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Mário Leitão

 

António Mário Leitão, serviu Portugal na Província Ultramarina de Angola, como Furriel Mil.º, integrado na Delegação n.º 11 - Farmácia Militar de Luanda - do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos, no período de 1971 a 1973.

 

O livro:

 

Para visualização completa do livro clique no sublinhado que se segue ou na imagem da capa:

 

"História do Dia do Combatente Limiano"

 

«Qual a razão que teria levado o Presidente da Câmara e 50 Membros da Assembleia Municipal de Ponte de Lima a rejeitarem a institucionalização de um dia comemorativo do sacrifício dos Limianos que perderam a vida em defesa de Portugal, ao longo da História Pátria?»
 

 

título: "História do Dia do Combatente Limiano"
autor: Mário Leitão

editor: Autor
design: Ricardo Rodrigues

execução gráfica: Gráfica da Graciosa, Lda, Ponte de Lima

edição: Junho 2017
depósito legal: 427328/17
ISBN: 978-989-20-7621-8

 

PREFÁCIO
 

"Esquecer os nossos mortos é o mesmo que matá-los uma segunda vez"
-Elie Wiesel-
 

Tal como Mário Leitão que, um dia, ao ouvir a lancinante dor de uma mãe por não poder fazer o luto do filho que morreu em combate no Ultramar, onde ficou sepultado, também a minha vida mudou no dia em que soube que um jovem da minha terra havia tombado pela Pátria, em 1917, na batalha de La Lys, e que jazia esquecido no cemitério francês de Richebourg L'Avoué, no norte de França.


Nesse verão, peguei no meu automóvel e percorri mais de 4 mil quilómetros à sua procura. Quando o encontrei (no Talhão A, Fila 10, Coval 13), pus-me em sentido à sua frente e benzi-me. Depois, baixei-me e abracei a sua lápide. Chorei e pedi-lhe desculpa, em nome de todos os habitantes da minha freguesia, por o termos esqueci-do durante 96 anos. Fui tarde, mas ainda fui a tempo de lhe dizer: "Não te deixamos ficar para trás!". E, quando à noite, voltei ao hotel a Lille, sentia-me outra pessoa, com o sentimento de um dever cumprido, mas essencialmente feliz e livre.


A Primeira Guerra Mundial e a Guerra Colonial, como todos os conflitos similares, têm imensas características em comum. Em ambas as circunstâncias, foram mobilizados para a frente de combate milhares de jovens portugueses de tenra idade e verdes sonhos. Com apenas vinte anos! Na "flor da vida", como é costume dizer-se. Na "chama exacta da terna juventude", como dizia André Breton. Com vinte anos deixaram o lar, a família, os amigos, a terra... Alguns nunca tinham saído das "berças", nem andado de comboio, nem nunca tinham visto o mar. De repente, viram-se despejados no meio da neve da Flandres e do tórrido calor de África. No meio da guerra!


Deixaram famílias, mães em pranto, paixões e amores adiados, vidas, projectos e sonhos interrompidos, amigos suspensos.... E uma Pátria inteira suspensa pela incerteza do regresso.
Em cada um destes referidos conflitos, pereceram no campo de batalha cerca de 10 mil jovens portugueses. Outros milhares voltaram estropiados e um sem número de outros afectados pelos efeitos da guerra. São factos que não podemos negar, nem branquear e, muito menos, esquecer. Porque se há gente que deve merecer todo o nosso respeito e reverência, são todos os portugueses que, ao longo da nossa Historia, pegaram em armas para lutar pela Pátria.


Conheço o meu especial amigo Mário Leitão há muitos anos. Admiro a sua nobre-za de carácter, a sua leal e solidária amizade e a sua rara capacidade de realizar tudo aquilo em que se envolve. É um homem de causas, melhor dito de grandes causas. Abraçou esta com grande paixão e sentido de dever.


Acompanhei-o, amiúdes vezes a Lisboa, ao Arquivo Militar e ao Museu Militar, onde passamos horas a retirar o "manto do esquecimento" do rosto de centenas de combatentes por entre o pó dos milhões de documentos que os arquivos de Cheias ede Santa Apolónia religiosamente guardam.


Comunguei do seu tormento e desassossego, relativamente à insensibilidade e à indiferença de alguns poderes, no que diz respeito a esta sagrada matéria. Ensinou-me a não baixar os braços e a recusar a rendição até que seja feita total justiça a estes homens que "a lei da morte libertou", mas que o nosso esquecimento não pode "voltar a matar". Porque desditosa é a Pátria que não honra os seus heróis e ingratos os homens que deles se esquecem.


A luta que o Mário Leitão vem travando, juntamente com outros valorosos conterrâneos e nobres instituições limianas, pelo reconhecimento e pela afirmação do "Dia do Combatente Limiano", para além de um urgente acto de justiça, é uma reposição, um retomar do grandioso gesto de generosidade de que o Município de Ponte de Lima foi pioneiro, a nível nacional, em 1996, ao perpetuar na muralha da Torre da Pólvora, o nome dos seus filhos que tombaram na Guerra do Ultramar.


Por isso, hoje, é cada vez mais imperioso estar do lado desta valorosa e abnegada gente, em permanente alerta, neste combate pela reparação dos danos causados na dignidade destes combatentes. Não podemos permitir que estes nossos heróis "fiquem para trás", nem consentir que sejam "mortos duas vezes". Temos de continuar esta luta, até que esta nobre gente seja retirada do esquecimento, resgatada da indiferença e devolvida à nossa memória. Só depois disso, conseguiremos virar as costas a esse tormento, readquirir o sossego e voltar, de novo, a ser livres. Porque, como dizia D. António Ferreira Gomes, ilustre e saudoso Bispo do Porto, "a minha dignidade é a minha liberdade".


Obrigado, Mário Leitão. Não estás só nesta batalha. Continuamos contigo.


Esposende, Maio de 2017
Luís Gonzaga Cantinho de Almeida
Coronel da Guarda Nacional Republicana (na situação de reserva).

 

INTRODUÇÃO

 

Também eu pertenço ao grupo daqueles que, por comodismo ou distração, estiveram durante décadas alheados das homenagens que são devidas aos Heróis que tombaram na Guerra do Ultramar. E certo que a minha motivação e nostalgia por essa temática nunca se apagaram desde que regressei de Angola em Outubro de 1973, mas também é verdade que as vicissitudes da minha vida relegaram essas recordações para segundo plano. Só a partir de 2010 comecei a recolher as memórias guerreiras dos meus conterrâneos, primeiro timidamente, mas depois de um modo mais sistemático.


Em Julho de 2013 foi convidado para fazer parte da Comissão Ad Hoc que celebraria o Dia do Combatente Limiano em 24 de Agosto desse ano. Essa foi a segunda vez que o Município de Ponte de Lima homenageou os seus filhos caídos em combate na Guerra do Ultramar, pois a primeira acontecera em 27 de Julho de 1996 aquando da inauguração da lápide comemorativa existente na muralha da Torre da Pólvora, na Praça da República, ao fundo da Avenida António Feijó.


No ano seguinte, a convite do Dr. José Pereira Fernandes, director da Revista LIMIANA, escrevi uma pequena biografia dos nossos conterrâneos falecidos na Guerra Colonial (anexo 1), ficando a partir desse ano verdadeiramente abraçado a essa causa, que se vem celebrando anualmente na Vila de Ponte de Lima.


Deixar registo histórico dos soldados que morrem em combate é uma realidade transversal a todas as civilizações, a todas as sociedades humanas e a todos os regimes políticos. Não podem existir opiniões contrárias a esta necessidade que as comunidades têm de erigir monumentos em memória dos cidadãos que perderam a vida nas guerras encetadas para sua defesa! Quem porventura tiver essa opinião, comete um crime de lesa-Patria, de lesa-Cultura e de lesa-Sociedade! A exaltação dos mártires das nações em guerra, a perpetuação das suas memórias e a celebração periódica dos que caíram no campo da honra são inquestionáveis em todos os países do mundo, que se empenham em glorificá-los através de toponímias, da literatura e do património arquitectónico.


Infelizmente, o poder político que se instalou em Portugal a seguir a Revolução de Abril demorou muitos anos a compreender esse imperativo nacional, por razões partidárias, complexos de culpa, irresponsabilidade, falta de coragem, quebra do fervor patriótico e outras razões. Dessa omissão resultou que só em 1986 surgisse o primeiro município a celebrar a memória dos seus filhos mortos ao serviço da Pátria em territórios ultramarinos, honra que coube ao Concelho de Ponte de Lima.


Paralelamente, mas em sentido inverso, decorreram cem anos sem que este mesmo Município fizesse alguma coisa pela memória dos seus vinte e sete soldados que morreram durante a Primeira Grande Guerra, vinte dos quais foram em boa hora retirados da escuridão do passado graças ao trabalho do Dr. Luís Dantas (anexo 2). Na terceira homenagem aos Combatentes Limianos, realizada em 24 de Agosto de 2014, tive oportunidade de solicitar publicamente ao Presidente da Câmara que mandasse colocar uma segunda lápide na muralha da Torre da Pólvora, para perpetuar a memória dessas Heróis e Mártires conterrâneos caídos na Flandres e em Moçambique. Prestes a terminar o seu mandato, o Eng.° Vítor Mendes ainda não satisfez o meu pedido.


Este livrinho é um grito de protesto! E o meu grito, o grito dos familiares dos 79 Soldados Limianos que perderam a vida pela Pátria durante o século vinte e o grito dos próprios Heróis, que reclamam o direito à imortalidade!


Oxalá a população limiana possa ouvir este clamor!

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Nota da equipa do UTW:

 

Os sublinhados supra referenciados encontram-se linkados a subpáginas do portal UTW para visualização dos seus conteúdos clique neles.

 

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