Imagens e restantes elementos cedidos por
um
Veterano e pelo
Coronel de Artilharia Abranches Félix
Piçarra Mourão
Coronel Tirocinado na
situação de Reserva
Jorge
Manuel Piçarra Mourão nasceu em Abril de 1942, em Vila
Viçosa.
Em 1959 concluiu no Liceu Nacional de Évora o
ciclo liceal e ingressou na Academia Militar, onde em
1962 terminou o curso da Arma de Artilharia.
Em Julho de
1965, com o posto de alferes foi mobilizado pelo RAC-Oeiras para a sua primeira comissão em África,
embarcando em 20Jan66 rumo à Guiné como tenente
comandante da CArt1525, desembarcando em 26Jan66 em
Bissau.
Colocado em 04Fev66 em Mansoa, onde, com a sua
subunidade independente recebeu a IAO, seguindo em
21Fev66 para Bissorã.
Em Dez66 foi promovido a capitão e em em 26Set67
agraciado com a Cruz de Guerra de 1ª classe «porque, ao
longo de toda a sua comissão militar, tem tomado parte
em numeríssimas operações,
quase sempre com contacto, comandando a sua Companhia
com muita competência, muita determinação, muita
ponderação, muita inteligência e muito senso [...],
sendo bem digno de ser apontado como um valor muito
positivo entre os oficiais de um Exército que se bate
corajosa, decidida e abnegadamente pelos ideais da
Pátria e pela sobrevivência de Portugal em África».
Em 10Out67 recolheu com a sua CArt1525 a Bissau a fim de
aguardar reembarque para Lisboa, o qual ocorreu 04Nov67.
Cumpriu outras duas comissões, ambas em Angola: capitão
comandante da Btr2582/RAP3-Figueira da Foz (Set69-Out71
no Úcua); e major oficial de operações do
BArt6322/73-RAL3 (Nov73-Set75 em M'Pupa, Fazenda
Tentativa e Luanda).
Regressado à Metrópole, ficou colocado em Coimbra no
QG-RMC onde, além de outras, desempenhou as funções de
Chefe da Repartição de Informações e da Repartição de
Operações.
Está habilitado com o Curso Geral de Estado-Maior e o
Curso Superior de Comando e Direcção. Possui também o
Curso de Defesa Nacional, do IDN.
Em Fev89 promovido a coronel e nomeado comandante do
Regimento de Artilharia de Leiria, cargo desempenhado
até 1991. Seguidamente, desempenhou as seguintes
funções: Adjunto da DINFO (Divisão de Informações do
EMGFA); chefe do Serviço de Justiça e Disciplina do
Comando da RMC; 2º Comandante da Zona Militar da
Madeira; Director de Ensino da Academia Militar; e
Juiz-Presidente do TMT-Coimbra.
Actualmente, Coronel Tirocinado na situação de Reserva.
O livro:
«Guiné,
Sempre! - Testemunho de uma guerra»

Guiné,
Sempre! - Testemunho de uma guerra
Coronel Piçarra Mourão
Quarteto Editora
Colecção: Testemunhos (nº1)
Patrocínio: Exército Português
1ª edição 2001
Capa mole
Dimensões 16x23cm
174 páginas
11.00 €
Sinopse:
Mais do que um
testemunho de um conflito que envolveu toda uma Nação em
Armas e uma geração de Homens devotadas a uma causa,
cujas origens e consequências estão hoje sancionadas
pela História, estas crónicas encerram narrativas
exemplares, pessoais e directas, vividas no contexto de
uma das mais violentas e duras guerras com que essa
mesma geração se debateu no teatro africano.
Sem menosprezar os episódios do combate verdadeiro, onde
a fronteira entre a Vida e a Morte era por vezes muito
ténue, ou outras referências a pequenas mas
gratificantes histórias que só o percurso ali traçado
pode contemplar e permitir, o livro é, a cada passo,
enriquecido com a tremenda experiência humana resultante
da profusa vivência que, num e noutro ambiente, todos os
interlocutores permutaram.
A uma distância histórica e temporal conveniente, sem
preconceitos ou falsas reservas, admitindo erros,
virtudes, precaridades e sucessos, os relatos traçados
consentem uma abordagem isenta, justa e rigorosa de um
conflito sério e constituem, para além de todos os
aspectos políticos circunstanciais, um prodigioso
contributo para a nossa memória colectiva.
http://www.quarteto.pt/olivro/default.asp?PnIDLivro=111
Depoimento de um veterano:
O pequeno texto que
se segue e que gostaria de divulgar foi em tempos
enviado ao nosso saudoso coronel Piçarra Mourão, como um
pequeníssimo contributo para o seu segundo livro. Nele
se refere a acção educativa e de alfabetização levada a
cabo pela Companhia durante os 22 meses que permaneceu
na Guiné.
GUINÉ 1966/67
Recordações … contributo para um livro
Da leitura do livro "Guiné Sempre" do mui ilustre
coronel Piçarra Mourão ressalta toda uma epopeia na qual
é descrita a passagem pela Guiné, da companhia de
artilharia 1525, companhia independente adstrita ao
Batalhão 1876.
Na resenha histórica, bem documentada naquele livro, o
autor descreve histórias pessoais protagonizadas por ele
próprio e por outros intervenientes, oficiais, sargentos
e praças, ligadas sobretudo aos aspectos de âmbito
militar em termos de relevância operacional e pouco
mais.
Faltava, porém, algo que completasse essa passagem da
companhia 1525 por terras da Guiné cujos acontecimentos
militares, influenciaram, sem dúvida, todos quantos por
lá passaram e não teria merecido, certamente por
esquecimento, por parte do autor, no livro atrás citado,
o devido destaque e relato de outros eventos que, pelo
seu valor e incidência, não deixaram de ser também
importantes e marcaram, de uma outra forma, aqueles que
estiveram envolvidos num projecto de índole educacional.
Passavam pouco mais de três meses de estada da 1525 na
Guiné e já em Bissorã, foi proposto ao comandante de
companhia a abertura de aulas regimentais dado que cerca
de 1/3 das praças não possuía diploma oficial do ensino
primário e, dentre elas, muitos analfabetos.
A proposta foi aceite e as aulas regimentais abriram a
19 de Maio de 1966.
Muitos soldados frequentaram essas aulas a partir dessa
data, repartindo-se pelas quatro classes que então se
formaram, tendo em vista a obtenção do diploma da 3ª ou
4ª classe.
O horário de funcionamento era repartido por dois
turnos, 17 às 18H30 e 21 ÀS 22h30, o primeiro dirigido
às primeiras classes e o segundo às mais avançadas.
A actividade lectiva desenvolvia-se sempre com
normalidade e os "estudantes" procuravam estar atentos e
responder às exigências dos cursos que frequentavam.
Todo este esforço era muitas vezes interrompido por um
outro esforço, muito maior, provocado pelo desgaste
físico e moral desenvolvido ao longo das "operações
militares".
De qualquer maneira ficou-nos na memória que valeu a
pena ter investido num projecto que veio a dar os seus
frutos no final do ano lectivo de 1967 quando, após a
realização dos exames do 1º e 2º graus (3ª e 4ª classes)
os resultados falaram por si:
- Os 44 alunos que haviam frequentado a escola
regimental da Companhia de Artilharia 1525, o haviam
feito com sucesso, pois tinham obtido aproveitamento (11
da 3ª e 33 da 4ª) conseguindo regressar à metrópole com
um diploma que lhes permitia inserir-se muito melhor na
sociedade civil e responder melhor às exigências
burocráticas dessa mesma sociedade.
Um outro aspecto ligado à influência da Companhia 1525
relaciona-se com a nomeação, por parte dos Serviços de
Educação da Guiné, de um furriel miliciano, com o Curso
do Magistério Primário, para exercer funções docentes na
Escola Primária de Bissorã, onde teve a seu cargo o
processo de ensino/aprendizagem das 3ª e 4ª classes,
sendo que as duas primeiras classes eram leccionadas por
um regente escolar nativo.
Obviamente que a população civil não deixou de
reconhecer o facto de a escola primária ter passado a
usufruir do trabalho especializado de um professor
branco, o que permitiu uma maior procura para a
frequência daquele estabelecimento de ensino.
Acresce dizer que, apesar de não ter havido, naquele
tempo, qualquer reconhecimento oficial pelo trabalho
desenvolvido, foi gratificante ter-se verificado o grau
de satisfação dos soldados e alunos autóctones, porque,
uns, regressariam à metrópole mais apetrechados e mais
aptos; os outros por terem adquirido conhecimentos que
lhes permitiu a obtenção de diploma que abria, aos que
pudessem, a possibilidade de prosseguirem estudos, em
Bissau.
Ainda houve, ligado ao primitivo projecto educacional,
um outro sub-projecto que consistia em alguns soldados
frequentarem turnos de "explicações" para poderem vir a
fazer exame do 2º ano do liceu, sub-projecto esse que
não se revelou exequível, mormente por falta de meios.
Importa salientar que todo o trabalho lectivo não
prejudicava o esforço de guerra quer ao nível docente
como discente, pois na hora da verdade todos eram
chamados a cumprir os seus deveres militares
operacionais.
Mesmo assim e ainda hoje, passados que foram já 35 anos
alguns têm recordado, num misto de saudade e alegria, a
sua passagem pela Escola Regimental da Companhia de
Artilharia 1525, aquando dos "Encontros" anuais que se
vêm concretizando e em boa hora iniciados.
Que este modesto contributo para o novo livro que o
coronel Piçarra Mourão pensa escrever sirva para
relembrar que a Companhia 1525 não só combateu com
valentia no teatro de operações e isso está bem patente
no livro "Guiné, Sempre!", mas desenvolveu um outro
combate, dirigido ao analfabetismo que grassava no seio
da própria Companhia, contribuindo, também,para que um
pouco da Língua e Cultura portuguesas fossem divulgadas
pelos jovens que então frequentaram a Escola de Bissorã,
alguns dos quais conseguiram obter o diploma do ensino
primário.
Galifonge, 2002.12.03
(Armando Benfeito da Costa)
http://www.cart1525.com/livrocosta.htm


Índice:
Prefácio
I. Apresentação
II. A Preparação
III. No Mato Profundo
O Amigo Americano
Uma Oportunidade Perdida
Uma Santa Bárbara Negra
Elefantes, 4!
O Fernando
Um Autêntico Bambúrrio
Duas Flâmulas
Um Caixote de Peso
IV. Crónicas Avulsas
Um Piloto Certeiro
A Visita do Papa
O Máximo
O "Zaire"
O Baptismo de Fogo
As Vacas da Companhia
Minas Gerais
O Senhor dos Céus
O jipe do "Ronco"
V. As Milícias de Bissorã
VI. Bissorã
VII. O Regresso
VIII. Final
Glossário e Código de Abreviaturas