Associação Nacional dos Prisioneiros de Guerra

Associação Nacional dos Prisioneiros de Guerra
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18Dez2011 - Cerimónias evocativas do 50.º Aniversário da invasão da Índia Portuguesa
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«Homenagem a último governador da Índia»
(recorte do jornal "Correio da Manhã", de 19Dez2011
Alocução do Presidente da Associação Nacional dos Prisioneiros de Guerra
«Prisioneiros lembram trinta mortos na Índia»
(recorte do jornal "Correio da Manhã", de 20Dez2011
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«Homenagem a último governador da Índia»
(recorte do jornal "Correio da Manhã", de 19Dez2011)

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Alocução do Presidente da Associação Nacional dos Prisioneiros de Guerra
Exmos Senhores,
- Chefe da Casa Militar da Presidência da República – Tenente-General Carvalho dos Reis
- Representante do Chefe do Estado Maior das Forças Armadas – Major-General António Faria de Meneses
- Representante do Sr. Ministro da Defesa Nacional – Dr. Alberto Coelho
- Representante da Câmara Municipal de Lisboa – Drª Elisabete Brito
- Representante da Liga dos Combatentes – Major-General Fernando Aguda
- Presidente da Casa de Goa – Professor Doutor Narana Coissoró
- Representante da família do Sr. General Vassalo e Silva – Doutor Nuno Vassalo e Silva
- Presidentes ou Representantes de Associações de Combatentes
Minhas Senhoras e Meus senhores,
Em nome da Associação Nacional de Prisioneiros de Guerra, agradeço a presença de V. Exas.
Cabe-me dizer algumas palavras.
São malhas que o destino tece.
Há 51 anos, de montes e vales, de aldeias e cidades, muitos de nós fomos reunidos em Évora.
Daí partimos com outros no Niassa, no Índia ou de avião, para irmos até Goa.
Passado um ano a nossa vida, todo o nosso futuro, todo o nosso destino estava concentrado na decisão do Sr. General Vassalo e Silva, naquela manhã terrível.
Só estive um ano em Goa. Seis meses livre e seis meses preso.
Assim, serei daqueles que menos poderá falar.
No entanto, logo que cheguei percebi que Goa estava viva.
A construção civil avançava, mais estradas eram construídas, assim como bairros e escolas. Muitas escolas!
Também percebi que todos os dias o Sr. Governador ia visitar todas as obras, resolvendo problemas e dando opiniões. Todos os goeses o respeitavam, não precisando por isso de guarda pessoal.
A burocracia com ele não existia. Se precisava de alguém com conhecimentos específicos, sem qualquer problema ia contratá-lo. Eu pessoalmente conheço casos desses.
Da sua personalidade irradiava além do humanismo, a sua bondade e também a sua firmeza quando era necessário. Admirado e estimado por todos.
No campo de prisioneiros de Alparqueiros, as reuniões com o comando indiano eram efectuadas debaixo da velha mangueira, o Major Boleo Tomé como intérprete ia chamá-lo. Minutos depois, surgia o Sr. Governador vestido impecavelmente.
O que acontecia era simples. O meu amigo Gilberto, de Vila Pouca de Aguiar, alfaiate, decidiu que, para que o Sr. Governador tivesse sempre uma camisa pronta e passada a ferro, andava ele de tronco nu. Quando o Sr. Governador era chamado, era só vesti-la.
No campo de prisioneiros, este Soldado fez isto porque o estimava, muita consideração e um altíssimo respeito por ele. Eu apenas falo do pouco que sei.
Mas, antes de terminar, quero aqui deixar mais um testemunho, que tem a ver connosco, com a nossa maneira de ser, que em Goa já vinha do tempo de Albuquerque.
Há 4 anos voltei a Goa.
Ficámos instalados perto da Praia do Colvá. Na última noite decidi ir pela estrada de terra batida, despedir-me da praia. Estava tudo escuro com excepção de um candeeiro.
Vários motards aceleravam as motos rodando à volta desse candeeiro. Preocupei-me um bocadinho.
Eles pararam. Um vira-se para mim e perguntou-me: Tu és Portugal?
Respondi, que sim, que era de Portugal. Então todos saíram das motos para me abraçar, gritando:
- “Viva Portugal! Tu és Pai!”
Foi emocionante.
Referi isto no facebook, e o comentário que recebi de um sr. Goês foi:
- “Senhor, não se preocupe! Tanto o Sr. Governador como os Portugueses são aqui bem lembrados.”
Penso que ao fim de uma vida sermos confortados com uma frase como esta, é tudo o que poderíamos desejar.
Sr. General Vassalo e Silva, 50 anos depois o Senhor é bem estimado e bem recordado. Obrigado por estarmos aqui vivos. Obrigado pela sua preocupação na edificação de Goa e pela espiritualidade no que se refere a São Francisco de Xavier.
Muito obrigado e terminei.
Cemitério do Lumiar, 18 de Dezembro de 2011
António Pedro Montez Coelho
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«Prisioneiros lembram trinta mortos na Índia»
(recorte do jornal "Correio da Manhã", de 20Dez2011

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