Carlos Fontes de
Carvalho,
Furriel Mil.º de Cavalaria, do ECav252
"Pouco se fala hoje
em dia nestas coisas mas é bom que para
preservação do nosso orgulho como Portugueses,
elas não se esqueçam"
Barata da Silva, Vice-Comodoro
HONRA E GLÓRIA |
Imagem cedida pelo
veterano Miguel Velez de Oliveira |
 Carlos
Fontes de Carvalho
Furriel Mil.º de Cavalaria
Esquadrão de Cavalaria 252
«GUINÉ PORTUGUESA»
Subunidade de Cavalaria considerada
pela rádio de Dacar (Senegal) como o «Esquadrão
Vagabundo»
Guiné:
16Ago1961 a 06Nov1963
Cruz de Guerra de 1.ª classe
Louvor Individual e Colectivo
Carlos Fontes de Carvalho, Furriel Mil.º
de Cavalaria;
Mobilizado
pelo Regimento de Cavalaria 3 (RC3 –
Estremoz) «DRAGÕES DE OLIVENÇA» - «…NA
GUERRA CONDUTA MAIS BRILHANTE» para
servir Portugal na Província Ultramarina
da Guiné;
No
dia 10 de Agosto de 1961, na Gare
Marítima da Rocha do Conde de Óbidos,
embarcou num navio de transporte de
tropas, integrado no Esquadrão de
Cavalaria 252 «GUINÉ PORTUGUESA», rumo
ao estuário do Geba (Bissau), onde
desembarcou no dia 16 de Agosto de 1961;
A
sua subunidade de cavalaria,
inicialmente, ficou
colocada
em Bissau, tendo destacado, em 23 de
Agosto de 1961, dois pelotões para
Bafatá, em reforço do Batalhão de
Caçadores 238 (BCac238) e cujos
efectivos foram distribuídos, a partir
de 5 de Setembro de 1961, por Piche,
Buruntuma e Canquelifá e por Nova
Lamego, Cabuca, Bajocunda e Pirada; em
28 de Agosto
de
1961, mantendo os dois pelotões na zona
Leste, a subunidade foi transferida para
Bula, ficando integrada no dispositivo e
manobra do Batalhão de Caçadores 239
(BCac239), actuando em acções de
soberania e de contacto com as
populações em diversas localidades da
zona Norte, com efectivos dispersos, por
períodos variáveis, em São Domingos,
Ingoré, Susana, Varela e outras; em 15 e
18 de Fevereiro de 1962, os dois
pelotões destacados na zona Leste
recolheram a Bula, tendo um pelotão
ocupado Mansabá, de 16 de Fevereiro até
16Fev62 até 30 de Setembro de 1962, com
secções instaladas em Farim, Cuntima,
São Domingos, por períodos variáveis e
outro instalado em Caió, de Agosto a 12
de Outubro de 1962, o qual seguidamente,
se deslocou para São Domingos; neste
período, a subunidade tomou parte em
diversas acções de batida e
patrulhamento nas regiões de Churo, Óio
e Biambe, entre outras; em 12 de Janeiro
de 1963, foi colocada em
São
Domingos, assumindo a responsabilidade
de um subsector criado a norte do rio
Cacheu,
desde Varela, Susana, São Domingos,
lngoré até Farim, e depois
sucessivamente reduzido das áreas de
Farim, em 23 de Fevereiro de 1963 e
Ingoré, em 28 de Julho de 1963, por
entrada em sector de outras subunidades,
ainda na dependência do Batalhão de
Caçadores 239 (BCac239) e depois do
Batalhão de Caçadores 507 (BCac507) onde
se realizou patrulhamentos, batidas e
outras acções contra o inimigo, bem como
tomou parte em operações
realizadas
nas regiões de Biambe, Binar e Bissorã;
em 10 de Agosto de 1963, foi rendida no
subsector de São Domingos pela Companhia
de Artilharia 349 (CArt349),
e
foi colocada em Bula, como subunidade de
intervenção e reserva do Batalhão de
Caçadores 507 (BCac507); em 4 de
Novembro de 1963, foi rendida pela
Companhia de Cavalaria 567 (CCav567) «A
GALOPE E CORAÇÃO AO ALTO» e recolheu a
Bissau para embarque de regresso.
Louvado por feitos em combate no teatro
de operações da Guiné, publicado na
Ordem de Serviço n.º 19, de 10 de
Outubro de 1963, do Comando-Chefe das
Forças Armadas da Guiné Portuguesa e na
Revista da Cavalaria do ano de 1963,
páginas 70 e 71;
No
dia 6 de Novembro de 1963, embarcou no
NTT ‘Índia’ de regresso à Metrópole,
onde desembarcou no dia 13 de Novembro
de 1963;
Louvor Colectivo – Esquadrão de
Cavalaria 252 – concedido pelo Exm.º
Senhor Comande do Comando Territorial
independente da Guiné, constante na nota
n.º 607 Proc.º 81.06, de 11 de Novembro
de 1963, da Direcção da Arma da
Cavalaria, publicado na Revista da
Cavalaria do ano de 1963, página 153;
Agraciado com a Medalha da Cruz de
Guerra de 1.ª classe, pela Portaria de
26 de Novembro de 1963, publicada na
Ordem do Exército n.º 36 – 3.ª séride,
de 30 de Dezembro de 1963.
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Cruz de Guerra de 1.ª classe
Furriel
Miliciano de Cavalaria
CARLOS FONTES DE CARVALHO
CCav252/BCac507 - RC3
GUINÉ
1.ª CLASSE
Transcrição
da Portaria publicada na Ordem do
Exército n.º 36 – 3.ª série, de 30 de
Dezembro de 1963.
Por Portaria de 26 de Novembro de 1963:
Manda o Governo da República Portuguesa,
pelo Ministro do Exército, condecorar
com a Cruz de Guerra de 1.ª classe, ao
abrigo dos artigos 9.º e 10.º do
Regulamento da Medalha Militar, de 28 de
Maio de 1946, por serviços prestados em
acções de combate na Província da Guiné
Portuguesa, o Furriel Miliciano de
Cavalaria, Carlos Fontes de Carvalho, da
Companhia de Cavalaria n.º 252 adstrita
ao Batalhão de Caçadores n.º 507 -
Regimento de Cavalaria n.º 3.
Transcrição
do louvor que originou a condecoração.
(Publicado na Ordem do Exército acima
indicada):
Por Portaria de 26 de Novembro de 1963:
Manda o Governo da República Portuguesa,
pelo Ministro do Exército, adoptar para
todos os efeitos legais, o seguinte
louvor conferido em Ordem de Serviço n.º
19, de 10 de Outubro do corrente ano, do
Comando-Chefe das Forças Armadas da
Guiné Portuguesa, ao Furriel Miliciano,
Carlos Fontes de Carvalho, da Companhia
de Companhia de Cavalaria n.º 252
adstrita ao Batalhão de Caçadores n.º
507 - Regimento de Cavalaria n.º 3,
porque em 21 de Setembro de 1963, sendo
comandante da escolta de uma coluna de
viaturas que procedia ao levantamento de
abalizes, na estrada de Binar-Bissorã,
região de Biambi, e tendo descoberto um
grupo inimigo que se preparava para
emboscar a coluna, não hesitou em,
apenas com três soldados, atacar o
referido grupo, causando-lhe pesadas
baixas. Tendo depois recebido reforços
voltou a atacar o inimigo, sendo então
ferido com gravidade.
Este Furriel demonstrou uma valentia e
uma coragem pessoal digna do maior
louvor e confirmou novamente as
excelentes qualidades que já lhe haviam
sido reconhecidas e que dele fizeram um
excepcional comandante de Secção, em
tudo merecedor da confiança nele
depositada.
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Louvor Colectivo
Esquadrão de Cavalaria 252
Louvor concedido pelo
Exm.º Sr. Comandante do Comando
Territorial Independente da Guiné:
«Louvo o Esquadrão de Cavalaria n.º 252,
porque, tendo servido na Província da
Guiné durante cerca de 27 meses sempre
em regiões activas e perigosas, em
especial na zona fronteiriça de São
Domingos e ultimamente nas áreas de Bula
e Óio, se revelou uma Unidade
extremamente decidida nas missões de
grande importância que lhe foram
confiadas, sempre cumpridas com uma
eficiência e valentia, que as baixas
sofridas em numerosos combates contra
grupos subversivos atestam com honra e
dignidade.
Aliando a um grande espírito de
sacrifício uma notável solidariedade
militar, o Esquadrão de Cavalaria n.º
252 criou fama no Comando Territorial
Independente da Guiné e mereceu a
inteira confiança do Comando-Chefe,
tendo sido justamente apontada como uma
Unidade de «elite», capaz de servir de
exemplo a qualquer outra do Exército
Português cujas tradições mais nobres
procurou seguir.»
(Nota n.º
607 P.º 81.06, de 11 de Novembro de
1963, da Direcção da Arma da Cavalaria)
(in Revista da Cavalaria do ano de 1963,
página 153)
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Notícia publicada
no jornal “O Século”
ESQUADRÃO DE CAVALARIA N.º 252
Comandante:
Inicialmente: Capitão Lopo do Carmo (morto em
combate)
Depois: Capitão Moura Santos
A bordo do Paquete Índia chegou ao Tejo, um
contingente de tropas provenientes da Guiné, do qual
faz parte o célebre Esquadrão 252, de Bula, que foi
comandado pelo falecido Capitão Lopo do Carmo [Capitão
de Cavalaria António Lopo Machado do Carmo, Cruz de
Guerra de 2.ª classe, tombou em combate no dia 14 de
Março de 1963] que pereceu em combate na
fronteira do Senegal, há sete meses, ganhando a Cruz
de Guerra. Depois da sua morte passou o Esquadrão a
ser comandado pelo sr. Capitão Moura Santos [Capitão
de Cavalaria Luís Alberto do Paço Moura dos Santos]
que foi seu subalterno, o qual ficou agora na Guiné
a acabar o seu tempo de comissão de serviço.
A obra psicossocial, desportiva e de carácter
operacional desta unidade de reconhecimento, foi a
todos os títulos valorosa e excepcional pelo seu
admirável comportamento, espírito de combate e
amizade criada pelo seu falecido comandante e que
foi continuada pelo actual. Os componentes da
unidade há sete meses que usam no fardamento a
braçadeira de luto, que só tirarão a partir do dia
da desmobilização.
O espírito de combate desta unidade de cavalaria era
temível, chegando a ser considerado pela rádio de
Dacar como o «Esquadrão Vagabundo» porque o mesmo
lhes contrariava os seus propósitos de terrorismo,
aparecendo sempre no seu vasto sector operacional,
desde Varela a Farim, passando por Mansabá. Tanto o
Esquadrão como os seus oficiais, sargentos, cabos e
soldados vêm aureolados de louvores, sendo os
últimos do próprio comandante militar da Guiné, Sr.
Brigadeiro Louro de Sousa.
No campo desportivo, através do entusiasmo do
falecido Capitão Lopo do Carmo e do Alferes Joaquim
Azevedo, jogadores e treinadores, realizaram através
do grupo local - Nuno Tristão Futebol Clube - uma
notável acção, construindo um campo desportivo
cimentado e iluminado a que ultimamente foi dado o
nome de Estádio Capitão de Cavalaria Lopo do Carmo.
Nos campeonatos da província da Guiné, em 1961-62
classificaram-se em segundo lugar em andebol, em
primeiro no voleibol e em quarto no basquetebol; em
1962-63 foram campeões em andebol e em voleibol.
Criaram escolas de jogadores de futebol, de basquete
e de ciclismo, possuindo presentemente o melhor
equipamento da província. Andavam agora a tratar da
construção de uma piscina para a qual já deixaram
fundos monetários através de subsídios do Totobola e
do actual Ministro do Ultramar.
No campo educativo criaram escolas de aprendizagem
da língua materna, em colaboração com as missões,
montando escolas complementares com todos os
apetrechos e que eram admiradas por todos aqueles
que por lá passaram e as observaram. Deixaram nas
diversas tribos a maior simpatia e admiração e era
interessante a harmonia ética que conseguiram
realizar através da escola e do desporto. Edificaram
os seus aquartelamentos em Bula e em Mansabá, a par
das respectivas escolas, frequentadas por imensas
criancinhas que ainda eram alimentadas, vestidas e
calçadas.
O Esquadrão 252 teve uma afectuosa despedida na
Guiné e em Estremoz foi-lhe preparada uma grande
recepção.
(in Revista da
Cavalaria do ano de 1963, páginas 165 e 166)
.
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Excerto da Revista da Cavalaria do ano
de 1963, pág. 207, da autoria do
Brigadeiro Fernando Louro de Sousa:
[...]
A Companhia de Cavalaria 252 [Esquadrão
de Cavalaria 252], regressada à
Mãe-Pátria, desenvolveu a maior energia
e decisão nos reconhecimentos,
emboscadas, armadilhas, etc., na região
fronteiriça do sub-sector de São
Domingos, onde o seu heroico Comandante
- Capitão Machado do Carmo - perdeu a
vida.

Seguidamente na região
do Óio tomou parte em numerosas
operações, isoladas ou integradas no
Batalhão, cumprindo eficientemente e em
que vários dos seus elementos se
destacaram pela sua bravura a ponto de
receberem cruzes de guerra.
O louvor, conferido pelo
Comandante-Chefe à Companhia
[Esquadrão], enaltecendo a brilhante
actuação desta Unidade, durante os 27
meses em que serviu na Guiné.
[...]
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