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Falecimento

Álvaro Henrique Fernandes, Tenente-Coronel de Infantaria

 

Elementos cedidos por um colaborador do portal UTW

Informação do óbito in semanário «Expresso»

Nota de óbito:

 

Faleceu, na madrugada do dia 6 de Maio de 2018, o veterano

 

Kianda autor

Álvaro Henrique Fernandes

Tenente-Coronel de Infantaria

(na situação de reforma)

28Jan1943 > 06Mai2018

 

Álvaro Henrique Fernandes, nasceu a 28 de Janeiro de 1943 em Luanda.


Em Coimbra frequentou por breve tempo a Faculdade de Ciências, e depois em Lisboa o Instituto Superior Técnico.


No Verão de 1962 participou no movimento de agitação estudantil.


Em Jan64 foi incorporado na Escola Prática de Infantaria (EPI-Mafra), como soldado-catete nº1247/64.


Em 14 de Setembro de 1964, aspirante-a-oficial miliciano colocado no Batalhão Independente de Infantaria 19 (BII19-Funchal).


Em 19 de Maio de 1965, alferes miliciano de transmissões de infantaria, nomeado para prestar comissão militar ultramarina em Moçambique.


Em 01 de Dezembro de 1967 promovido a tenente miliciano.


No início de 1968 regressou ao Funchal.


Em 1969/70, fez na Escola Prática de Infantaria (EPI-Mafra) o estágio do Quadro Especial de Oficiais (QEO) de Infantaria.


Em 01 de Dezembro de 1970 promovido a capitão de Quadro Especial de Oficiais (QEO), seguiu para o noroeste de Angola onde foi colocado no Batalhão de Caçadores 2910 (BCac2910), substituindo o capitão de infantaria Carlos Manuel Costa Lopes Camilo, no comando da Companhia de Comando e Serviços instalada no Toto, até ser recuada em 28 de Outubro de 1971 para a Fazenda Tentativa (Caxito).


Em 14 de Julho de 1972 regressou ao Funchal.


Em 03 de Abril de 1973 nomeado director da carreira-de-tiro da guarnição do Funchal.


Em 21 de Maio a 3 de Junho de 1973, fez no Instituto de Altos Estudos Militares (IAEM-Pedrouços) um estágio para oficiais de segurança.


Seguidamente ficou colocado no Depósito Geral de Adidos (DGA-Ajuda), onde meses depois viria a integrar uma célula clandestina do proto-MFA.


Na noite de 24/25 de Abril, foi um dos oficiais que usurpou o comando do Depósito Geral de Adidos (DGA-Ajuda), prestando seguidamente diversos serviços no Comando de Coordenação e Controle Operacional (CCCO-JSN) chefiado pelo major Otelo, organismo que viria a desaparecer com a criação do COpCon: durante a estruturação deste, o epigrafado ficou pós-16 de Maio de 1974 responsável pelo expediente, arquivo e administração interna.


A partir de 30 de Junho de 1974, desempenhou diversas funções na Repartição de Informações do COpCon, a última das quais como oficial de segurança.


Teve papel activo no apoio ao "movimento popular" que alastrou pelo País.


Em 12 de Agosto de 1975 foi co-autor do "Documento do COPCON" e em 25 de Agosto de 1975 presidiu à assinatura do protocolo de criação da FUR (Frente de Unidade Revolucionária), no Centro de Sociologia Militar.


Em 10 de Setembro de 1975 recebeu do brigadeiro graduado Otelo a incumbência de distribuir, por diversas unidades de Lisboa, parte do armamento recém-vindo do Ultramar e então armazenado no Depósito de Material de Guerra (DMG-Beirolas): durante aquela acção, o epigrafado "desviou" para «as mãos de operários e camponeses» – segundo reivindicou –, cerca de 1500 armas G3. E logo a seguir "passou à clandestinidade".


Em 18 de Setembro de 1975 constituiu-se na situação de desertor do Exército Português, vindo a refugiar-se em Paris e ali obteve da delegação da ONU o estatuto de "refugiado político".


Em Setembro de 1978 regressou a Portugal, foi detido e ficou preso durante seis meses nos fortes da Trafaria e de Caxias, após o que foi expulso do Exército; mas interpôs recurso para o Supremo Tribunal Militar.


Em 1983 foi reintegrado no Exército.


Em 2001 tenente-coronel, colaborador na "Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974)", editada pelo Estado-Maior do Exército.


Em 04 de Novembro de 2010, assumiu-se apoiante de "Manuel Alegre à Presidência da República".

 

Que a sua Alma descanse em Paz

 

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O livro:

 

"Kianda, o rio da sede"

 

Kianda capa
título: "Kianda, o rio da sede"

autor: Álvaro Fernandes

editor: Dinossauro
1ªed. Lisboa, 1996
152 págs

 

- Excertos do prefácio:


«Não é outra, mais outra novela de guerra. É uma novela de guerra, que conversa connosco sobre a guerra particular dos sentimentos (das emoções, da ternura), das relações entre as pessoas, dos medos e das perplexidades. Claro que a guerra, para além de essas todas, é uma presença constante, quase obsidiante.


[...] A guerra como fatalidade histórica? Nada disso. A guerra, a explosão da morte na condição humana como um dos ângulos (nem negativo, nem positivo), apenas um dos ângulos.»
(Baptista Bastos)

- Excerto do livro:


«Quando a cadência de tiro inimigo começou a diminuir, o capitão mandou suspender o fogo de armas pesadas e ordenou o assalto, correndo para os destroços do abrigo à sua frente. Mas não chegou lá.


Nessa altura já Temudo tinha ordenado a retirada, encarregando Chifuta da protecção à retaguarda, como garantia que os oito guerrilheiros e a mulher que tinham sobrevivido ilesos ao ataque conseguiriam fugir da base.


Com o dorso crivado de estilhaços, Chifuta introduziu o carregador que lhe restava e mudou a patilha da kalashe para a posição de rajada. Apontou ao primeiro vulto que lhe surgiu e só largou o gatilho quando as munições se esgotaram.


Atingido num ombro e numa perna, André arrastou-se para trás dum montículo de terra entregando o comando ao alferes Dinis.


Recuperou a consciência a bordo de um helicóptero e, quando olhou para baixo, viu um rio que não conhecia. Negro como chumbo, o Kianda rugia em ondas colossais, numa fúria telúrica, qual animal ferido que se agarra à vida e ameaça a própria morte.


Seria delírio, ou o mar?»
 

 

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