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GUINÉ - José Martins

José da
Silva Marcelino Martins
ex- Furriel Miliciano
de Transmissões de Infantaria
Companhia de
Caçadores 5
Nova Lamego e
Canjadude (Guiné 1968/1970)
josesmmartins@sapo.pt
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10Nov2018
Recordações de Guerra: Hino da Companhia de
Caçadores nº 5 da Guiné.
Foi criado em 1969 e
cantado até hoje, porque não esquecemos o nosso hino,
apesar de já terem passado 49 anos.
Houve ninhadas
sucessivas de Gatos Pretos, em Canjadude, até 20 de
Agosto de 1974. |
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Hino dos Gatos Pretos (CCac5)
MADINA DO
BOÉ
(Contributo
para a sua história)
in: Revista "Combatente",
Edição 337, Setembro de 2006
Parte I
Do Autor:
"...
escrito em Janeiro do ano corrente, ...
Destinava-se a homenagear aqueles que, no
fatídico dia 6 de Fevereiro de 1969,
perderam a vida na simples travessia de um
rio, na passagem do 37º aniversário do
acidente.
..."
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Para uma melhor
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Parte I

MADINA DO BOÉ
(Contributo para a sua história)
Escrever sobre a Região do Boé é,
sobretudo, invocar a coragem e tenacidade dos
homens que por lá
passaram, em quadrícula ou em operações,
escoltas e acções de combate. As forças que
desenvolveram acções na zona partiam de Nova
Lamego, passando por Canjadude e atravessavam o
rio Corubal na zona do Che-Che.
Salvaguardando a existência ou
passagem, ainda que efémera, de tropas
portuguesas naquelas paragens encravadas entre o
Rio Corubal e a fronteira com a Guiné Conacri
anteriores a 1961, tentamos seguir, com as
pistas de que dispúnhamos, o percurso seguido
por aqueles que, integrados em unidades da
guarnição normal ou, mais tarde, nas unidades de
reforço, tudo fizeram para cumprir a missão que
lhes foi confiada. Antes do início das
hostilidade na Guiné, o seu quadro orgânico era
formado por unidades da guarnição normal
constituídas por quadros e especialistas
metropolitanos e praças do recrutamento
provincial, havendo, sempre que fosse
necessário, o recurso a forças expedicionárias
oriundas da Metrópole.
OS HOMENS E AS UNIDADES
3.ª Companhia de Caçadores
Indígenas
Foi constituída em 01Fev61, como
unidade da guarnição normal do GIG, formada por
quadros metropolitanos e praças indígenas do
recrutamento local, iniciando a sua formação
adstrita à 1.ª CCaçl. Em 01Ago61, com a
constituição de dois pelotões, substitui a 1.ª
CCaçl na guarnição de Nova Lamego. Desloca
elementos para guarnição de várias localidades
do Sector Leste, por períodos e constituição
variáveis, sendo de destacar as localidades de
Che-Che, Béli e Madina do Boé. Passou a
guarnecer, em permanência as localidades de Béli
e Madina do Boé instalando, em 06Mai63, um
pelotão em cada localidade. Em 01 Abr67 passa a
designar-se por CCAÇ 5.
Companhia de Caçadores 90
Mobilizada pelo RI 7 (Leiria),
desembarca em Bissau a 03Mai61, seguindo para
Bafatá, onde, a 13, assume a responsabilidade da
zona desde oeste de Farim até Madina do Boé,
coordenando a sua acção com a 3.ª CCaçl. Foi
rendida em 10Abr63 pela CCAÇ 412, regressando à
metrópole.
Batalhão de Caçadores 238
Mobilizado no BC 8 (Elvas) era
formado pelo comando reduzido quando, em 06Jul61
chegou à Guiné. Em 19, com a chegada dos
elementos de recompletamento passou a comando
completo e assumiu a coordenação da zona Leste,
a partir de uma linha de Cambajú-Xime-rio
Corubal até á fronteira da Guiné-Conakri e
Senegal. Em 22Ju163 foi rendido pelo BCAÇ 506 e
regressou à metrópole.
Companhia de Cavalaria 252
Formada no RC 3 (Estremoz),
chegou a Bissau a 16Ago61. Em 23 atribuiu dois
pelotões para reforço do BCav 238, sediado em
Bafatá, tendo essa força seguido para o
subsector de Nova Lamego. Distribuiu efectivos
por várias localidades da área. Os pelotões
destacados foram retirados em Fev62. Regressou à
metrópole em 04Nov963.
Companhia de Caçadores 84
Ficou em Bissau quando chegou à
Guiné, em 06Abr61, oriunda do RI1 (Amadora). Em
15Fev62 foram atribuídos pelotões ao BCAÇ 238
destacados para Nova Lamego, em reforço.
Regressou à metrópole em 09Abr63.
Batalhão de Caçadores 506
Chegou em 20Jul63, oriunda do RI
2 (Abrantes). Em 22, rende o BCAÇ 238 e assume a
zona Leste, à qual foi acrescentada a região do
Boé. Com a entrada em sector do BCAÇ 697 viu a
sua zona de acção reduzida dos subsectores de
Bambadinca e Xitole. Após nova remodelação, em
11Jan65, deixa de ter os subsectores de Nova
Lamego, Piche e Pirada que passaram para o BCAÇ
512. Regressou à metrópole em 29Abr65.
Companhia de Caçadores 727
Formada no RI 16 (Évora), chegou
à província em 140ut64, tendo feito a instrução
de adaptação operacional em CóPelundo e Prábis.
Em 18Nov cede um pelotão ao BCAÇ 506, que foi
reforçar a guarnição de Madina do Boé. Em 05Dez
foi transferida para reforço e reserva do BCAÇ
512, mantendo um pelotão em Madina. Tomou parte
em diversas operações levadas a cabo na região
de Nova Lamego e Madina do Boé, sendo de
salientar a emboscada na estrada Madina-Gobige,
em 30Jan65, que causou grande número de baixas
ao inimigo. Foi rendida pela CArt 731 na missão
de intervenção em 19Fev65. Regressou à metrópole
em 07Ago66.
Batalhão de Caçadores 512
Formado no RI 7 (Leiria), chegou
a Bissau em 22JuI63. Em 29Dez64 é colocado no
sector de Nova Lamego, que abrange os
subsectores de Piche, Pirada e Nova Lamego. Com
a atribuição de novas companhias, foram criados
os subsectores de Canquelifá (em 25Fev65), de
Bajucunda (em 11Mar65), de Madina do Boé e de
Buruntuma (em 23Mai65). Em 01Jun65 foi rendido
pelo BCav 705, regressando à metrópole em
12Ago65.
Companhia de Artilharia 731
Pertencia ao BArt 733, mobilizado
no RAL 1 (Lisboa) e chegou à Guiné em 14Out64.
Em 19Fev65 foi dada de reforço ao BCaç 512,
substituindo a CCaç 727, em Nova Lamego, onde se
manteve até 23Mai63. Voltou temporariamente ao
subsector de Nova Lamego, com a missão de
reforço e intervenção, em 24Jun65, sendo rendida
em 07Jul pela CCaç 817. Regressou à metrópole em
07Ago66.
Companhia de Cavalaria 704
Era uma das subunidades do BCav
705, formado no RC 7 (Lisboa), que chegou à
Guiné em 24Jun64. Em 18Jan65 cedeu dois pelotões
para reforço do BCaç 512, vindo a ser
transferida para o sector de Nova Lamego em
05Fev, sendo utilizada no reforço a Bajucunda,
Madina do Boé, ponte do rio Caium e Béli, por
curtos períodos. Foi rendida pelo pela CCaç 1417
e regressou à metrópole a 14Mai66.
Companhia de Cavalaria 702
Era outra das subunidades do BCav
705. Em 22Mai65 iniciou o deslocamento das suas
forças para Madina do Boé, instalando em 25 um
pelotão em Béli, rendendo os pelotões da 3.ª
CCaçl. Assumiu a responsabilidade do subsector
de Madina do Boé, criado na mesma data. Em
04Mai66 foi rendida pela CCaç 1416 e regressou à
metrópole a 14.
Batalhão de Cavalaria 705
Mobilizado no RC 7 (Lisboa),
desembarcou na Guiné em 24Jul64. Rendeu em
01Jun65 o BCaç 512 no sector de Nova Lamego, que
abrangia os subsectores de Pirada, Bajocunda,
Canquelifá, Buruntuma, Piche, Madina do Boé e
Nova Lamego. Foi rendido pelo BCav 1856 em
01Mai66 e regressou à metrópole a 14.
Companhia de Caçadores 1416
Mobilizada pelo RI 1 (Amadora),
integra o BCaç 1856 e chega a Bissau em 06Ago65.
Rumou a Nova Lamego em 13, ficando como reserva
do BCav 705. Em 27Abr66 seguiu para Béli a fim
de tomar parte na Operação "Lumiar" e em 04Mai
assume a responsabilidade do subsector de Madina
do Boé, substituindo a CCav 702, mantendo forças
destacadas em Béli e Che-Che, este até 27Jan67.
Tendo sofrido fortes e numerosas flagelações,
foi rendida em 10Abr67 pela CCaç 1589,
regressando à metrópole a 15.
Batalhão de Caçadores 1856
Mobilizado pelo RI 1 (Amadora),
chegou a Bissau em 06Ag065. Em 02Mar66 o comando
foi instalado em Nova Lamego, tendo em vista a
substituição do BCav 705. A 01 Mai assumiu o
sector de Nova Lamego, Sector L3, abrangendo os
subsectores de Bajocunda, Canquelifá, Piche,
Buruntuma, Madina do Boé e Nova Lamego. Foi
rendido pelo BCav 1915 em 15Abr67, regressando
de imediato à metrópole.
Companhia de Caçadores 1546
Integrada no BCaç 1887 e
mobilizada no Rl1 (Amadora), chega à Guiné em
13Mai66. Depois da instrução de adaptação
operacional (lAO) foi colocada em Nova Lamego
onde, em 13Ago65, fica como unidade de
intervenção e reserva do Comando Chefe para
actuar na zona Leste. Realizou operações nas
regiões de Bucurés/Camajabá, Madina do Boé,
Che-Che e Béli, às ordens do BCaç 1856 e
Agrupamento 24. Em 200ut68 deixou a zona Leste e
regressou à metrópole em 25Jan68.
Companhia de Caçadores 1586
Mobilizada pelo RI 2 (Abrantes),
desembarcou em Bissau a 04Ago66, seguindo para
Piche onde assumiu a responsabilidade do
respectivo subsector. A 21Set66 passou a unidade
de intervenção e reserva do sector Leste,
realizando operações e destacando pelotões para
reforço das unidades em quadrícula, nomeadamente
Nova Lamego, entre 1 OOut e princípios de Dez66;
Madina do Boé entre 1 OFev e 01 Mai67; e Béli
entre 25Jan e 15Abr67. Em 280ut67, integrou as
forças do subsector temporário de Canjadude,
onde se manteve até 04Dez67. Regressou à
metrópole a 09Mai68.
Esquadrão de Reconhecimento 1578
Mobilizado pelo RC 8 (Castelo
Branco), chegou à Guiné em 13Mai66. De 230ut a
04Dez67 assumiu a responsabilidade do subsector
temporário de Canjadude, reforçado com pelotões
da CCaç 1586, com vista a eliminar a pressão
exerci da pelo inimigo na região a sul do
regulado de Canha. Regressou à metrópole em
25Jan68.
Companhia de Caçadores 1589
Mobilizada pelo RI 15 (Tomar),
chegou à Guiné a 04Ago66 com o BCaç 1894, a que
pertencia. Em 16Dez66 foi instalada em Fá
Mandinga à disposição do Comando-Chefe para
intervenções na zona Leste, tendo realizado
operações nas regiões do Xime, Sarauol, Nova
Lamego, Madina do Boé e Enxalé. A 25Mar67
destacou um pelotão para o aquartelamento de
Béli; e em 07 Abr67 foi substituir a CCaç 1416
em Madina do Boé, assumindo a responsabilidade
do subsector em 10Abr67. Foi rendida pela CCaç
1790 em 20Jan68 em Madina do Boé, e a 12Fev em
Béli, tendo os aquartelamentos sofrido fortes e
constantes flagelações, especialmente no período
entre Junho e Dez67. Regressou à metrópole em
09Mai68.
Companhia de Caçadores 1417
Mobilizada pelo RI 2 (Abrantes),
pertencia ao BCaç 1856 e desembarcou em Bissau a
04Ago66. Destacou, entre 25Jan a 26Mar67, um
pelotão para Béli, em reforço da guarnição
normal. Regressou à metrópole em 15Abr67.
Companhia de Caçadores 5
Em 01Abr67, a 3a CCaçl passa a
designar-se CCaç 5 e, mantendo a sede em Nova
Lamego, tem pelotões destacados em Canjadude,
Cabuca e Che-Che. Com a criação do subsector de
Canjadude em 14Ju168, passa a guarnecer este
aquartelamento, tendo sido reforçada com a CArt
2338, que destacou um pelotão para a guarnição
do Che-Che, até à sua desactivação em 06Fev69.
Tomou parte em diversas operações na área, assim
como em escoltas para Che-Che, Madina do Boé e
Béli, mantendo um pelotão em Cabuca e outro em
Nova Lamego, até 26Mar69, data em que reúne
todos os elementos no aquartelamento e sai a
CArt 2338. Em 19Jan69, uma força constituída por
5 Grupos de combate (2 da CCaç 5 e 3 da CArt
2338) escoltou a coluna que transportava três
canoas para a construção da jangada no Che-Che.
A coluna incluía o Pelotão de Reconhecimento
Daimler 1258 e um pronto-socorro, o que
permitiu recuperar uma Auto-Metralhadora FOX
acidentada anteriormente. A unidade permaneceu
em Canjadude até 20 Ago74, data em que foi
desactivada e extinta e as suas instalações
entregues ao PAIGC.
Companhia de Cavalaria 1662
Mobilizada no RC 7 (Lisboa)
desembarcou na Guiné em 06Fev67. Em 7 foi
colocada em Nova Lamego para efectuar o treino
operacional, substituindo a CCaç 1589 na função
de intervenção e reserva do sector. Em 06Abr67
foi deslocada para Piche, mantendo um pelotão em
reforço da guarnição de Nova Lamego até 30 desse
mês, fazendo deslocar esse pelotão para Madina
do Boé em reforço da guarnição local até
04Nov67. Regressou à metrópole a 19Nov68.
Batalhão de Cavalaria 1915
Formado no RC 3 (Estremoz), chega
a Bissau a 14Abr67. A 15 assume a
responsabilidade do sector L3, com sede em Nova
Lamego, que incluía os subsectores de Bajocunda,
Canquelifá, Buruntuma, Piche, Madina do Boé e
Nova Lamego, sendo alargada com o subsector de
Pirada em 01 Ju167. Foi rendido pelo BCaç 1933
em 11 Out67 e regressou à metrópole a 03Mar69.
Companhia de Cavalaria 1693
Formada no RC 3 (Estremoz),
chegou à Guiné em 15Abr67. Iniciou logo o treino
operacional no sector de Nova Lamego, onde
substituiu a CCaç 1662 na missão de intervenção
e reserva. Foi utilizada em diversas missões de
reabastecimento a aquartelamentos da região do
Boé, assim como reforçou por curtos períodos e a
nível de pelotão, localidades como Geba, Piche,
Cabuca, Ponte do rio Caium e Canjadude. Foi
rendida no sector em 20Set67 pela CArt 1742,
regressando à metrópole em 02Mar69.
Companhia de Milícias 15
Foi criada em Pirada, em Mar65,
sendo enviada para Madina do Boé em Jun67, para
reforço das forças ali estacionadas. Não existe
registo para onde foi transferida depois de
retirada de Madina. Foi desactivada em Dez71 .
Companhia de Artilharia 1742
Mobilizada no RAL 5 (Penafiel),
chegou à Guiné em 30Ju167. Em 14Set é atribuída
ao Batalhão que comanda o sector de Nova Lamego
para a missão de intervenção e reserva do
sector. Tomou parte em operações realizadas nas
zonas de Ganguiró, Canjadude, Cabuca e Sinchã
Jobel, além de fazer escoltas a colunas para
Béli, Che-Che e Madina do Boé. Foi rendida no
sector em 13Abr68, regressando à metrópole em
20Jun69.
Batalhão de Caçadores 1933
Formado no RI 15 (Tomar), chegou
à província em 030ut67. A 11 assumiu a
responsabilidade do sector de Nova Lamego, que
abrangia os subsectores de Bajocunda, Buruntuma,
Canquelifá, Piche, Madina do Boé e Nova Lamego.
Entre 230ut e 04Dez67, foi criado o subsector
temporário de Canjadude. Foi rendido em
Nova Lamego pelo BCaç 2835, regressando à
metrópole em 20Ago69.
Companhia de Caçadores 1790
Formada no RI 15 (Tomar), chegou
à província em 030ut67, integrada no BCaç 1933.
Em 08Jan68 assume a responsabilidade do
subsector de Madina do Boé, tendo em 09Fev
instalado um pelotão em Béli, onde se manteve
até 15Jun68, retirando os seus homens para
Madina. O destacamento de Madina do Boé foi
abandonado em 06Fev69 e o subsector extinto.
Durante a passagem do rio Corubal perdeu 28
militares. Regressou à metrópole em 20Ago69.
Batalhão de Caçadores 2835
Mobilizado no RI 15 (Tomar),
chegou à província 24Jan68. Tendo sido colocado
no sector de Nova Lamego em 21 Fev, assumiu a
coordenação dos subsectores de Canquelifá,
Piche, Pirada, Buruntuma, Bajucunda, Madina do
Boé e Nova Lamego. A 14Jul são acrescentados ao
sector L3, os subsectores de Canjadude e Cabuca,
tendo sido reduzido dos subsectores de Piche,
Canquelifá, Buruntuma e Bajucundo, por ter sido
criado o sector L4; e em 04Fev do subsector de
Madina do Boé, por extinção e retracção de
forças. Regressou à metrópole em 04Dez69.
Pelotão de Reconhecimento Daimler
1258
Mobilizado no RC 6 (Porto),
chegou à Guiné em Nov67, ficando instalado em
Bissau. Em Abr68 foi transferido para apoio ao
sector l3, com sede em Nova Lamego, tendo tomado
parte em diversas escoltas, nomeadamente em
colunas ao Che-Che, no transporte das canoas
para a construção de uma jangada, e noutras de
preparação para a retracção das nossas forças de
Madina do Boé.
Companhia de Artilharia 2338
Com a criação do subsector de
Canjadude foi deslocada de Nova Lamego, onde
tinha funções de intervenção e reserva do
batalhão, para este aquartelamento, em reforço
da CCaç 5. Deslocou um pelotão para o Che-Che em
substituição do pelotão da CCaç 5, até 06Fev69,
aquando da Operação Mabecos Bravios, que retirou
as tropas portuguesas de Madina do Boé e deste
aquartelamento. Voltou a Nova Lamego em 26Mar69,
regressando à metrópole em 04Dez69.
Companhia de Caçadores 2403
Mobilizada com o BCaç 2851 no RI
1 (Amadora), chega à província em 29Ju168.
Estando no subsector de Piche, entre os dias 02
e 08Fev69 toma parte na Operação Mabecos
Bravios, que procedeu à retirada das forças que
guarneciam o subsector de Madina do Boé.
Regressou à metrópole em 20Mai70.
Companhia de Caçadores 2405
Mobilizada com o BCaç 2852
no RI 2 (Abrantes), chega à Guiné em
30Ju168. Estando colocada em Galomaro, entre os
dias 02 e 08Fev69 toma parte na Operação Mabecos
Bravios, que procedeu à retirada das forças que
guarneciam o subsector de Madina do Boé.
Durante a passagem do rio Corubal perdeu 17
militares. Regressou à metrópole em 16Jun70.
Companhia de Caçadores 2436
Mobilizada com o BCaç 2856
no RI 2 (Abrantes), chega à Guiné em 200ut68.
Estando colocada em Contubuel, entre os dias 02
e 08Fev69 toma parte na Operação Mabecos
Bravios, que procedeu à retirada das forças que
guarneciam o subsector de Madina do Boé.
Regressou à metrópole em 01 Out70.
O LOCAL
Conheci Madina do Boé numa altura
em que regressava ao aquartelamento da minha
unidade, a Companhia de Caçadores 5 estacionada
em Canjadude, indo de Nova Lamego onde tinha
estado, já não me recordo, se em serviço ou no
regresso de férias. Viajava num Dornier e
conheci o aquartelamento do ar. Sei que
só aterrámos depois de dois bombardeiros T-6,
que nos escoltaram a partir da altura do Rio
Corubal, terem feito uma observação dos locais
onde era normal estarem e/ou atacarem o
aquartelamento os elementos do PAIGC. íamos
buscar o Padre Libório, Alferes Capelão
do Batalhão de Caçadores 2835, que tinha estado
junto daquela unidade durante alguns dias.
As instruções do Furriel que
pilotava a aeronave foram precisas: "assim que
o aparelho parar saltas e corres para
junto dos abrigos" .
Assim fizemos e, ao chegar junto
dos militares que não tinham saído dos abrigos,
fomos recebidos com algumas dezenas de abraços e
palmadas nas costas daqueles homens que, só
muito raramente, viam alguém que não fossem os
seus camaradas habituais. Das manifestações
havidas, já não sei se foram de boas vindas ou
de despedida, pois o tempo de permanência
da "DO" em terra teria que ser mínimo.
Do local ficou-me a sensação de
que era uma terra inóspita, sem população civil
e, portanto, apenas a teimosia de alguém que não
sabe o que é "estar no terreno de
operações" fazia permanecer tropas naquele
local.
A guerra que travávamos tinha
como primeiro objectivo captar a simpatia e
apoio das populações, transmitir-lhe alguns
ensinamentos e, sobretudo, prepará-Ias para "Um
Futuro numa Guiné melhor". Neste cenário não
havia razão para sacrificar aqueles homens ao
isolamento e ao sofrimento da incerteza da
"sorte das armas".
A RETIRADA
A saída da zona do Boé começou a
15 de Junho de 1968, com o
desmantelamento do destacamento de Béli,
guarnecido por uma força destacada de Madina do
Boé. Participei nessa operação com uma certa
apreensão, pois ainda não estava há duas semanas
na Guiné, para visitar os destacamentos de
Canjadude e Che-Che, locais que se encontravam
guarnecidos por forças da CCaç 5, unidade em que
fora colocado como Sargento de Transmissões.
A minha missão terminava no
Che-Che. Aí ficaria a aguardar o regresso
da coluna que, depois de proceder ao
desmantelamento de Béli e deslocar a guarnição
para Madina do Boé, voltaria, pelo mesmo e único
caminho, a Nova Lamego. Senti o
nervosismo do pessoal que ia na primeira leva na
jangada, com a função de ocupar posições na
outra margem e montar a segurança, para
continuar a passagem do restante da coluna. Só
os meios aéreos poderiam antecipar dados que
permitissem cambar o rio com relativa
segurança.
Já não assisti ao regresso da
coluna nem aos trabalhos da passagem para a
margem norte do Corubal, pois
a minha primeira crise de paludismo originou
novo baptismo: a evacuação aérea em Alouette 11I
para Nova Lamego. Dias mais tarde assisti ao
regresso da coluna e, naturalmente, à
descompressão das tropas utilizadas nessa
operação. Toda esta manobra obedecia a uma
directiva, a n° 1/68, do Comandante-Chefe
recentemente empossado, o então
Brigadeiro António de Spínola, que previa a:
"Remodelação do dispositivo da
região do Boé:
1. É intenção do Comando-Chefe
remodelar com a maior brevidade o dispositivo
das Nossas Tropas (NT) na região do Boé,
transferindo o aquartelamento de Madina do Boé
para local mais adequado, na região do Che-Che.
2. Confirma-se a ordem dada ao
Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG)
no sentido de recolher imediatamente a Madina do
Boé o destacamento de Béli, devendo ser
destruídas as instalações e material que não for
recu perável.
3. O CTIG e o Comando da Zona
Aérea de Cabo Verde e Guiné (CZACVG) procederá
imediatamente a um reconhecimento da região do
Che-Che, em ordem a escolher o local do novo
aquartelamento, que deverá satisfazer às
seguintes condições: a) Situar-se em área chave
da região do Che-Che, que permita o lançamento
de acções dinâmicas na região do Boé e na margem
norte do Rio Corubal e, se possível, que dê
garantias de segurança à passagem deste rio no
Che-Che (jangada); b) Ter uma boa pista de
aterragem para aviões Dakota; c) Oferecer boas
condições de defesa do aquartelamento, que deve
ser planeado com vistas a transformar-se numa
grande
base operacional.
4. Desejo deslocar-me à região
conjuntamente com os elementos que forem estudar
o problema.
5. Desejo ser informado sobre a
possibilidade de realizar esta transferência
durante a época das chuvas.
Bissau, 8 de Junho de 1968
O Comandante-Chefe
António Sebastião Ribeiro de
Spínola, brigadeiro"
O DESASTRE DO CHE-CHE
Constou, na altura, que tinha
havido uma alteração na "ordem de operações".
Previa-se que, aquando da travessia do Corubal,
as últimas unidades a atravessar o rio seriam as
de armas pesadas, ao contrário do que se
verificou, que foram tropas de infantaria.
A jangada, durante a noite,
efectuou viagens consecutivas entre as duas
margens, transportando viaturas e equipamento
militar retirado de Madina, assim como muito do
pessoal que compunha a escolta à coluna, até
que, já ao amanhecer apenas faltava transportar
para o lado norte do Rio Corubal quatro grupos
de combate, cerca de 120 homens, que pertenciam
à CCaç 1790 e à CCaç 2405.
Apesar de todas as normas
apontarem para que apenas fossem transportados
dois. grupos de combate de cada vez, para
garantir que a travessia se fazia em segurança e
sem riscos desnecessários, foi dada ordem para
que todo o efectivo que aguardava transporte
entrasse na jangada para ser transportado,
baseado numa única justificação: "ganhar tempo".
Foi com visível desagrado que o
oficial responsável pela coordenação da
travessia, assim como dos graduados que
comandavam os grupos de combate, assistiram e
ouviram a ordem de que todo o efectivo devia
embarcar, que, apesar das justificações
apresentadas em sentido contrário, não demoveram
quem deu "a ordem de embarque" para a derradeira
viagem daquela jangada.
Mal a jangada se afastou da
margem, ainda não estavam percorridos dez
metros, já a mesma se afundava e projectava para
as águas do rio os que nela se encontravam.
A grande preocupação foi a ajuda
aos que tinham caído à água, pois transportavam
consigo todo o equipamento normal numa missão de
patrulhamento que, além da arma, do cantil e do
bornal, incluía as munições de reserva, não só
para as armas ligeiras, mas também para as
bazucas e para os morteiros. Naquela tarde de 6
de Fevereiro de 1969, o Corubal roubou a todos e
a cada um de nós, quarenta e sete amigos e
camaradas, dos quais poucos viriam a ser
encontrados e sepultados nas margens do Rio
Corubal.
OS HERÓIS / MARTIRES
É com emoção que, quando falo ou
escrevo sobre este tema, me perfilo em
continência, os meus lábios murmuram uma breve
oração e me curvo perante a memória daqueles que
não voltaram e cujo espírito permanece sobre as
águas do Rio Corubal:
Furriéis Milicianos:
Carlos Augusto da Rocha, natural
de Angústias - Horta - Açores - CCaç 1790
Gregório dos Santos Corvelo
Rebelo, natural de Terra Chã - Angra do Heroísmo
- Açores - CCaç 2405
Primeiros-cabos:
Alfredo António Rocha Guedes,
natural de Vila Jusa - Mesão Frio - CCaç 2405
Augusto Maria Gamito, natural de
S. Francisco da Serra - Santiago do Cacém - CCaç
1790
Francisco de Jesus Gonçalves Ferreira,
natural de Tortosendo - Covilhã - CCaç 1790
Joaquim Rita Coutinho, natural de
Samora Correia - Benavente - CCaç 1790
José Antunes Claudino, natural de
Alcanhões - Santarém - CCaç 2405
José Simões Correia de Araújo,
natural de Telhado - Vila Nova de Famalicão -
CCaç 1790
Luís Francisco da Conceição Jóia,
natural de Alvor - Portimão - CCaç 1790
Soldados:
Alberto da Silva Mendes, natural
de Sande - Guimarães - CCaç 2405
Alfa Jau, natural da Guiné - CCaç
1790
Américo Alberto Dias Saraiva,
natural de S. Sebastião da Pedreira - Lisboa -
CCaç 1790
Aníbal Jorge da Costa, natural de
Rossas - Vieira do Minho - CCaç 1790
António Domingos Nascimento,
natural de Santa Maria - Trancoso - CCaç 2405
António dos Santos Lobo, natural
de Favaios do Douro - Alijó - CCaç 1790
António dos Santos Marques,
natural de Lorvão - Penacova - CCaç 2405
António Jesus da Silva, natural
de Arazedo - Montemor-o-velho - CCaç 2405
António Marques Faria, natural de
Telhado - Vila Nova de Famalicão - CCaç 1790
António Martins de Oliveira,
natural de Rio Tinto - Gondomar - CCaç 1790
Augusto Caril Correia, natural de
Santa Cruz - Coimbra - CCaç 1790
Avelino Madail de Almeida,
natural de Glória - Aveiro - CCaç 1790
Celestino Gonçalves Sousa,
natural de Poiares - Ponte de Lima - CCaç 1790
David Pacheco de Sousa, natural
de Lustosa - Lousada - CCaç 1790
Francisco da Cruz, natural de
Lebução - Valpaços - CCaç 2405
Joaquim Nunes Alcobia, natural de
Igreja Nova - Ferreira do Zêzere - CCaç 1790
Joel Santos Silva, natural de
Guisande - Vila da Feira - CCaç 1790
José da Silva Coelho, natural de
Recarei - Paredes - CCaç 1790
José da Silva Góis, natural de
Meãs do Campo - Montemor-o-novo - CCaç 2405
José da Silva Marques, natural de
Marmeleira - Mortágua - CCaç 2405
José de Almeida Mateus, natural
de Santa Comba Dão - CCaç 1790
José Fernando Alves Gomes,
natural de Carvalhosa - Paços de Ferreira - CCaç
1790
José Ferreira Martins, natural de
Pousada de Saramagos - Vila Nova de Famalicão -
CCaç 1790
José Loureiro, natural de S. João
de Fontoura Resende - CCaç 2405
José Maria Leal de Barros,
natural de Vilela - Paredes - CCaç 1790
José Pereira Simão, natural de
Salzedas - Tarouca - CCaç 2405
Judite Embuque, natural de Guiné
- CCaç 1790
Laurentino Anjos Pessoa, natural
de Sonim - Valpaços - CCaç 2405
Manuel António Cunha Fernandes,
natural de Arão - Valença do Minho - CCaç 1790
Manuel Conceição Silva Ferreira,
natural de Pombalinho - Santarém - CCaç 2405
Manuel da Silva Pereira, natural
de Penude - Lamego - CCaç 1790
Octávio Augusto Barreira, natural
de Suçães - Mirandela - CCaç 2405
Ricardo Pereira da Silva, natural
de Serzedo - Vila Nova de Gaia - CCaç 1790
Tijane Jaló, natural de Piche -
Gabu - CCaç 1790
Valentim Pinto Faria, natural de
Valdigem - Lamego - CCaç 2405
Victor Manuel Oliveira Neto,
natural de Buarcos - Figueira da Foz - CCaç 2405
Civis:
Um caçador nativo não
identificado.
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