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Condecorações

João de Bessa, Tenente-Coronel Pára-Quedista na situação de reforma

 

"Pouco se fala hoje em dia nestas coisas mas é bom que para preservação do nosso orgulho como Portugueses, elas não se esqueçam"

 

Barata da Silva, Vice-Comodoro

 

HONRA E GLÓRIA

e

nota de óbito

Elementos cedidos por um colaborador do portal UTW,

pelo PQ Pedro Castanheira e pelo

veterano PQ Joaquim Faria

Foto à civil cedida pelo PQ Aristides Manuel Remédio dos Santos

 

Faleceu no dia 13 de Setembro de 2024 o veterano

 

João de Bessa

 

Tenente-Coronel Pára-Quedista na situação de reforma

 

Comandante do 4.º pelotão da

1.ª Companhia de Caçadores Pára-Quedistas

Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 21

«GENTE OUSADA MAIS QUE QUANTAS»

2.ª Região Militar

«FIDELIDADE E GRANDEZA»

 

Comandante da

Companhia de Materiais e Infraestruturas

Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 12

«UNIDADE E LUTA»

Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné

«ESFORÇO E VALOR»

 

Comandante da

Companhia de Caçadores Pára-Quedistas 122

Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 12

«UNIDADE E LUTA»

Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné

«ESFORÇO E VALOR»

 

Comandante da

Companhia de Materiais e Infraestruturas

Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 21

«GENTE OUSADA MAIS QUE QUANTAS»

2.ª Região Militar

«FIDELIDADE E GRANDEZA»

 

Cruz de Guerra de 1.ª classe

 

Medalha de Prata de Serviços Distintos com palma

 

Prémio Governador-Geral de Angola

 

 

 

 

João de Bessa, Tenente-Coronel Pára-Quedista na situação de reforma, nascido no dia 10 de Novembro de 1932, na freguesia de Real, concelho de Amarante;

 
Em 28 de Fevereiro de 1957, Furriel Mil.º oriundo do Regimento de Infantaria 12 (RI12-Coimbra) «FIRMES COMO ROCHAS», ingressa no Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas (BCP - Tancos) «QUE NUNCA POR VENCIDOS SE CONHEÇAM» e no final do 1.º curso de pára-quedismo é-lhe concedido o brevet n.º 207;


Em 1960 um grupo de cinco Pára-Quedistas constituído pelos Tenentes Araújo e Sá e Silva e Sousa, pelos Sargentos João de Bessa e Gonçalves de Campos e pelo Primeiro-Cabo Vítor Dias, partiram para GIBPOM (Grupo de Instrução da Brigada Pára-quedista de Além Mar) em Bayonne, França, onde, de 6 de Julho a 20 de Agosto, tomaram contacto com as técnicas da guerra subversiva e acções de contra-guerrilha que as Tropas Pára-Quedistas francesas estavam a usar na guerra argelina, tendo ainda feito uma curta visita a Arzew, na Argélia.


Foram estes homens, os responsáveis pela organização e direcção de instrução de contra-guerrilha nas tropas Pára-Quedistas; a partir de Maio de 1961, todos os militares que terminavam os cursos de pára-quedistas eram submetidos a um longo período de instrução de combate, dirigido especificamente para enfrentar a guerra de guerrilha nos então territórios ultramarinos portugueses.

Em 01 de Novembro de 1964, Alferes do Serviço Geral Pára-Quedista, mobilizado pelo Regimento de Caçadores Pára-Quedista (RCP - Tancos) «QUE NUNCA POR VENCIDOS SE CONHEÇAM» para servir Portugal na Província Ultramarina de Angola e colocado como comandante do 4.º pelotão da 1.ª Companhia de Caçadores Pára-Quedistas (1ªCCP) «IRMÃOS DE MARTE» do Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 21 (BCP21) «GENTE OUSADA MAIS QUE QUANTAS», da 2.ª Região Militar «FIDELIDADE E GRANDEZA»;

 

Em finais do ano de 1966, promovido a Tenente, pelo que deixou de comandar o 4.º pelotão da 1.ª Companhia de Caçadores Pára-Quedistas (1ªCCP) «IRMÃOS DE MARTE» do Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 21 (BCP21) «GENTE OUSADA MAIS QUE QUANTAS», da 2.ª Região Militar «FIDELIDADE E GRANDEZA»;

 

Em 06 de Março de 1967 louvado e agraciado com a Medalha de Prata de Serviços Distintos com palma:

 

Tenente Serviço Geral Pára-Quedista
JOÃO DE BESSA


Medalha de Prata de Serviços Distintos com Palma
 

Por portaria de 6 de Março de 1967

 

 

«Sob proposta do General Comandante da 2.ª Região Aérea, louvado o Tenente do Serviço-Geral Pára-Quedista João de Bessa, do Batalhão de Caçadores Para-Quedistas n.º 21, porque, em dois anos de serviço no Batalhão de Caçadores Para-Quedistas n.º 21, se confirmou como oficial entusiasta, leal, dedicado, valoroso e com especial aptidão para o tipo de guerra em que foi empenhado.

 

Embora mais uma vez lhe coubesse ser substituído em funções que, aliás, normalmente não seriam de atribuir a oficiais do seu quadro, sempre solicitou que lhe fosse mantido o comando de um pelotão de caçadores, que preparou de forma a atingir os melhores resultados.

 

Quando ainda mal restabelecido de um acidente, voltou para o serviço operacional, superou a inferioridade física, com fortaleza de ânimo e espírito de sacrifício excepcionais, incutindo sempre nos seus homens audácia e espírito combativo.

 

Nas dezassete operações em que participou, obteve com o seu pelotão boa parte dos êxitos da sua companhia, sendo de salientar uma acção em que, juntamente com outro pelotão, conseguiu cercar um grupo inimigo, do qual foram capturados doze elementos e abatidos quinze dos que se puseram em fuga.

 

Oficial com muito bom senso e iniciativa, calmo, decidido, com modéstia que não consegue ocultar apuradas qualidades morais e militares, provou ser óptimo condutor de homens, mesmo nas mais difíceis circunstâncias, e prestou em combate serviços que merecem ser considerados relevantes e distintos.»

No dia 10 de Junho de 1967, perante as Forças Armadas Portuguesas reunidas em parada, no Terreiro do Paço, em Lisboa, foi-lhe imposta a Medalha de Prata de Serviços Distintos com palma (in Diário de Lisboa, n.º 15973, página 19, de 7 de Junho de 1967);

 

 

De 07 a 19 de Agosto de 1968 comandante da Companhia de Materiais e Infraestruturas (CMI) do Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 12 «UNIDADE E LUTA» da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné «ESFORÇO E VALOR»

 

De 08 de Agosto de 1969 a 01 de Fevereiro de 1970, comandante da Companhia de Caçadores Pára-Quedistas 122 (CCP122) do Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 12 (BCP12) «UNIDADE E LUTA» da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné (ZACVG) «ESFORÇO E VALOR»

 

Em 06 de Maio de 1971 louvado e agraciado com a Cruz de Guerra de 1.ª classe:

 

Capitão Serviço Geral Pára-Quedista
JOÃO DE BESSA


Medalha da Cruz de Guerra de 1.ª Classe


Por portaria de 6 de Maio de 1971
 

 

«Louvado por proposta do Comandante da Zona Aérea de Cabo Verde e Guiné, o Capitão do Serviço-Geral Pára-quedista João de Bessa do Batalhão de Caçadores Pára-quedistas nº 12, por ter revelado ser possuidor de extraordinárias qualidades militares, tendo praticado em combate actos demonstrativos de coragem, decisão, serena energia debaixo de fogo, sangue frio, espírito de sacrifício e um excepcional sentido do dever e espírito de missão.

 

No comando de um destacamento de dois grupos de combate, quando o inimigo, que fôra emboscado pelas nossas tropas, reagiram fortemente pelo fogo, comandou com extraordinária ponderação e eficiência a manobra dos grupos de combate, conduzindo com ousadia, coragem e decisão ímpares a acção, explorando e arrastando com a sua firme determinação e agressividade e com risco da própria vida o pessoal sob o seu comando.

 

Militar extremamente brioso e dedicado pelo serviço, muito modesto nas suas exteriorizações, impõe-se naturalmente pelas suas raras e excepcionais qualidades de condutor de homens e pela sua revelante coragem moral e física, que o conduzem a ocupar sempre os locais de maior perigo.

 

No comando de uma Companhia de Caçadores Pára-quedistas demonstrou sempre excelentes qualidades de comando e elevado conhecimentos e aptidões para este tipo de guerra de contrasubversão.

 

Essa sua capacidade e personalidade de chefe está especialmente expressa nas citações merecidas pela sua Companhia e nos brilhantes resultados obtidos, que o impuseram à consideração e respeito pelas suas qualidades de combatente e chefe.

 

Particularmente notável foi ainda o comando e conduta de reacção à emboscada verificada numa operação em que, com forte determinação e agressividade e espírito ofensivo, comandou as nossas tropas, lançando-se com ousadia, firme decisão e sangue-frio sobre vários elementos inimigos que actuavam pelo fogo de armas automáticas e lança-granadas-foguetes, com total desprezo pelo perigo e rara abnegação, contribuindo com a sua acção decisiva para a debandada dos elementos inimigos.

 

À sua acção de comando, à sua pertinácia, entusiasmo e dinamismo se ficou devendo grande parte do êxito obtido na Operação Jove, de que resultou o ferimento e captura de um Capitão do Exército Cubano [capitão cubano Pedro Rodriguez Peralta], tomando as mais adequadas disposições e providenciando para a sua evacuação rápida da Zona de Acção.

 

Nas qualidades demonstradas debaixo do fogo inimigo e pela forma extraordinariamente relevante e eficiente como comanda a sua subunidade, o Capitão do Serviço-Geral João de Bessa evidenciou elevado valor e forte determinação de vencer, honrando e prestigiando as Forças Armadas, constituindo-se como um exemplo a apontar e sendo digno de respeito e consideração pública.»

 

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A "Operação Jove" tinha sido cuidadosamente planeada.

 

Dias antes da partida para a operação, um avião da Base Aérea n.º 12 (BA12) levando a bordo o Comandante do Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 12 (BCP12) «UNIDADE E LUTA» Tenente-Coronel Pára-Quedista Fausto Marques e o comandante da Companhia de Caçadores Pára-Quedistas 122 (CCP122) do Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 12 (BCP12) «UNIDADE E LUTA», Capitão Pára-Quedista João de Bessa, observam a zona e o melhor local para a emboscada à coluna do PAIGC.

 

De forma a cumprir as ordens do Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné (CCFAG), às primeiras horas de 16 de Novembro de 1969, 40 pára-quedistas da Companhia de Caçadores Pára-Quedistas 122 (CCP122) reforçados por 9 pára-quedistas da Companhia de Caçadores Pára-Quedistas 121 (CCP121), embarcam em 10 Alouette para o Corredor de Guileje com a informação que a coluna inimiga traria Nino Vieira comandante da Frente-Sul do PAIGC.

 

Os 50 pára-quedistas levam rações de combate para três dias. Caminham a pé um dia e uma noite evitando trilhos para não ser detectados e progridem por entre mata densa debaixo de chuva.

 

Cerca das 10:00 de 18 de Novembro chegam ao ponto da emboscada. Ainda não completamente posicionados, apercebem-se de vozes ao longe. Um pequeno grupo composto pelo capitão João de Bessa, sargentos Joaquim António Moreira das Neves Pereira, José Valentim Gomes e Manuel Rodrigues Mota, primeiros-cabos Francisco Maria Medeiros Regageles, José Carvalho de Oliveira, José Manuel Rodrigues dos Santos e soldado Doce, aproximam-se da picada.

 

De repente foram ouvidas vozes de dois indivíduos, um negro e um branco que seguiam em direcção à fronteira.

 

O capitão Bessa dá sinal de fogo ao 1.º Cabo Regageles apontador da MG-42. A primeira rajada abateu o guerrilheiro negro e feriu o branco. Iniciada a perseguição com meia dúzia de pára-quedistas e tendo por base o rasto de sangue, é consumada a captura.

 

Encontram-no caído numa poça de sangue. Tem um braço quase arrancado, perdeu muito sangue, está entre a vida e a morte; o sargento Vítor Manuel Correia Francisco rapidamente trata-lhe dos ferimentos. Veio a saber-se que se chamava Pedro Rodriguez Peralta, capitão do exército cubano. Evacuado de helicóptero, a Tenente Enfermeira Pára-Quedista Maria Zulmira Pereira André estabilizou os sinais vitais até ao hospital em Bissau; viria mais tarde para o hospital-prisão de Caxias; em 28 de Julho de 1972 julgado no Supremo Tribunal Militar e condenado a 10 anos de cadeia no reduto norte do Forte de Caxias.

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No dia 10 de Junho de 1972, perante as Forças Armadas Portuguesas reunidas em parada, no Jardim de Belém, em Lisboa, foi-lhe imposta a Cruz de Guerra de 1.ª classe (in Diário de Lisboa, n.º 17765, página 21, de 7 de Junho de 1972);

 

Em 28 de Agosto de 1974, proposto à Chefia da Repartição do Governo-Geral de Angola, a concessão de atribuição do Prémio Governador-Geral de Angola ao Capitão do Serviço-Geral Pára-Quedista João de Bessa;

 

De 01 de Janeiro a 24 de Agosto de 1975, comandante da Companhia de Materiais e Infraestruturas (CMI) do Batalhão de Caçadores Pára-Quedistas 21 «GENTE OUSADA MAIS QUE QUANTAS» da 2.ª Região Militar «FIDELIDADE E GRANDEZA»;

 

Em 02 de Março de 1982, promovido a Tenente-Coronel do Serviço-Geral Pára-Quedista;

 

Em 1990 na reserva como Tenente-Coronel do Serviço-Geral Pára-Quedista;

 

Desde 1996, na situação de reforma.

Faleceu no dia 13 de Setembro de 2024, na sua residência em Carcavelos.


Paz à sua alma.

 

 


 

 

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