Manuel
António Gomes Vinagre, Soldado de
Infantaria 'Comando', da 19ªCCmds
 |
HONRA E
GLÓRIA
e nota de
óbito |
5.º Volume,
Tomo VI, pág.s 534 e 535, da RHMCA / CECA
/EME
Diário da
República, 2.ª série, n.º 128, de 04Jul2012,
Aviso (extracto) n.º 9091/2012
Elementos
cedidos por um colaborador do portal UTW
Agência Funerária
SAMPEDRENSE |
Faleceu,
no dia 27 de Julho de 2019, vítima de
acidente de viação, o veterano

Manuel
António Gomes Vinagre
Soldado de Infantaria 'Comando', n.º
12784568
19.ª
Companhia de Comandos
«A
SORTE PROTEGE OS AUDAZES»
Angola:
14 de Outubro de 1968
a 12 de Dezembro de 1970
Cruz
de Guerra, colectiva, de 1.ª classe
Cruz
de Guerra de 4.ª classe
Louvor
do Comandante da Região Militar de
Angola
Manuel
António Gomes Vinagre, Soldado de
Infantaria 'Comando', n.º 12784568,
nascido no dia 26 de Abril de 1947, na
freguesia de Janarde, concelho de Arouca.
Serviu
Portugal na Província Ultramarina de
Angola, em Belo Horizonte, Cuanza Norte,
Cuando-Cubango, Bié, Henrique de
Carvalho, Zona Militar Leste
(Agrupamento Siroco), Lucusse, Dala,
Serpa Pinto, integrado na
19.ª Companhia de Comandos «A
SORTE PROTEGE OS AUDAZES», no período de 14 de Outubro de
1968 a 12 de Dezembro de 1970.
Louvado e agraciado com a Medalha da Cruz de Guerra de
4.ª classe, pela Portaria de 19 de Outubro de 1971,
publicado na Ordem de Serviço n.º 32, de 23 de Abril de
1971, do Quartel General da Região Militar de Angola e
na Ordem do Exército n.º 31 – 3.ª série, de 1971;
Agraciado com a
Medalha da Cruz de Guerra,
colectiva, de 1.ª classe, conforme Aviso
(extracto) n.º 9091/2012, publicado no Diário da
República, n.º 128/2012, Série II, de 4 de Julho de 2012
Residia
no lugar de Bordozedo, da freguesia de
Covas do Rio, concelho de São Pedro do Sul.
Paz à
sua Alma
Cruz
de Guerra de 4.ª classe
Soldado de Infantaria, Comando, n.º
12784568
MANUEL ANTÓNIO GOMES VINAGRE
19CCmds/CICmds
- RMA
ANGOLA
4.ª
CLASSE
Transcrição da Portaria publicada na OE
n.º 31 - 3.ª série, de 1971.
Por
Portaria de 19 de Outubro de 1971:
Manda o Governo da República Portuguesa,
pelo Ministro do Exército, condecorar
com a Cruz de Guerra de 4.ª classe, ao
abrigo dos artigos 9.º e 10.º do
Regulamento da Medalha Militar, de 28 de
Maio de 1946, por serviços prestados em
acções de combate na Província de
Angola,
O Soldado n.º 12784568, Manuel António
Gomes Vinagre, da 19.ª Companhia de
Comandos/Centro de Instrução de Comandos
- Região Militar de Angola.
Transcrição do louvor que originou a
condecoração.
(Publicado na OS n.º 32, de 23 de Abril
de 1971, do Quartel General da Região
Militar de Angola (QG/RMA):
Louvado o Soldado de Infantaria, n.º
12784568, Manuel António Gomes Vinagre,
da 19.ª Companhia de Comandos/Centro de
Instrução de Comandos (19.ª CCmds/CICmds),
por ter demonstrado em todas as
operações em que tomou parte, ao longo
de dois anos de comissão, muita
valentia, excepcional espírito de
sacrifício, abnegação e generosidade,
decisão, sangue-frio, serena energia
debaixo de fogo, determinação e total
desprezo pelo perigo em situações de
risco de vida.
Distinguiu-se e foi citado em certa
operação, por ter colaborado na
perseguição a cinco elementos inimigos,
quatro dos quais armados, com decisão,
sangue-frio e agressividade, sendo dos
perseguidores o que mais se distinguiu
na caça à patrulha inimiga, tendo
contribuído decisivamente para os
resultados obtidos.
Noutra operação, patenteou novamente
destemor, sangue-frio, decisão e
desprezo pelo perigo, na perseguição a
uma patrulha inimiga.
Ainda noutra operação, tendo verificado
que um elemento inimigo armado se
escondia no capim da margem contrária
dum rio, foi um dos que o atravessou,
expondo-se a eventual acção do fogo do
referido inimigo, com sangue-frio,
decisão e audácia. A sua contribuição
foi decisiva para que fosse encontrado e
abatido o referido guerrilheiro, armado
de espingarda, que foi capturada.
Militar dedicado, exemplarmente correcto
e de invulgar bravura e eficiência em
combate, o Soldado Vinagre actuou como
combatente de grande valor, cujos
serviços devem ser qualificados de muito
mérito.
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Elogio fúnebre ao
'Comando' Manuel António Gomes Vinagre
por Fernando Luís
Transcrição:
Arouca e S. Pedro do
Sul
No adeus a Manuel
Vinagre
Uns dizem que é o
destino, outros que é a conjugação dos astros e outros
dizem simplesmente que são apenas coincidências.
Certo é que o nosso amigo Manuel Vinagre nos deixou na
véspera da festa de São Macário, o santo padroeiro desta
serra que ele bem conhecia e amava.
Destes telúricos montes e vales identificava todos os
cantos e calcorreou a maioria, senão todos, os seus
caminhos e veredas. Quis o tal destino que fosse numa
das estradas onde certamente passou dezenas ou centenas
de vezes a sua despedida da vida. Esta natureza que lhe
serviu de berço acolheu-o também no último momento.
É a vida, diz pesarosamente o povo num encolher de
ombros, num misto de resignação e impotência.
Nesta hora, para quem o conheceu e com ele conviveu,
bate forte a ausência. Só a família sente mais fundo a
perda que dificilmente, ou nunca, ultrapassará.
À esposa, D. Cecília, que muitas vezes nos sentou à sua
mesa, aos filhos, na pessoa do Paulo, com quem mais
contactávamos, apresento as minhas sentidas
condolências.
Conheci o amigo Vinagre nas deambulações pela região, na
recolha de material pata o meu programa O Som da
Gente.
Foi o amigo comum, o Adriano Azevedo que o indicou. A
ele agradeço a lembrança e grato fico também à Rádio
Lafões e ao Paulo Fernando por me terem ajudado neste
dever de divulgarmos personalidades que marcam as novas
terras como foi o caso do Manuel Vinagre.
Com ele gravei três programas: um sobre a pesca com
chumbeira, outro sobre apicultura e ainda outro sobre a
caça.
Na abordagem a estes tópicos vinham sempre, em catadupa,
agarradas muitas lembranças, tradições da serra e
histórias da tropa e da guerra colonial que, na altura,
era o primeiro destino da nossa juventude.
Manuel Vinagre tudo explicava e enquadrava numa
apaixonante.
Falava-nos da vida que girava à volta da Paiva, das
lendas e dos ditados populares: por São Marcos barbos
aos sacos. E lá nos exemplificava, em pleno rio, a arte
de lançar a rede (chumbeira) na cascalheira.
Falava com o vento, interpretava o rumor da folhagem e
previa o tempo pelo cantar da passarada ou pela espuma
da água, no recanto das levadas.
Das abelhas, do mel e do melaço também sabia tudo.
Aproveitou as encostas de Bordozedo e Meitriz para
colocar as suas colmeias que teimava em tratar e onde
combatia na diversas doenças e pragas como a das vespas
asiáticas que ultimamente lhe davam mais trabalho que os
turras em Angola.
Na caça, com destacado papel no associativismo,
revelava-se cuidadoso na protecção das espécies.
Foi quando o acompanhava, neste passatempo, pelos montes
de Covas do Rio que me falou de alguns episódios
arrepiantes da sua passagem pelo ultramar.
A sua maneira de ser, aliada a uma estampa física,
moldada na vida rude da serra foi o perfil perfeito para
a promoção deste soldado a comando.
Era com muito orgulho que falava do ambiente de
cooperação e camaradagem que viveu no tempo do serviço
militar. Exemplar desempenho valeu-lhe a alta distinção
de Cruz de Guerra.
As amizades criadas nessa altura, permaneceram para
sempre. Muitas vezes organizou encontros da sua
companhia onde nunca faltava.
Esta consideração que o Manuel Vinagre tinha entre os
pares, levou muitos dos seus camaradas a dizerem
presente no último adeus.
Tinha orgulho na terra que o viu nascer, Meitriz, e era
com um brilhozinho nos olhos que nos falava dos costumes
e tradições do seu e dos outros lugares serranos.
Nos encontros do Grupio, no Ratinho, na falta do
violino, era ao som da concertina da pequena Lúcia que,
com entusiasmo e suor, dirigia a contradança.
As diferentes ideologias políticas, em que cada um de
nós militava, nunca foi obstáculo ao nosso entendimento.
No amigo Vinagre sempre encontrei a pedra firme onde
assenta o diálogo apetecível, o são convívio.
No seu vaivém do dia a dia, frequentava Arouca e S.
Pedro do Sul. Não tivesse ele nascido no concelho
vizinho e fixado depois residência no de S. Pedro do
Sul.
Este homem, conhecido em toda a região, revelou-se numa
força da Natureza. Também por isso, a serra, de Janarde,
onde fixou a sua última morada, ao alto de São Macário,
com as urzes que a cobrem na Primavera, as águas do
Paiva que barulham, de pedra em pedra, no Inverno,
agora, murmuram baixinho, como que a chorar a partida de
um dos seus que deixa em todos, os que com ele
conviveram, enorme saudade.
Fernando Luís
Nota: Neste texto, o autor optou por não seguir as
normas do novo Acordo Ortográfico.
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19.ª Companhia de Comandos
Identificação:
19ªCCmds
Unidade mobilizadora:
Centro de Instrução de Comandos (CIC
- Luanda)
Comandante:
Capitão de Infantaria ‘Comando’ Raul
Miguel Socorro Folques
Divisa:
«A
SORTE PROTEGE OS AUDAZES»
Embarque:
No
dia 3 de Outubro de 1968;
Desembarque no dia 14 de Outubro de
1968
Regresso:
Embarque no dia 12 de Dezembro de
1970
Colocações:
Belo
Horizonte (13.º Curso de Comandos)
Cuanza Norte
Cuando-Cubango
Bié
Henrique de Carvalho
Zona Militar do Leste (Agrupamento
Siroco)
Lucusse
Dala
Serpa Pinto

