Rui
Manuel da Fonseca Brandão de Freitas
Alferes Mil.º de
Operações Especiais
Comandante de pelotão da
Companhia de Cavalaria 2751
Batalhão de
Cavalaria 2923
«PERGUNTAI AO
INIMIGO QUEM SOMOS»
Moçambique: 30Ago1970 a 22Jan1971
(data do falecimento)
Cruz de Guerra de 3.ª classe
(Título póstumo)
Louvor Individual
(Título póstumo)
Rui Manuel da
Fonseca Brandão de Freitas, Alferes
Mil.º de Operações Especiais, n.º
02007867, nascido no dia 27 de
Outubro de 1946, na freguesia de
Paranhos, concelho do
Porto,
filho de José Joaquim Brandão de
Freitas e de Maria Lisete Rama da
Fonseca Freitas, solteiro;
Mobilizado pelo Regimento de
Cavalaria 4 (RC4 - Santa Margarida)
«PERGUNTAI AO INIMIGO QUEM SOMOS»
para
servir Portugal na Província
Ultramarina de Moçambique;
No dia 05 de Agosto de 1970, na Gare
Marítima da Rocha do Conde de
Óbidos, em Lisboa, embarca no NTT
‘Pátria’, como comandante de pelotão
da Companhia de Cavalaria 2751
(CCav2751)
do Batalhão de Cavalaria 2923
(BCav2923) «PERGUNTAI AO INIMIGO
QUEM SOMOS», rumo ao cais marítimo
de Porto Amélia, onde desembarca no
dia 31 de Agosto de 1970;
A sua subunidade de cavalaria,
comandada pelo
Capitão
de Cavalaria Carlos José de Campos
Andrada, após o desembarque foi
colocada no Chai, onde rendeu a
Companhia de Caçadores 2553
(CCac2553) do Batalhão de Caçadores
2881 (BCac2881) «OUSADOS»; guarneceu
com um pelotão a ponte sobre o Rio
Messalo;
Faleceu no dia 22 de Janeiro de
1971, na estrada Macomia – Chai, na
área do Monte das Oliveiras, em
consequência de ferimentos em
combate;
Tinha 24 anos de idade;
Está inumado no cemitério paroquial
da Foz do Douro, concelho do Porto.
Paz à sua Alma
Louvado, a título
póstumo, por feitos em combate no
teatro de operações na Província
Ultramarina de Moçambique, publicado
na Ordem de Serviço n.º 01, de 05 de
Janeiro de 1972, do Quartel-General
da Região Militar de Moçambique;
Agraciado, a
título póstumo, com a Medalha da
Cruz de Guerra de 3.ª classe, pela
Portaria de 13 e Fevereiro de 1972,
publicada na Ordem do Exército n.º 7
– 2.ª série, de 1972.
O seu nome está
gravado no
Memorial aos Combatentes do Porto na
Guerra do Ultramar, localizado
em Lordelo do Ouro, ao lado da
Capela do Senhor e Senhora da Ajuda.
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Cruz de Guerra de 3.ª classe
Alferes
Miliciano de Cavalaria
RUI MANUEL DA FONSECA BRANDÃO DE
FREITAS
CCav2751/BCav2923
- RC4
MOÇAMBIQUE
3.ª CLASSE (Título póstumo)
Transcrição do Despacho publicado na
Ordem do Exército n.º 7 – 2.ª série,
de 1972.
Por Portaria de 13 de Fevereiro de
1972:
Manda o Governo da República
Portuguesa, pelo Ministro da Defesa
Nacional condecorar, a título
póstumo, por proposta do Comandante
da Região Militar de Moçambique, o
Alferes Miliciano de Cavalaria, Rui
Manuel da Fonseca Brandão de
Freitas, da Companhia de Cavalaria
n.º 2751 do Batalhão de Cavalaria
n.º 2923 - Regimento de Cavalaria
n.º 4, com a medalha de Cruz de
Guerra de 3.ª classe, ao abrigo dos
artigos 14.º, 15.º , 16.º e 63.º do
Regulamento da Medalha Militar, de
20 de Dezembro de 1971.
Transcrição do louvor que originou a
condecoração.
(Publicado na Ordem de Serviço n.º
01, de 05 de Janeiro de 1972, do
Quartel-General da Região Militar de
Moçambique):
Que, por seu despacho de 29 de
Dezembro de 1971, louvou, a título
póstumo, o Alferes Miliciano de
Cavalaria, Rui Manuel da Fonseca
Brandão de Freitas, da Companhia de
Cavalaria n.º 2751 do Batalhão de
Cavalaria n.º 2923 - Regimento de
Cavalaria n.º 4, porque se
evidenciou pelas suas elevadas
qualidades morais, de carácter e de
honestidade, pondo ao serviço das
suas funções toda a sua notável
capacidade de trabalho e dando-se à
sua missão integralmente e com o
maior entusiasmo.
Mercê das qualidades apontadas,
conseguiu o Alferes Freitas que o
seu Grupo de Combate atingisse o
nível de instrução muito acima da
média e conseguiu transmitir ainda
aos seus homens o seu próprio
entusiasmo e a sua fé.
Estes factos estão na base do seu
excepcional comportamento em combate
durante cinco meses em que tanto ele
próprio, com todos os seus
subordinados, foram sempre
voluntários para todas as operações
ou missões da sua Companhia,
tendo-se salientado especialmente
nas operações "Desbaste", "Á Carga"
e "Entre Rios", e ainda num ataque à
ponte do rio Messalo, em 17 de
Janeiro de 1971, em que, debaixo de
fogo e face ao inimigo, mostrou a
serena energia que punha em todos os
seus actos, coragem, valentia,
desprezo pelo perigo e sangue-frio.
A par destas qualidades revelou
sempre o Alferes Freitas o melhor
bom senso e ponderação, facilidade
de ajuizar em todas as situações,
uma personalidade calma e vigorosa e
sentimentos humanos, o que, tudo
reunido, fez com que desfrutasse de
ascendente invulgar sobre todos os
subordinados da Companhia e da maior
amizade e estima de todos os
elementos do Batalhão que viam no
Alferes Freitas o representante real
de uma juventude determinada,
consciente e valorosa de quem o
Exército e a Pátria muito esperam.
A sua morte em combate, é uma dádiva
de todo o seu ser no altar da
Pátria, que a todos nós cabe honrar.
O Alferes Freitas, em todos os seus
actos, civis e militares, em combate
ou fora dele, honrou a Arma de
Cavalaria em que servia e o Exército
a que pertencia.
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Da
carta escrita aos Pais pelo
Comandante do Batalhão de Cavalaria
2923, Tenente-Coronel de Cavalaria
Leopoldo Severo Ferreira Pinto:
«Já
passaram longos dias sobre a morte
do vosso filho e poderão crer em
nenhum deles me esqueci ou deixei de
sentir a necessidade e a obrigação
de me dirigir aos seus pais para, em
meu nome pessoal e no de todos os
militares deste Batalhão de
Cavalaria, exprimir o profundo
desgosto e sofrimento que nos causou
a morte do vosso Filho, de tal modo
que no princípio nos recusamos pura
e simplesmente a admiti-la como
verdadeira. Para nossa mágoa tudo se
veio a confirmar.
Eu sei, e a minha experiência vai
sendo dura ao longo de cinco anos
que já suportei desta guerra, que
não há palavras de conforto que
compensem uma Mãe e um Pai da rudeza
da perda de um filho, mas também
posso afirmar que é pelas lições de
incrível grandeza deixadas por
jovens como o filho de V. Ex.ªs que
nós recebemos o pesadíssimo dever,
mas
também honroso, de não os deixar
morrer em vão.
«O vosso filho vincou neste Batalhão
uma linha de conduta ímpar sob todo
e qualquer ângulo em que possa ter
sido encarada a sua acção. Eu creio
que ao ter proposto que lhe fosse
atribuída a Medalha da Cruz de
Guerra e o louvor de que junto uma
cópia, defini o militar e o homem
excepcional que foi o Alferes Rui
Brandão de Freitas. Não foi o facto
de ter sido morto em combate que nos
levou a este sentimento em relação
ao vosso filho. Se vivesse, da mesma
forma lhe seriam aplicadas estas
palavras.
E concluiu:
«Peço que disponham de mim em tudo
quanto lhes possa ser útil e peço
ainda, creiam na
compreensão
da vossa dor e na consideração e
admiração que tenho por todos os
Pais que dão à Pátria Filhos com
grandeza moral do vosso Filho Rui e
que aceitem a expressão mais sincera
do nosso fundo pesar».
Tenente-Coronel
Leopoldo Severo
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É do seguinte teor o louvor a que
acima se faz referência:
Louvo a título póstumo o Sr. Alferes
Miliciano de Cavalaria Rui Manuel da
Fonseca Brandão de Freitas, porque
desde o início da formação da
Companhia de Cavalaria n.º 2751 em
Santa Margarida se evidenciou pelas
suas elevadas qualidades morais, de
carácter e de honestidade, pondo ao
serviço das suas funções toda a sua
notável capacidade de trabalho e
dando-se
à sua missão integralmente e
com o maior
entusiasmo.
«Mercê das qualidades apontadas
conseguiu o Alferes Freitas que o
seu grupo de Combate atingisse um
nível de instrução muito acima da
média e conseguiu transmitir ainda
aos seus homens o seu próprio
entusiasmo e a sua Fé. Estes factos
estão na base do seu excepcional
comportamento em combate na ZIN
durante cinco meses em que tanto ele
próprio como todos os seus
subordinados foram sempre
voluntários para todas as operações
ou missões da sua Companhia tendo-se
salientado especialmente nas
operações «DESBASTE», «À CARGA» e
«ENTRE RIOS», e ainda num ataque à
ponte do R. MESSALO em 17JAN71, em
que, debaixo de fogo e face ao
inimigo, mostrou a serena energia
que punha em todos os seus actos,
coragem, valentia, desprezo pelo
perigo e sangue frio. A par destas
qualidades revelou sempre o Alferes
Freitas o melhor bom senso e
ponderação, facilidade de ajuizar em
todas as situações, uma
personalidade calma e vigorosa e
sentimentos humanos, o que, tudo
reunido, fez com que disfrutasse de
ascendente invulgar sobre todos os
subordinados da Companhia e da maior
amizade e estima de todos os
elementos deste Batalhão que viam no
Alferes Freitas o representante real
de uma juventude determinada,
consciente e valorosa de quem o
Exército e a Pátria muito esperam.
«A sua morte em combate, simples e
instantânea como as suas decisões, é
uma dádiva de todo o seu ser no
Altar da Pátria que a todos nós cabe
honrar.
«O Alferes Freitas em todos os seus
actos, civis ou militares, em
combate ou fora dele, honrou a Arma
de Cavalaria em que servia e o
Exército a que pertencia».
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Da carta que o
Capelão Militar escreveu aos Pais,
em 25Jan1971
"O nosso Amigo
Freitas morreu como viveu, sempre
igual a si mesmo, sempre com um
sorriso nos lábios sempre cônscio e
responsável pelo cumprimento dos
seus deveres religiosos e militares.
Perdemos um amigo,
mas temos a firme certeza que
contibuará a sê-lo, e ainda mais,
junto de Deus"
Nasceu a
27-10-1946
Morto em combate
em Defesa da Pátria na Província de
Moçambique em 21-1-1971.
A bondade do seu
coração fê-lo estimado dos que o
conheceram e a sua memória será
abençoada.
(S.
Gregório)
A recordação das
sua virtudes servirá de exemplo, e
de consolação para os que choram a
sua ausência.
(S. Gregório)
Oração
Senhor, Vos
suplicamos, segundo a Vossa
misericórdia tende piedade da alma
do Vosso servo Rui, e, depois de
haverdes purificado de todo o
contágio de morte, dignai-Vos
restituir-lhe a herança da salvação
eterna.
Por Nosso Senhor
Jesus Cristo. Assim seja.