem um rim, nada bem.
[...]
Talvez por ser o músico mais novo do
agrupamento, no intervalo do programa, o
realizador abeirou-se de mim, falámos uns
minutos e tá claro, contei-lhe que trabalhava no
jornal da terra e que um dia queria vir para
Lisboa e trabalhar no mesmo ramo. Surpreendeu-me
a resposta: "Depois da tropa vem falar comigo."
[...]
Do
posfácio:
[...]
O facto de lhe chamarem Carlinhos, e ao mesmo
tempo ele possuir aquele peso todo, já era
hilariante.
Depois de anoitecer, rumávamos às festas, e o
Brinholeiro continuava a entreter, sempre bem
disposto e com uma energia inesgotável.
Os ciganos, faziam grandes rodas à volta das
fogueiras, dançavam e cantavam à desgarrada
entre irmãos, e o vinho fluía, aquecendo e
animando as almas daquela gente simples e pobre,
mas feliz por poderem festejar, até às primeiras
horas da madrugada.
Por vezes no regresso à quinta, parávamos o
carro e apanhávamos azeitona, naqueles olivais
transbordantes. Decorria o ano de 73, quando meu
pai decidiu abandonar a profissão de
cabeleireiro. Durante os finais da década de 50
e toda a década de 60, tinha sido um
cabeleireiro conceituado e disputado. A mulher e
filha do então presidente Américo Tomás, tinham
sido suas clientes, assim como algumas divas da
ópera, e também a notável Ana Zanatti, por quem
ele nutria bastante afeição e admiração.
[...]
Notícia publicada no dia 25 de Abril de 2019, no
quinzenário Brados do Alentejo:
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