Trabalhos, textos sobre a Guerra do
Ultramar ou livros
Elementos cedidos por um colaborador
do portal UTW
Horácio Carvalho de Oliveira Caio
nasceu em Angola, em 1928. De Moçâmedes, sua cidade
natal, veio ainda criança para a Metrópole. Cursou o
liceu em Castelo Branco. Cursou a faculdade de Ciências
na Universidade de Lisboa.
O seu pendor para o jornalismo cedo se
revelou. Colaboração dispersa, e as mais das vezes
anónima, em seminários da Província e nalguns jornais
diários. Na Primavera de 1958 ingressou na Televisão:
redactor do Telejornal. Pronta afirmação de qualidades:
rápida apreensão do acontecimento, facilidade no
tratamento de qualquer tema, forma literária elegante,
muito pessoal. Por si próprio, começou a fazer carreira.
E depressa se viu chamado a outras responsabilidades -
distinção que o afastava, no entanto, da informação, em
que se revelava excelente profissional. Na chefia do
Departamento de Adaptação Cinematográfica, confirmou
possibilidades: mas não fez esquecer que mais que um
burocrata - a sua pele cobria um verdadeiro repórter.
O acaso redescobriu-o. Nos primeiro dias
de Janeiro de 1961, integrado numa equipa de cinema
encarregada da produção de documentários - partiu para
Angola. Um mês volvido, os acontecimentos impuseram-se.
Horácio Caio - com António Silva e José
Elyseu - tinha agora o encargo de fixar a notícia, e de
a fazer transmitir com rapidez. Nove milhões de
portugueses, na Metrópole: as chancelarias e a opinião
pública mundial - eram atraídos pelo inesperado. Os
primeiros, na angústia dolorosa de saberem o que havia,
e como acontecera: membros de uma mesma família, atentos
à intangibilidade de um mesmo património. Os segundos -
por isto ou por aquilo - interessados... para o bem e
para o mal.
Improviso. Hesitações. Gesta.
Humaníssimas coisas que por vezes se não enquadram no
humano entendimento do quotidiano.
O repórter que existia em Horácio Caio
foi redescoberto. Disseram-no logo as reportagens
filmadas em que colaborou, e os relatos e impressões que
dia a dia começou a enviar para a redacção do Telejornal
... Muito do seu trabalho chegou ao público
metropolitano;
algum, apenas no estrangeiro pôde ser observado; páginas
e páginas - o mais objectivo relatório dos dias de
desespero e das semanas de esperança que se lhes
seguiram -, enchem-me as gavetas e permitiram a
avaliação mais segura do significado e extensão da
intentona terrorista que avassalou a terra portuguesa de
Angola.
São muitas dessas páginas (a reportagem
vivida do acontecimento e as impressões marginais por
ele suscitadas) que se arquivam neste livro - «Angola,
os dias do desespero» -. Impressões e relatos que
poderão servir como espontâneo e útil testemunho a
considerar pelo historiador de amanhã. Cinco meses de
jornalismo. Cinco meses da vida do repórter que, rendido
depois (que a tarefa foi extenuante!), teve de voltar ao
rotineirísmo de uma função que, infelizmente, o afasta
da informação - que é a sua segunda natureza...
in: livro «Angola, os dias do desespero»
«O jornalista e primeiro repórter de
guerra da televisão em Portugal, Horácio Caio, faleceu
na passada quinta-feira [27Mar2008] aos 80 anos, na sequência de
complicações provocadas por um insuficiência
respiratória.»
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