RMA: Operação «NANDA» - Selva do Alto
Maiombe, norte do enclave de Cabinda - 22 de Outubro de 1965
Com o apoio de um colaborador do
portal UTW
«Os nossos
filhos nunca se hão-de envergonhar dos nomes que usam.»
(Mário José Pereira da Silva,
brigadeiro, ministro do Exército 13Abr1961-04Dez1962)

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«... Mas recordo que foram levar, voluntariamente,
mantimentos ao BCac554. Eles não queriam sair do quartel, morriam de
fome mas não de balas. O maluco do Alf. Alçada
(nota 1), que estava de castigo na CCav679,
ofereceu-se e pediu voluntários.
Estou a ver os caixões. Quando chegaram ao quartel,
chorei. Não! Chorámos, por perder os nossos camaradas,
pedindo ao Divino Espírito Santo que olhasse por eles na
eternidade.
Há coisas que não se esquecem!
Deste açoriano, que nunca se esquecerá daqueles que
lutaram e morreram pela nossa Pátria, pobre mas
honrada!»
Jofre Raposo,
1.º Cabo Escriturário, da CCS/BCav682
(nota 1):
O referido «maluco do Alf. Alçada» é
José Luís Oleiro Moraes Alçada (nascido em 19Jul1941 na
Covilhã), agraciado com uma Cruz de Guerra de 4ª classe,
por acções em combate. (info de um colaborador do
portal UTW)
Operação «NANDA»
Tombaram pela
Pátria!

Resumo da ocorrência:
- Em 08Mai1965 morrem dois militares em combate na zona de Batassano:
António Manuel Dias,
Soldado Atirador, n.º 708/63, natural da freguesia de
Reboredo, concelho de Vinhais, mobilizado pelo Regimento
de Infantaria 15 (RI15) para servir na Região Militar de
Angola integrado na Companhia de Caçadores 551 do
Batalhão de Caçadores 554. Tombou em combate no dia 8 de
Maio de 1965. Está sepultado na campa 34-3, do talhão
militar, do cemitério de Cabinda.
Manuel Lamelas,
Soldado Atirador, n.º 1122/63, natural de Seninha,
freguesia de Valdreu, concelho de Vila Verde, mobilizado
pelo Regimento de Infantaria 15 (RI15) para servir na
Região Militar de Angola integrado na Companhia de
Caçadores 551 do Batalhão de Caçadores 554. Tombou em
combate no dia 8 de Maio de 1965. Está sepultado na
campa 33-3, do talhão militar, do cemitério de Cabinda.
-
Em 20Jun1965 durante a Operação Cerr'os Dentes,
um pelotão da Companhia de Cavalaria 679 do Batalhão de
Cavalaria 682 é alvo de emboscada e sofre um
morto e quatro feridos graves.
Francisco
António Rosa Parrinha,
Soldado Apontador de Metralhadora, n.º 2150/63, natural
da freguesia de Nossa Senhora das Neves, concelho de
Beja, mobilizado pelo Regimento de Cavalaria 3 (RC3)
para servir na Região Militar de Angola integrado na
Companhia de Cavalaria 679 do Batalhão de Cavalaria 682.
Tombou em combate no dia 20 de Junho de 1965. Está
sepultado no cemitério de Cabinda.
O comandante do sector
avança com a Operação Nanda, prevista para lançar 150
grupos de combate em linha, entre o posto fronteiriço do
Miconge e o Caio-Guembo, no extremo norte de Cabinda.
O
grupo de combate do alferes miliciano de cavalaria
Moraes Alçada
[Cruz de Guerra, de 4.ª classe], desloca-se para o Luáli em reforço ao
Pelotão de Caçadores 964 adido ao Batalhão de Caçadores 554, estando este sediado a 12km.
Naquele destacamento ficam apenas alguns militares em
pior forma física e o restante efectivo segue para a
operação.
Em 19Out1965, após as primeiras baixas com minas
antipessoal e alguns tiros isolados, a confusão
instala-se entre as tropas de quadrícula. Soldados
isolados na mata regressam à picada principal Luáli-Dinge, onde a operação é reorientada, passando a
cumprir-se em marcha os dias previstos para a sua
conclusão.
Em 22Out1965, o tenente-coronel comandante do Batalhão
de Caçadores 554, em
vez de enviar reabastecimentos para o destacamento do
Pelotão de Caçadores 964 no Luáli, ordena aos que lá estão para os ir
buscar ao quartel-sede: mas o MPLA, sabendo onde se
encontram deslocados os efectivos daquele sector e
quantos ficaram no Luáli, monta uma emboscada.
O alferes miliciano de infantaria
António Leitão Malcatanho
[Cruz
de Guerra, de 3.ª classe], comandante daquele
destacamento, deixa o cabo Branco, o cozinheiro Crossas
e um soldado (com problemas de epilepsia), seguindo com
os restantes em dois jipes para a sede do batalhão.
Após
2km de marcha caem na emboscada e o jipe da frente é
atingido em cheio por uma granada de LGF inimiga,
causando a morte imediata de 3 primeiros-cabos do
Pelotão de Caçadores 964 e de 1 soldado da Companhia de
Cavalaria 679, ficando o
soldado-condutor José Fernandes atingido no rosto e na
cabeça por estilhaços do pára-brisas, que lhe provocam
cegueira parcial; sob intenso tiroteio inimigo, o
condutor salta da sua viatura, recolhe as armas dos
camaradas mortos e dispara sobre os atacantes enquanto
se abriga junto do segundo jipe, onde foram mortalmente
atingidos outros dois soldados da CCav679, o alferes Malcatanho está ferido pela primeira rajada em ambas as
mãos, o
1º Cabo Ângelo dos Santos Rodrigues
[promovido
por distinção a Furriel e agraciado com o grau de Cavaleiro, com palma,
da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito]
está
totalmente cego de um dos olhos, o
soldado-maqueiro Manuel Marques Sardão
[a
título póstumo, promovido por distinção a Furriel e agraciado com o grau
de Cavaleiro, com palma, da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade
e Mérito] está
gravemente ferido e apenas resta ileso o
soldado Orlando de Jesus Costa
[Cruz
de Guerra, de 4.ª classe],
que
utiliza eficazmente a sua arma e impede o inimigo de
avançar para a picada.
António Gomes Guerra, 1.º Cabo Atirador, n.º 141/64,
natural da freguesia e concelho de Figueira Castelo
Rodrigo, mobilizado pelo Regimento de Infantaria 2, para
servir na Região Militar de Angola, integrado no Pelotão
de Caçadores 964, adstrito ao Batalhão de Caçadores 554.
Tombou em combate no dia 22 de Outubro de 1965.
Está sepultado no cemitério da freguesia de
naturalidade.
António José Ferreira Marques, 1.º Cabo Atirador, n.º
1/64, natural de Celeirô, da freguesia de São Nicolau,
concelho de Cabeceiras de Basto, mobilizado pelo
Regimento de Infantaria 2, para servir na Região Militar
de Angola, integrado no Pelotão de Caçadores 964,
adstrito ao Batalhão de Caçadores 554. Tombou em combate
no dia 22 de Outubro de 1965. Está sepultado no
cemitério de Cabinda, em Angola, no talhão militar,
campa 6-1-B [campa
do malogrado militar].
Óscar Gomes Pires, 1.º Cabo Atirador, n.º 320/64,
natural de tremoceira, da freguesia de Pedreiras,
concelho de Porto Mós,
mobilizado pelo
Regimento de Infantaria 2, para servir na Região Militar
de Angola, integrado no Pelotão de Caçadores 964,
adstrito ao Batalhão de Caçadores 554. Tombou em combate
no dia 22 de Outubro de 1965. Está sepultado no
cemitério de Cabinda, em Angola, no talhão militar,
campa 8-1-B
António Alcobia, Soldado Atirador, n.º 1767/63, natural
da freguesia de Pias, concelho de Ferreira do Zêzere,
mobilizado pelo Regimento de Cavalaria 3, para servir na
Região Militar de Angola, integrado na Companhia de
Cavalaria 679 do Batalhão de Caçadores 682. Tombou em
combate no dia 22 de Outubro de 1965. Está
sepultado no cemitério de Cabinda, em Angola, no talhão
militar, campa 11-1-B
Fernando Lourenço Mota, Soldado Atirador, n.º 1602/63,
natural da freguesia da Barroca, concelho do Fundão,
mobilizado pelo Regimento de Cavalaria 3, para servir na
Região Militar de Angola, integrado na Companhia de
Cavalaria 679 do Batalhão de Caçadores 682. Tombou em
combate no dia 22 de Outubro de 1965. Está
sepultado no cemitério de Cabinda, em Angola, no talhão
militar, campa 9-1-B
Francisco de Jesus Esteves Lucas, Soldado Atirador, n.º
1765/63, natural de Rochas de Baixo, da freguesia de
Almaceda, concelho de Castelo Branco, mobilizado pelo
Regimento de Cavalaria 3, para servir na Região Militar
de Angola, integrado na Companhia de Cavalaria 679 do
Batalhão de Caçadores 682. Tombou em combate no dia 22
de Outubro de 1965. Está sepultado no cemitério
de Cabinda, em Angola, no talhão militar, campa 10-1-B.
Os 5
sobreviventes continuam a disparar seguindo as
instruções do oficial [Alferes Malcatanho]
e o tiroteio é ouvido no destacamento do Luáli, de onde
arrancam no único jipe o cabo e o cozinheiro, que
durante o trajecto vão disparando curtas rajadas. No
local da emboscada, o inimigo interrompe o ataque e o
soldado-condutor Fernandes
[Cruz
de Guerra, de 1.ª classe]
aproveita a pausa para pôr o segundo jipe em andamento
em direcção ao destacamento em busca de socorros,
ignorando que os seus camaradas vêm a caminho; os
atacantes, permanecendo emboscados e preparados para
descer à picada, liquidar os feridos, esfacelar os
mortos e capturar o armamento, ao ouvir o tiroteio
aproximar-se pensam tratar-se de fortes reforços e
retiram apressadamente, deixando no terreno uma bazooka
e outro material-de-guerra; logo de seguida o
soldado-maqueiro [Manuel Marques Sardão], apesar de gravemente ferido, procura
socorrer os camaradas feridos e morre no local do
combate, no exercício da função da sua especialidade.
Manuel Marques Sardão,
Soldado Maqueiro, n.º 1898/63, natural de Santo Amaro da Boiça, da
freguesia de Maiorca, concelho da Figueira da Foz, mobilizado pelo
Regimento de Infantaria 15, para servir na Região Militar de Angola,
integrado na Companhia de Comando e Serviços (CCS) do Batalhão de
Caçadores 554. Tombou em combate no dia 22 de Outubro de 1965. Está
sepultado na localidade de nascimento.
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