Região Militar de Moçambique - 13 de Junho de 1968 (Rio
Muatide)
13Jun1968:
Aos veteranos Pára-Quedistas do
Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 31
Tadeu Mariano esteve presente, no dia 23 de Maio de
2012, na Escola de Tropas Pára-Quedistas, em Tancos, na
companhia do veterano Pára-Quedista Manuel Gonçalves
O
Tadeu gostava de abraçar o Pára-Quedista que o capturou
e à sua avó. Foi o 1.º homem de raça branca que ele viu
1963 > 2012
49 anos
depois
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Procuram-se ex- Pára-Quedistas do
Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 31
que em 13Jun68 participaram no vale do rio Muatide, numa
operação militar
Após a leitura dos 3 itens infra por
parte dos visitantes desta sub-página, o apelo de Tadeu
Mariano Víntani Mandumbwe:
«O Tadeu procura o pára-quedista que em
13 de Junho de 1968 o capturou nas margens do rio
Muatide, Mueda - Moçambique. Simplesmente gostava de o
conhecer e abraçar. Saudações fraternas»
Quero, com
a devida vénia de respeito e consideração endereçar a
todos vós e especialmente a si, Manuel Gonçalves, os
meus cumprimentos e votos de muita saúde, progresso e
amor.
Sei
perfeitamente que me dirijo não somente a si, mas a
homens que durante anos, palmilharam terras e ares deste
meu país, cumprindo missões que, para os seus, eram de
sublime honra e dever. Mas também sei que me dirijo às
mulheres, pais e filhos, que durante esses anos choraram
de angústia e muita dor vendo-vos partir para um destino
desconhecido.
Eu, pouco
tempo depois dos soldados pára-quedistas me terem
deixado em Nangololo
Porém,
regressastes aos vossos lares com a sensação de missão
cumprida. Os que aqui tombaram são hoje e serão para
sempre lembrados por vós, aí reunidos.
Pode ser
que um deles ou um de vós, tenha seu nome ligado a minha
história. Refiro-me àqueles soldados pára-quedistas que
no dia 13 de
Junho de 1968, nas margens do rio Muatide, em Mueda,
raptaram uma senhora idosa e um menino, que uma semana
antes completara 6 anos de idade; os dois estavam na
companhia de outra senhora, mais jovem que, dada a sua
experiência e idade, logrou escapar, fugindo para o mato
(*).
Essa senhora que ainda vive, é a mãe do menino, hoje
homem e que vos escreve estas breves frases.
Quando
decidi enviar-vos esta carta, meu intento era o de
reencontrar os membros daquela companhia de soldados, um
dos quais foi o primeiro homem branco que vi e me tocou,
e poder dizer de coração aberto que nem eu, nem meus
pais e irmãos guardamos qualquer ressentimento por
aquele evento da história. Assim tinha de acontecer, e
assim aconteceu! Não que eu seja fatalista mas, porque a
vida me tem ensinado a valorizar o bem que tenho hoje,
reconhecendo o mal que não sobreveio ontem.
Queria,
antes pelo contrário, reconhecer a humanidade desses
homens, que perante os factos da guerra, não fizeram o
que a muitos como nós foi feito, num simples premir do
gatilho de uma G3.
Fomos tratados
com complacência: fomos alimentados mesmo na mata onde
passámos a noite. Minha avó foi levada para Mueda e eu
deixado na Missão de Nangololo, transformada em quartel.
A companhia de caçadores que me acolheu tratou-me ainda
melhor, tanto que sinto desmesurada saudade (*).
Ainda em
Nangololo com o soldado Alberto Santos da Companhia de
Caçadores, 1 dos meus 150 protectores
Por esta
ocasião, quero solenemente agradecer ao facto de me
terdes convidado para desta forma me dirigir a todos.
Acima de tudo, agradecer ao amigo Manuel Gonçalves pela
graça do seu artigo na internet, com o título "Natal de
1968 em zona subversiva". Acredito que poucos podem
imaginar a sua importância, achando-o como mais um dos
milhares de eventos fortuitos de uma guerra comum.
Porém, para mim, foi a chave que abriu a porta para o
reencontro de uma família que muito contribuiu para a
minha personalidade; aquela família que me ensinou a dar
os primeiros passos de uma vida diferente.
Bem hajam
todos, e que esta data se repita por muitos e muitos
anos!
(*)
- o realce (informação cedida por um veterano):
Em 1968
decorreram no planalto maconde do nordeste moçambicano -
concretamente no subsector BNG com sede em Nangololo -
diversas operações militares, entre as quais duas
lançadas na região de Muatide, coordenadas pelo
BCac1937/RI2 comandado pelo TCor Inf Francisco José
Vilela Forte Faria, sendo segundo-comandante e OfInfOp o
Maj Inf Horácio Vilhena de Andrade:
- a op. "Labirinto" foi executada no vale do rio Muatide,
entre outras forças, pelas subunidades orgânicas daquele
batalhão: CCac1803 sediada em Miteda, sob comando do cap
inf António Leopoldo Junqueira Coelho; CCac1804 sediada
em Muidumbe, sob comando do cap inf José Domingos Ferro
de Azevedo; CCac1805 sediada em Nancatári, sob comando
do cap milº Antero José Lopes.
- a op. "Alicate" foi executada na região do Loko Branch
("regedoria IN") de Muatide, entre outras forças, pelas
CCac1803 e CCac1804.
Considerando o descrito por Tadeu Mariano Víntani
Mandumbwe -
designadamente na parte em realce -, quem acolheu
em Nangololo a criança maconde, foram os militares da
CCS/BCac1937, comandada pelo Cap SGE José Cardoso Vidas.
De: UTW
Para: tadeumlm@yahoo.com.br Enviadas: Sexta-feira, 5 de Agosto de 2011 15:43 Assunto: Identificação da Companhia de Caçadores
- Nangololo Junho1968
Boa tarde, Caro Sr. Tadeu Mariano
Víntani Mandumbwe,
Antes de entrarmos propriamente no
assunto que nos levou a escrever esta
mensagem, informamos que somos um grupo
de antigos combatentes das forças
armadas portuguesas, os quais estiveram
na frente dos 3 teatros de guerra
(Angola, Guiné e Moçambique) e pusemos
online o portal UTW - http://ultramar.terraweb.biz,
com a intenção de ajudar, dentro das
nossas possibilidades, todos aqueles que
estiveram de um lado e de outro do
conflito. Não temos qualquer ligação a
entidades oficiais ou a qualquer
associação representativa de antigos
combatentes. Somos independentes do que
quer que seja, move-nos o sentido de
solidariedade com todos os que estiveram
directa ou indirectamente envolvidos
naquele conflito.
Vamos ao assunto:
Na sequência do seu escrito no ‘pdf’ (em
anexo) que nos chegou à nossa caixa
de correio através de alguns veteranos
da guerra do ultramar, nomeadamente,
daqueles que estiveram em Moçambique, no
período daquele conflito, informamos que
estamos a efectuar uma pesquisa para
identificação da unidade militar que
esteve aquartelada em Nangololo, no
período que identifica no seu escrito, e
também da identificação do ex- militar
Alberto Santos, visível naquele seu
escrito.
Após a referida identificação,
colocaremos online no portal http://ultramar.terraweb.biz,
no Facebook - http://www.facebook.com/utw.ultramarterraweb
e no Twitter - http://twitter.com/#!/UTW_Ultramar
na intenção de encontrar os ex-
militares que pertenceram àquela
Companhia de Caçadores.
No entanto se tiver em seu poder outros
elementos que nos possa auxiliar na
nossa pesquisa (escritos ou imagens),
teremos muito gosto em publicar no
portal UTW.
Logo que tenhamos a identificação dos
elementos que procuramos, lhe
comunicaremos.
Aproveitamos para agradecer as suas
palavras constantes no seu escrito, que
indirectamente nos toca no nosso íntimo.
Apresentamos os nossos respeitosos
cumprimentos e um bem haja caro Sr.
Tadeu Mariano Víntani Mandumbwe.
Subject:
Re: Identificação da Companhia de
Caçadores - Nangololo Junho1968
Caros amigos do UTW,
Muito
vos agradeço pela mensagem que me enviaram.
Olhem,
agora a minha preocupação não é mais a identificação
da companhia de caçadores com quem estive em
Nangololo. Não, essa companhia já está identificada
e os seus membros estão em contacto comigo desde
Janeiro ou Fevereiro. Aliás, em 15 de Maio deste ano
houve mais um encontro da companhia e eu não pude lá
estar devido a certas circunstâncias
técnico-administrativas do lado de cá. Mas, a festa
ocorreu e, tudo indica que foi boa: estava lá a
minha foto e foi lida uma carta que lhes enviei por
ocasião da efeméride.
Então,
qual é a minha preocupação?
Estou
preocupado com a identificação da companhia de
páraquedistas que actuou naquela região e que me
raptou. Está visto que não foi a companhia do
meu amigo Manuel Gonçalves, que divulgou na net a
minha carta á eles dirigida.
Uma outra
companhia esteve naquele cenário e é essa que
procuro.