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um colaborador do portal UTW
Manuel Luís Lomba
Manuel Luís de Araújo Lomba, nascido a
01Mai1942 em Faria, depois de experimentar e ser
excluído do seminário dos Capuchinhos, em 1960 trabalhou
nas obras da Ponte da Arrábida.
Em 1963 assentou praça no CISMI-Tavira.

Em 1964, cabo-miliciano, foi monitor de instrução na
1ªER/RI13-Vila Real.
Seguidamente, no RC7-Ajuda participou na formação e na
IAO do BCav705, destinado ao reforço da guarnição normal
do CTIG.
Prestou serviço militar na Guiné entre 23Jul64 e
14Mai66, como furriel miliciano integrado na CCav703.
Regressado à vida civil, trabalhou nas manufacturas
Âmbar até ingressar na construtora Soares da Costa, na
qual fez carreira, alcançando o cargo de director.
Atravessou toda a sua vida económica na área da
construção civil, designadamente na Alemanha, até
atingir a reforma.
O livro:
"Guerra da Guiné: A Batalha de Cufar
Nalu"

título: "Guerra da Guiné: A Batalha de
Cufar Nalu"
autor: Manuel Luís Lomba
editor: Terras de Faria
1ªed. Barcelos, 23Jul2012
341 págs
pvp: 13 € (portes incluídos)
contacto do autor: manuelluislomba@gmail.com
- Apresentação:
«O livro é um "verdadeiro compêndio da
história da Guiné", abordando as campanhas militares que
se desenvolveram ao longo dos tempos e sobretudo da fase
final da guerra. Revela que esta não se perdeu pelo
desalento do "Povo em Armas", mas antes pelo desânimo e
saturação dos oficiais do quadro permanente.» (¹)
- Esclarecimentos do Autor:
«Até Dezembro de 1964, as situações de guerra
em Cufar foram contas do rosário operacional do BCaç619
de Catió, da CCaç6 de Bedanda, e das tropas especiais
enviadas de Bissau. Os Comandos 'Os Fantasmas' não
tiveram sucesso na sua surtida em finais de Novembro,
precedente à intervenção da CCav703, e os Fuzileiros,
que interagiam frequentemente com o BCav705 'Cavaleiros
Marinhos', diziam-nos que era um fuzileiro desertor e
atirador especial, de alcunha G3, quem lhes embargava a
penetração na mata de Cufar Nalu.
A primeira surtida da CCav703 à mata de Cufar Nalu
ocorreu em 19 e 20 de Dezembro de 1964, em interação com
aquela unidade e sub-unidade de quadrícula e fomos três
vezes repelidos, não obstante a simultaneidade da acção
dos Pára-quedistas e os bombardeamentos da aviação mais
a sul, na área de Cafine, etc, a condicionar Nino Vieira
ao envio de reforços, acoitados em Quitafine.
O capitão Fernando Lacerda estava de licença e não
comandou essa operação. Será comandante da ocupação das
ruínas da fábrica de descasque de arroz, da quinta de
Cufar e da nomadização da CCav703, entre Janeiro e Março
de 1965 – "Operação Campo".
No contexto do longo e exaustivo período dessa
nomadização, além das nossas acções de batidas,
emboscadas, etc, o Comando-chefe (general Schulz)
desencadeou as operações Alicate I, II, III e Ursa, em
conjunto com as mesmas tropas de quadrícula e/ou
especiais, sem surtidas ao coração da mata de Cufar
Nalu.
O assalto e o desmantelamento de Cufar Nalu foram
executados pela "Operação Razia", em Maio de 1965, tendo
a CCaç763 como força nuclear, com a participação do
BCaç619, e da CCav703 vinda de Bissau, enquanto os
Pára-quedistas manobravam sobre o Cantanhez e os
Fuzileiros a partir das margens do Cumbijã.
Cufar Nalu constituía um refúgio-base paigcista, dotado
de armamento terra-terra e terra-ar, protegido pelo
ânimo dos seus combatentes, pelo grande porte do
arvoredo e com abrigos cavados, que me calhou contactar
em Dezembro de 1964.
A CCav703 e, depois, a CCaç763, nomadizaram,
entrincheiradas com armamento terra-terra e terra-ar,
durante 10 meses na quinta de Cufar.
Ao fim e ao cabo de quase 18 meses a dar batalha
recíproca, o ferro-e-fogo nosso e os cães-de-guerra da
CCaç763 forçaram as já então FARP a retirar da mata de
Cufar Nalu.
Houve mortos e feridos, longe da dimensão das
carnificinas das batalhas das guerras clássicas, que
faziam a glória dos seus altos comandos.
O termo "batalha" pela ocupação da mata de Cufar Nalu,
poderá ser uma "figura de estilo" à luz dos conceitos da
ciência militar; mas a semelhança não será coincidência,
salvo erro ou omissão.
Cerca de um milhão de portugueses cumpriram o seu dever,
em "tributo de sangue", nela e por ela.
Dos incorporados e/ou mobilizados, apenas cerca de 2 mil
tomaram a opção de desertar. Dos recenseados, os
refractários serão mais de 100 mil; mas só em Paris
haveria cerca de 80 mil – a maioria familiares das vagas
da emigração clandestina.
Eloquência dos números, quando cotejados com as
estatísticas de outras guerras.»
(Manuel Lomba, em 06Out2012 às 19:55)
- Recensão:
«O livro do Manuel Lomba fará estalar alguma
controvérsia, não propriamente pelo relatos da vida
operacional mas pela miríade de considerações de índole
política sobre tudo quanto se passou antes, durante e
após a luta armada.
[...]
Crónica dos acontecimentos que envolveram um conjunto de
operações para afastar a guerrilha da mata de Cufar
Nalu.
Terá sido o episódio que mais impressionou o então
furriel Manuel Lomba, que aproveita esta circunstância
para analisar por sua conta e risco a luta armada vista
dos dois lados, de acordo com o que leu e as opiniões
que recolheu, antes e depois do 25 de Abril.
Bem vistas as coisas, são memórias da guerra e uma
análise política, um olhar contundente sobre o fim do
Império.
[...]
As memórias "Guerra da Guiné: A Batalha de Cufar Nalu",
são uma peça singularíssima na literatura da guerra.
A recordação da vida operacional da CCav703 aparece
entremeada pelo enquadramento histórico e político, é um
longo olhar do combatente como se pretendesse fazer o
arco entre a chegada de Nuno Tristão até à independência
da Guiné-Bissau, quase mesmo ao presente.
Manuel Lomba, vê-se à légua, fez leituras e nos seus
regressos à Guiné-Bissau fez muitas perguntas para
encontrar uma elucidação dos acontecimentos.
[...]
O autor abalança-se a escrever sobre a formação do
estado da Guiné-Bissau, dá especial ênfase aos
acontecimentos de 1973 e 1974, e detalha alguns aspectos
relevantes do que se passou durante a fase de transição
do poder.
Podemos tomar este testemunho, como o de alguém que
viveu em pleno a série de operações ['Campo' e 'Razia'],
que conduziram [em 23Abr65] ao desbaratamento dos grupos
do PAIGC implantados perto de Cufar, e que igualmente
aproveita para dar a sua própria interpretação sobre os
acontecimentos da luta armada e da descolonização.
É uma obra em que se matiza uma leitura histórica a
pretexto da vivência de um conjunto de operações, neste
caso na região Sul, em condições muito ásperas.»
(Beja Santos, 08-10Out2012)
(¹)
correiodominho.com/noticias.php?id=63122
Contacto do autor: <terrafaria@iol.pt>

