

António Brito
António
Manuel Brito Dias:
- nasceu a 21Nov1949 no concelho de Tábua;
- completados os 18 anos de idade,
alistou-se voluntariamente na Força Aérea e
ingressou nas tropas pára-quedistas;
- concluído com aproveitamento o 47º curso
de pára-quedismo e obtido brevet nº 6371,
veio a ser mobilizado para servir em
Moçambique;
- em 28Fev1969 seguiu aerotransportado até
Nampula e dali por ferrovia até Nacala,
ficando colocado no BCP32;
- ao longo dos dois anos seguintes, combateu
lado-a-lado com veteranos pára-quedistas, na
serra do Mapé, no vale do rio Messalo e no
planalto dos macondes, e participou em
algumas importantes operações militares,
entre as quais a Op Zeta e a Op No Górdio.
"O
céu não pode esperar"

título: "O céu não pode esperar"
autor: António Brito
editor: Sextante
1ªed. Lisboa, 2009
298 págs
22,5x15,5 cm
pvp: 17 €
Sinopse:
– «"O céu não pode esperar", conta-nos a
história do tenente Romão, o aviador que enfrenta a
morte nos céus de Moçambique durante a guerra, quando o
seu avião é atingido por um míssil terra-ar. Na costa
oriental de África vem a tropeçar no rasto de outro
português, agente do rei de Portugal, que por ali passou
séculos atrás. A descoberta arrasta-o do passado para o
futuro seguindo uma enigmática pista, anteriormente
perseguida pela Inquisição. Envolve-se numa perigosa
cruzada onde se entrelaçam o insólito e o inexplicável,
a política de Estado e as intrigas das organizações
clandestinas, a procura do sagrado e o conhecimento
profano. Descobre que o mesmo céu que percorreu de
avião, foi durante séculos alvo do interesse de outros
homens com outros propósitos. Movidos pela força da fé e
a curiosidade da razão, afrontaram os fanáticos dos
dogmas e da ordem estabelecida. Em O céu não pode
esperar, cruzam-se a ciência divina do Novo Mundo e o
obscurantismo religioso, a Restauração da Independência
de Portugal e a herança judaica, os inimigos da
Revolução de Abril e a política da Santa Sé. Quando a
admirável verdade irrompe, tudo faz sentido, tudo se
harmoniza, até o censurável amor, coisa admirável de
acontecer.»
Excertos:
–
«No princípio era o voo. E o céu um lugar ameaçador.
Faltava pouco mais de hora e meia para o tenente Romão
encarar a morte de frente, ver o corpo envolvido pelas
chamas do jacto despenhando-se em direcção ao solo, em
direcção à morte. Só que ele ainda não sabia. Dormia.
Dormia tranquilamente, envolvido pelos lençóis brancos
da cama, sonhando com a mulher que despira na noite
anterior e com o uísque que emborcara até esvaziar a
garrafa.
Pela última vez, dormia naquela cama.
[...]
Há semanas que Fagundes Dias errava pelo Sinai, terra de
profetas e sinais bíblicos, fugindo aos perseguidores de
Castela que o seguiam desde Jerusalém. Caminhava sobre
um chão de calhaus e escorpiões, envolvido por silêncios
e solidão. Uma terra desolada. Aqui nasceram religiões e
Deus gravou mandamentos na pedra. Por aqui passou a
cavalaria de Alexandre e as legiões de Roma, os soldados
do faraó e os exércitos da Babilónia, os cruzados
europeus e Moisés em busca da terra prometida.
Enquanto via os barcos partirem para África ao som de
"Angola é Nossa", Simão, cansado da improvisação e falta
de meios do Exército, alistou-se no Regimento de
Pára-quedistas da Força Aérea. Como descobriu mais tarde
ao chegar a Tancos, ali aprendia-se a combater e a dar
cabo do inimigo de um modo bem mais expedito e
profissional.
O início de 1963 foi encontrá-lo na floresta dos Dembos,
combatendo as hordas meio selvagens dos guerrilheiros da
FNLA, sucessora da UPA de triste memória, que cometeu os
grandes massacres sobre a população branca dois anos
antes. Perseguiu e matou turras de Zala a Quipedro, das
Lundas até ao Leste de Angola, até às terras do fim do
mundo na fronteira com a Zâmbia.
[...]
Sentaram-se na esplanada de um restaurante próximo da
água. Onde no passado terão andado Jesus Cristo e os
apóstolos lançando as redes, corriam agora pranchas de
windsurf e barcos desportivos rebocando praticantes de
ski aquático. Turistas nórdicos espalhavam creme
protector sobre o nariz e partiam para o lago a bordo de
pequenas embarcações:
- "Vão até ao kibbutz Guinossar na margem ocidental" –
esclareceu. Dali prosseguem até Tabga, local do milagre
dos pães, e Cafarnaum, a aldeia onde vivia o apóstolo
Pedro. É um belo passeio, devia experimentar.»