J.
Eduardo Tendeiro
José Eduardo Tendeiro, nasceu em
Elvas, no dia 21 de Maio de 1938, e
teve os primeiros prémios literários
com trabalhos para a Semana das
Colónias e para a celebração escolar
do dia 10 de Junho. Posteriormente
foi distinguido em Jogos Florais dos
quais destaca os "Jogos Florais
Luso-brasileiros".
Exerceu funções de inspecção
integrado na Inspecção-Geral de
Educação até à sua aposentação,
tendo anteriormente leccionado nos
primeiro e segundo ciclos do ensino
oficial e participado em
experiências de ensino programado.
Cooperou em actividades da Telescola
como Assistente das classes que
tinham proliferado pelo País.

Chamado de novo às fileiras em 1961,
frequentou o estágio de Caçadores
Especiais no Centro de Instrução de
Operações Especiais (CIOE) em Lamego
e integrou a Companhia de
Caçadores Especiais n° 306
(nota)
[do Batalhão de Caçadores
Especiais 357 «SÓBRIOS E EFICIENTES»]
com destino a Angola, onde chegou a
12 de Maio de 1962 seguindo para o
norte da "província." Aí, durante
cerca de um ano,
enquanto
sargento de transmissões, foi
anotando vivências suas e relatos
dos companheiros de armas que mais
tarde lhe serviram de base para a
compilação destes episódios com a
tónica posta no stress dos
combatentes que se prolongou muito
para além do fim da guerra.
Colabora pontualmente nas revistas
"Combatente", "Combatente da
Estrela", edição do Núcleo da
Covilhã; teve participação na
coletânea "A Mulher Portuguesa na
Guerra e nas Forças Armadas" Edição
da Liga dos Combatentes — 2008 e na
edição da Quidnovi "Guerra Colonial
— A História na Primeira Pessoa"
(2011).
Escreve na Revista da Academia
Sénior da Covilhã da qual é Sócio
Fundador, agraciado com Diploma de
Sócio de Mérito.
(nota) -
Serviu Portugal na Província
Ultramarina de Angola, em Pangala,
Cabo Ledo, com pelotões em Muxima e
Barraca, no período de Maio de 1962
a
Junho de 1964
O livro:
«Danos
Colaterais»

título: «Danos Colaterais»
autor: José Eduardo Tendeiro
edição: Núcleo da Covilhã da Liga
dos Combatentes - 2017
impressão e execução gráfica: Mil
Impressões - Estrela Abstrata Unip.,
Lda. - Julho de 2017
n.º de páginas: 182 (com doze
ilustrações a preto e branco e uma
página a cores com indicação dos
patrocinadores
medidas: 24 x 16 cm
tiragem: 60 exemplares
depósito legal: 422910/17
preço: 15,00 € (incluindo portes de
correio)
aquisição: e-mail do autor:
jotasantos21@gmail.com
Preâmbulo:
Conheci o Prof. José Eduardo
Tendeiro nas atividades da Academia
Sénior da Covilhã. Conversámos,
debatemos temas, ora do tempo da
tropa, ora de religião ou de
filosofia. E ficaram os "efeitos
colaterais". Criou-se uma estima
mútua que tem perdurado.
Nestas andanças de diálogo empático,
aconselhou-me a "dar uma vista de
olhos" ao seu blogue "Pangalacity.blogs.sapo.pt".
A capacidade de observação e
descrição dos pormenores das
situações encantou-me. O modo como
tecia as palavras e as ordenava,
mostravam que aqueles "tecidos de
palavras" no seu enquadramento
literário mereciam uma divulgação
mais vasta. Divulgar a pintura
destes azulejos era fundamental
para o intercâmbio das situações.
Incentivei-o a publicar e
compartilhar estes textos sobre as
situações de guerra e "danos
colaterais."
Demorou a convencer o autor a
partilhar com o público as suas
impressões de um tempo que muitos
consideraram uma cruz. Infelizmente
alguns não conseguiram descer da
cruz, de um tempo de juventude, como
diz A. Lobo Antunes. Mas a maioria
desceu da cruz e tem feito algumas
ressurreições.
São estas pequenos relatos por vezes
ficcionados que nos envolvem na
leitura que o Prof. Eduardo Tendeiro
nos apresenta. Cartas de amores e
desamores, notas de saudades, dos
perigos, de encontros surpresa,
então vivenciados, foram agora
recontadas, para que a psicanálise
coletiva ou individual possa
sublimar e fazer uma "catarsis" dos
danos diretos e colaterais. É uma
escrita que dá gosto ler. São
palavras entrelaçadas, qual painel
de tapeçaria ilustrado, contando os
acontecimentos de uma época e um
lugar. A sensibilidade, o
envolvimento, a perspicácia
transportam o leitor para paradigmas
de vida da sua juventude que, à
distância, reconhecemos a identidade
do que fomos. Ao recordar estas
passagens, o leitor ultrapassa os
recalcamentos, os fantasmas ainda
existentes, do que foi uma época da
sua juventude, que não pediu para
viver.
O tempo que todo o ex-militar passou
numa das diversas guerras, foi uma
cruz, na qual ficou parte da nossa
vida. O tempo perdido da nossa
juventude, as angústias e situações
por que passámos, nada mais foram
que uma morte para uma parte do
nosso ser, na construção da sua
completude. Não somos o que podíamos
ter sido. Foi uma forma de ser,
sendo, num caminhar com as suas
circunstâncias. O Prof. Eduardo
Tendeiro faz-nos reviver estas
fragilidades e virtudes da nossa
juventude.
A guerra é sempre uma utopia humana.
Contudo, viver em sociedade é viver
num mundo de interesses, sujeito a
diversos conflitos. Ao longo dos
séculos, foram diversas as situações
de guerra. A guerra e a paz são
situações sociais comuns, quando a
vontade de domínio se estabelece
entre os homens.
[...]
Como diz Eça de Queiroz, in Notas
Contemporâneas: ..."traças
nos teus Azulejos breves
esboços da Vida interior e affetiva...
e todos esses quadros são
azulejos, verdadeiramente tratados à
maneira de azulejos de louça n'um
corredor de mosteiro: não há n'elles
nada de duro, de opaco, de
empastado: são fáceis e límpidos:
têm a precisão fina e graciosa d'um
contorno azul sobre fundo branco.
E o que me agrada no teu livro é
esta maneira fugitiva, alada,
acariciadora, de pintar as cousas em
azul e branco" (prefácio dos
Azulejos do Conde de Arnoso).
O mesmo digo das histórias, pequenos
azulejos, que o Prof. Eduardo
Tendeiro nos deixa aqui, através dos
"Danos Colaterais".
Os meus parabéns por compartilhar as
suas vivências e momentos de
escrita.
Covilhã, 25 de Abril de 2017
Manuel J. Bento Fernandes
Introdução
Com este título, num cenário de
guerra se acobertam os danos que, em
determinada missão não estavam
previstos ou, se admitidos, são
considerados irrelevantes.
Mas os danos colaterais de uma
guerra ultrapassam o imprevisto e a
irrelevância. Num cenário de guerra,
são danos colaterais, para além das
perdas humanas e dos danos
materiais, os traumas que atingem os
combatentes e respectivas famílias
que os carregam pelo resto dos seus
dias amargurados.
Nestes escritos relatam-se "Danos
Colaterais" durante e depois da
guerra.
Alguns foram ficcionados
salvaguardando a identidade dos
intervenientes.
Mark Twain considerava que a grande
diferença entre a ficção e a
realidade era o facto de a realidade
poder ser implausível, mas a ficção
requerer credibilidade. Competirá
aos leitores, particularmente aos
que vivenciaram experiências
idênticas, conferir-lhes aquela
credibilidade.
J. Eduardo Tendeiro
Angola, 62/64
Companhia de Caçadores Especiais n°
306
BCE n° 357
NOTA: O autor não utiliza o "novo
acordo ortográfico"
Índice
DEDICATÓRIA
.................................................................................................................. |
5 |
AGRADECIMENTO
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7 |
INTRODUÇÃO
.................................................................................................................. |
9 |
NO TEMPO DA
GUERRA
................................................................................................ |
11 |
MÃEZINHA
........................................................................................................................ |
13 |
TININHA
............................................................................................................................. |
17 |
ENCONTRO
...................................................................................................................... |
19 |
DOCE NATAL
................................................................................................................... |
23 |
A DESCOBERTA
............................................................................................................. |
27 |
A MATA
............................................................................................................................. |
31 |
FOI UMA MINA
................................................................................................................. |
35 |
NOVE MILÍMETROS
........................................................................................................ |
41 |
OLÁ, HERÓI!
.................................................................................................................... |
45 |
UMA ANEDOTA
............................................................................................................... |
47 |
O PANO MÁGICO
............................................................................................................ |
53 |
LÍDIA
.................................................................................................................................. |
59 |
OLHOS DE GATA
............................................................................................................ |
67 |
CONSULTA DE
PSIQUIATRIA
....................................................................................... |
77 |
GRACINDA
........................................................................................................................ |
83 |
FÉRIAS
.............................................................................................................................. |
85 |
A ESCOLTA
...................................................................................................................... |
89 |
O BANCO DA
SAUDADE
............................................................................................... |
91 |
BOMBOM
........................................................................................................................... |
99 |
DEPOIS DA GUERRA
...................................................................................................... |
109 |
VALÉRIA
............................................................................................................................ |
111 |
ANIVERSÁRIO
SANGRENTO
........................................................................................ |
115 |
DANIEL ............................................................................................................................... |
119 |
ESTRELA ........................................................................................................................... |
123 |
ARROBAS (@ @)
............................................................................................................. |
127 |
QUADRADO
...................................................................................................................... |
129 |
ENCONTRO EM
BRUXELAS
......................................................................................... |
133 |
HISTÓRIA BREVE
DO NOVENTA E UM
...................................................................... |
137 |
NÃO AS SEQUES
............................................................................................................ |
139 |
ARROZ COM ATUM
......................................................................................................... |
141 |
JEEP EM SEGUNDA
MÃO
............................................................................................. |
147 |
LINHA DE CASCAIS
........................................................................................................ |
151 |
MARIA E RITA
.................................................................................................................. |
153 |
OBRIGADINHO
................................................................................................................. |
155 |
MAIS UM!
.......................................................................................................................... |
159 |
PISCINA
............................................................................................................................. |
163 |
PONTO FINAL!
................................................................................................................. |
165 |
A
CONFRATERNIZAÇÃO
............................................................................................... |
169 |
NÃO HAVERÁ CURA
PARA ISTO?
.............................................................................. |
171 |
O TENENTE
HORÁCIO
................................................................................................... |
173 |
ANEXOS
............................................................................................................................ |
177 |
HOMENAGEM
................................................................................................................... |
179 |
|