[...] «Luís Fernandes afirma ter sido
conduzido para o quartel-general
onde era esperado “por um
representante da Frelimo,
recém-instalada em Lourenço Marques,
que era nada menos do que um
desertor da FAP – concretamente
Jacinto Veloso ex-tenente da FAP que
[11] anos antes se tinha passado
para Dar-es-Salaam a bordo de um
avião T-6 [do AM51-Mueda], que [em
12Mar1963] entregou ao inimigo –,
estando assim dentro do estabelecido
pelo Código de Justiça Militar para
os casos de pena de morte”. Claro
que Luís Fernandes não teve direito
a advogado e chegaram a permitir que
o desertor, em nome da FRELIMO
tivesse a veleidade de o interrogar.
Recusou. Em território português,
dentro de um estabelecimento militar
do nosso Exército, Luís Fernandes
ficou guardado por dois
guerrilheiros da Frelimo que
empunhavam as suas “kalashs”. [...]
Considerado na época “homem de
confiança” do MFA em Moçambique, o
capitão Camilo interrogou longamente
Luís Fernandes: “Ele não me ameaçou
propriamente com maus tratos físicos
mas deixou entender, para quem não
fosse desprovido de imaginação, que
o tratamento dado pela Frelimo não
seria o previsto na Declaração
Universal dos Direitos do Homem”.»5
[...]