O Batalhão Independente de 
											Infantaria n.º 17 está aquartelado 
											no Castelo de S. João Baptista de 
											Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira 
											de Jesus Cristo, do Arquipélago dos 
											Açores. A Ilha Terceira foi centro 
											da heroica resistência oposta pelos 
											portugueses à usurpação da Coroa 
											pelo Rei castelhano. 
											
											 
											
											
											
											
											Aclamado D. António, como Rei de 
											Portugal, pelas três Câmaras da 
											Ilha, logo o Corregedor Ciprião de 
											Figueiredo, nomeado 
											Governador-Geral, se propôs 
											organizar a defesa contra possíveis 
											arremetidas de Castela. E tão bem se 
											houve nessa patriótica determinação 
											que, quando a primeira Armada 
											inimiga se propôs conquistar aquela 
											Ilha, sofreu o mais fundo revés, 
											deixando nos Campos da Salga, após o 
											desembarque efectuado, na madrugada 
											de 25 de Julho de 1581, cerca de mil 
											combatentes com todo o material 
											desembarcado e a perda de numerosas 
											embarcações que na operação se 
											haviam empenhado.
											
											
											Como documento do mais alto valor, 
											que define a têmpera e o carácter 
											desse homem e a patriótica 
											determinação do povo em que se 
											apoiava, transcreve-se parte da 
											carta, enviada por Ciprião de 
											Figueiredo a El-Rei de Castela, em 
											resposta à que recebera daquele, 
											exigindo, sob promessas de mercês e 
											honrarias, a entrega da Ilha às 
											forças invasoras. 
											
											«... 
											Quanto melhor vos fará estar em 
											vossos Reynos pacífico, vossos 
											vassallos quietos, amado de todos os 
											Reys christãos, e servido de todos 
											os seus; que com o que tendes feito 
											em Portugal: não somente os 
											christãos, mas todas as nações 
											infiéis vos terão intrínseco odio; 
											Cuydai quantos inocentes matastes 
											com o vosso exército; cuydai nas 
											honras das viuvas, e donzelas 
											roubadas, e nos gemidos que ante a 
											Divina Justiça estão pedindo de vós; 
											lembre-vos quantas casadas por 
											adulterio forçosas são apostatadas; 
											os templos de Deos que profanarão; 
											as Religiosas que deshonrarão; a 
											servidão em que pozestes os 
											moradores de Portugal; e finalmente 
											tudo o que nelle causastes, que Deos 
											tem tomado a sua conta e tomar-vol-a 
											com rigorosa justiça; como por um 
											Reyno que mais que todos do Mundo 
											nobilitou, dando-lhes as suas 
											sagradas chagas, com que nos Redemio, 
											por armas que foy signal e penhor de 
											nunca o desamparar; as cousas que 
											padecem os moradores desse affligido 
											Reyno, bastarão para nos desenganar 
											que os que estão fora desse pesado 
											jugo, quererião
											
											ANTES MORRER LIVRES, QUE EM PAZ 
											SUBJEITOS; nem eu darei aos 
											moradores desta Ilha outro conselho; 
											porque não perco a minha alma, nem 
											minha honra, que trocarei quantas 
											vidas tivera, e podera possuir por 
											morrer leal a meu Rey que jurei; 
											porque um morrer bem é viver 
											perpetuamente!...» 
											
											
											De tal modo se evidencia a nobreza 
											de sentimentos desse grande chefe, 
											que da carta se extraiu a divisa que 
											aquela Unidade adoptou e tem sabido 
											honrar, agora como sempre, nas 
											nossas Províncias Ultramarinas, 
											cobrindo-se de glória nas lutas em 
											que os seus soldados tomaram parte e 
											em que alguns já perderam a vida, 
											sacrificando-a galhardamente em 
											holocausto à Pátria.
											
											
											As medalhas e louvores que 
											conquistaram são testemunho 
											eloquente de que os soldados 
											açorianos sabem continuar, através 
											os tempos, a tradição gloriosa que 
											nesta Unidade se mantém, tão viva e 
											palpitante como nos épicos feitos 
											que a História consagrou para todo o 
											sempre.