Manuel José Teodoro,
Soldado de Cavalaria, do ECav252
"Pouco se fala hoje
em dia nestas coisas mas é bom que para
preservação do nosso orgulho como Portugueses,
elas não se esqueçam"
Barata da Silva, Vice-Comodoro
HONRA E GLÓRIA |
Imagem cedida pelo
veterano Miguel Velez de Oliveira |

Manuel José Teodoro
Soldado de Cavalaria, n.º 481/61
Esquadrão de Cavalaria 252
«GUINÉ PORTUGUESA»
Subunidade de Cavalaria considerada
pela rádio de Dacar (Senegal) como o «Esquadrão
Vagabundo»
Guiné:
16Ago1961 a 06Nov1963

Cruz de Guerra de 1.ª classe
Louvor Individual e Colectivo
Manuel José Teodoro, Soldado de
Cavalaria, n.º 481/61, natural de Vendas
Novas (Alto Alentejo);
Mobilizado
pelo Regimento de Cavalaria 3 (RC3 –
Estremoz) «DRAGÕES DE OLIVENÇA» - «…NA
GUERRA CONDUTA MAIS BRILHANTE» para
servir Portugal na Província Ultramarina
da Guiné;
No
dia 10 de Agosto de 1961, na Gare
Marítima da Rocha do Conde de Óbidos,
embarcou num navio de transporte de
tropas, integrado no Esquadrão de
Cavalaria 252 «GUINÉ
PORTUGUESA», rumo
ao estuário do Geba (Bissau), onde
desembarcou no dia 16 de Agosto de 1961;
A sua subunidade de cavalaria,
inicialmente, ficou colocada em Bissau,
tendo destacado, em 23 de Agosto de
1961, dois pelotões para Bafatá, em
reforço do Batalhão de Caçadores 238
(BCac238) e cujos efectivos foram
distribuídos, a partir de 5 de Setembro
de 1961, por Piche, Buruntuma e
Canquelifá e por Nova Lamego, Cabuca,
Bajocunda e Pirada; em 28 de Agosto de
1961,
mantendo os dois pelotões na zona
Leste, a subunidade foi transferida para
Bula, ficando integrada no dispositivo e
manobra do Batalhão de Caçadores 239
(BCac239), actuando em acções de
soberania e de contacto com as
populações em diversas localidades da
zona Norte, com efectivos dispersos, por
períodos variáveis, em São Domingos,
Ingoré, Susana, Varela e outras; em 15 e
18 de Fevereiro de 1962, os dois
pelotões destacados na zona Leste
recolheram a Bula, tendo um pelotão
ocupado Mansabá, de 16 de Fevereiro até
16Fev62 até 30 de Setembro de 1962, com
secções instaladas em Farim, Cuntima,
São Domingos, por períodos variáveis e
outro instalado em Caió, de Agosto a 12
de Outubro de 1962, o qual seguidamente,
se deslocou para São Domingos; neste
período, a subunidade tomou parte em
diversas acções de batida e
patrulhamento nas regiões de Churo, Óio
e Biambe, entre outras; em 12 de Janeiro
de 1963, foi colocada em São Domingos,
assumindo a responsabilidade de um
subsector criado a norte do rio
Cacheu,
desde Varela, Susana, São Domingos,
lngoré até Farim, e depois
sucessivamente reduzido das áreas de
Farim, em 23 de Fevereiro de 1963 e
Ingoré, em 28 de Julho de 1963, por
entrada em sector de outras
subunidades,
ainda na dependência do Batalhão de
Caçadores 239 (BCac239) e depois do
Batalhão de Caçadores 507 (BCac507) onde
se realizou patrulhamentos, batidas e
outras acções contra o
inimigo, bem como
tomou parte em operações realizadas
nas
regiões de Biambe, Binar e Bissorã; em
10 de Agosto de 1963, foi rendida no
subsector de São Domingos pela Companhia
de Artilharia 349
(CArt349), e foi
colocada em Bula, como subunidade de
intervenção e reserva do Batalhão de
Caçadores 507 (BCac507); em 4 de
Novembro de 1963, foi rendida pela
Companhia de Cavalaria 567 (CCav567) «A
GALOPE E CORAÇÃO AO ALTO» e
recolheu a Bissau para embarque de
regresso.
Louvado por feitos em combate no teatro
de operações da Guiné, publicado na
Ordem de Serviço n.º 19, de 10 de
Outubro de 1963, do Comando-Chefe das
Forças Armadas da Guiné Portuguesa e na
Revista da Cavalaria do ano de 1963,
páginas 72 e 73;
No dia 6 de Novembro de 1963, embarcou
no NTT ‘Índia’ de regresso à Metrópole,
onde desembarcou no dia 13 de Novembro
de 1963;
Louvor Colectivo – Esquadrão de
Cavalaria 252 – concedido pelo Exm.º
Senhor Comande do Comando Territorial
independente da Guiné, constante na nota
n.º 607 Proc.º 81.06, de
11 de Novembro
de 1963, da Direcção da Arma da
Cavalaria, publicado na Revista da
Cavalaria do ano de 1963, página 153;
Agraciado com a Medalha da Cruz de
Guerra de 1.ª classe, pela
Portaria de
26 de Novembro de 1963, publicada na
Ordem do Exército n.º 36 – 3.ª séride,
de 30 de Dezembro de 1963;
Condecorado com a Medalha Comemorativa
das Campanhas, por despacho de 18 de
Julho de 2017, do Major-General Director
de Serviços de Pessoal, no âmbito da
subdelegação de competências, e em
conformidade com as disposições do
Regulamento da Medalha Militar e das
Medalhas Comemorativas das Forças
Armadas, promulgado pelo Decreto-Lei n.º
316/2002, de 27 de Dezembro, publicado
na Ordem do Exército n.º 8 – 3.ª série,
de 31 de Agosto de 2017, página 134.
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Cruz de Guerra de 1.ª classe
Soldado de
Cavalaria, n.º 481/61
MANUEL JOSÉ TEODORO
ECav252/BCac507 -
RC3
GUINÉ
1.ª CLASSE
Transcrição da Portaria publicada na Ordem do Exército
n.º 36 – 3.ª série, de 30 de Dezembro de 1963.
Por Portada de 26 de Novembro de 1963:
Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro
do Exército, condecorar com a Cruz de Guerra de 1.ª
classe, ao abrigo dos artigos 9.º e 1.º do Regulamento
da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços
prestados em acções de combate na Província da Guiné
Portuguesa, o Soldado, Manuel José Teodoro, n.º 481/61,
do Esquadrão de Cavalaria n.º 252 adstrita ao Batalhão
de Caçadores n.º 507 - Regimento de Cavalaria n.º 3.
Transcrição do louvor que
originou a condecoração.
(Publicado na Ordem do Exército acima indicada):
Por Portaria de 26 de Novembro de 1963:
Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro
do Exército, adoptar para todos os efeitos legais, o
seguinte louvor conferido em Ordem de Serviço n.º 19, de
10 de Outubro do corrente ano, do Comando-Chefe das
Forças Armadas da Guiné Portuguesa, ao militar que vai
indicado:
Soldado n.º 481/61, Manuel José Teodoro, do Esquadrão de
Cavalaria n.º 252 adstrita ao Batalhão de Caçadores n.º
507 - Regimento de Cavalaria n.º 3, por, em 21 de
Setembro de 1963, fazendo parte da escolta de uma coluna
de viaturas que procedia ao levantamento de abatizes na
estrada Binar - Bissorã, região de Biambi, ter
demonstrado excepcional valentia no ataque a um grupo
inimigo que se preparava para emboscar a coluna,
abatendo pelo menos um inimigo e apreendendo uma
espingarda a outro, contribuindo assim, pessoalmente, e
de forma valorosa, para o êxito alcançado e dando uma
prova de desembaraço e de bravura que já lhe haviam sido
reconhecidos e que dele fizeram um dos melhores soldados
da sua Unidade.
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Louvor Colectivo
Esquadrão de Cavalaria 252
Louvor concedido pelo
Exm.º Sr. Comandante do Comando
Territorial Independente da Guiné:
«Louvo o Esquadrão de Cavalaria n.º 252,
porque, tendo servido na Província da
Guiné durante cerca de 27 meses sempre
em regiões activas e perigosas, em
especial na zona fronteiriça de São
Domingos e ultimamente nas áreas de Bula
e Óio, se revelou uma Unidade
extremamente decidida nas missões de
grande importância que lhe foram
confiadas, sempre cumpridas com uma
eficiência e valentia, que as baixas
sofridas em numerosos combates contra
grupos subversivos atestam com honra e
dignidade.
Aliando a um grande espírito de
sacrifício uma notável solidariedade
militar, o Esquadrão de Cavalaria n.º
252 criou fama no Comando Territorial
Independente da Guiné e mereceu a
inteira confiança do Comando-Chefe,
tendo sido justamente apontada como uma
Unidade de «elite», capaz de servir de
exemplo a qualquer outra do Exército
Português cujas tradições mais nobres
procurou seguir.»
(Nota n.º
607 P.º 81.06, de 11 de Novembro de
1963, da Direcção da Arma da Cavalaria)
(in Revista da Cavalaria do ano de 1963,
página 153)
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Notícia publicada
no jornal “O Século”
ESQUADRÃO DE CAVALARIA N.º 252
Comandante:
Inicialmente: Capitão Lopo do Carmo (morto em
combate)
Depois: Capitão Moura Santos
A bordo do Paquete Índia chegou ao Tejo, um
contingente de tropas provenientes da Guiné, do qual
faz parte o célebre Esquadrão 252, de Bula, que foi
comandado pelo falecido Capitão Lopo do Carmo [Capitão
de Cavalaria António Lopo Machado do Carmo, Cruz de
Guerra de 2.ª classe, tombou em combate no dia 14 de
Março de 1963] que pereceu em combate na
fronteira do Senegal, há sete meses, ganhando a Cruz
de Guerra. Depois da sua morte passou o Esquadrão a
ser comandado pelo sr. Capitão Moura Santos [Capitão
de Cavalaria Luís Alberto do Paço Moura dos Santos]
que foi seu subalterno, o qual ficou agora na Guiné
a acabar o seu tempo de comissão de serviço.
A obra psicossocial, desportiva e de carácter
operacional desta unidade de reconhecimento, foi a
todos os títulos valorosa e excepcional pelo seu
admirável comportamento, espírito de combate e
amizade criada pelo seu falecido comandante e que
foi continuada pelo actual. Os componentes da
unidade há sete meses que usam no fardamento a
braçadeira de luto, que só tirarão a partir do dia
da desmobilização.
O espírito de combate desta unidade de cavalaria era
temível, chegando a ser considerado pela rádio de
Dacar como o «Esquadrão Vagabundo» porque o mesmo
lhes contrariava os seus propósitos de terrorismo,
aparecendo sempre no seu vasto sector operacional,
desde Varela a Farim, passando por Mansabá. Tanto o
Esquadrão como os seus oficiais, sargentos, cabos e
soldados vêm aureolados de louvores, sendo os
últimos do próprio comandante militar da Guiné, Sr.
Brigadeiro Louro de Sousa.
No campo desportivo, através do entusiasmo do
falecido Capitão Lopo do Carmo e do Alferes Joaquim
Azevedo, jogadores e treinadores, realizaram através
do grupo local - Nuno Tristão Futebol Clube - uma
notável acção, construindo um campo desportivo
cimentado e iluminado a que ultimamente foi dado o
nome de Estádio Capitão de Cavalaria Lopo do Carmo.
Nos campeonatos da província da Guiné, em 1961-62
classificaram-se em segundo lugar em andebol, em
primeiro no voleibol e em quarto no basquetebol; em
1962-63 foram campeões em andebol e em voleibol.
Criaram escolas de jogadores de futebol, de basquete
e de ciclismo, possuindo presentemente o melhor
equipamento da província. Andavam agora a tratar da
construção de uma piscina para a qual já deixaram
fundos monetários através de subsídios do Totobola e
do actual Ministro do Ultramar.
No campo educativo criaram escolas de aprendizagem
da língua materna, em colaboração com as missões,
montando escolas complementares com todos os
apetrechos e que eram admiradas por todos aqueles
que por lá passaram e as observaram. Deixaram nas
diversas tribos a maior simpatia e admiração e era
interessante a harmonia ética que conseguiram
realizar através da escola e do desporto. Edificaram
os seus aquartelamentos em Bula e em Mansabá, a par
das respectivas escolas, frequentadas por imensas
criancinhas que ainda eram alimentadas, vestidas e
calçadas.
O Esquadrão 252 teve uma afectuosa despedida na
Guiné e em Estremoz foi-lhe preparada uma grande
recepção.
(in Revista da
Cavalaria do ano de 1963, páginas 165 e 166)
.
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Excerto da Revista da Cavalaria do ano
de 1963, pág. 207, da autoria do
Brigadeiro Fernando Louro de Sousa:
[...]
A Companhia de Cavalaria 252 [Esquadrão
de Cavalaria 252], regressada à
Mãe-Pátria, desenvolveu a maior energia
e decisão nos reconhecimentos,
emboscadas, armadilhas, etc., na região
fronteiriça do sub-sector de São
Domingos, onde o seu heroico Comandante
- Capitão Machado do Carmo - perdeu a
vida.

Seguidamente na região
do Óio tomou parte em numerosas
operações, isoladas ou integradas no
Batalhão, cumprindo eficientemente e em
que vários dos seus elementos se
destacaram pela sua bravura a ponto de
receberem cruzes de guerra.
O louvor, conferido pelo
Comandante-Chefe à Companhia
[Esquadrão], enaltecendo a brilhante
actuação desta Unidade, durante os 27
meses em que serviu na Guiné.
[...]
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Homenagem
Fonte:
War Relines Forum
(publicado por “VonRiver” – 23Abr2018,
23H56)
“A minha Homenagem
ao Herói de Guerra Português Sr. Manuel
José Teodoro - Medalha Cruz de Guerra
Portuguesa na 1ª Classe:
Estas fotos
[que se seguem] foram tiradas
no dia 14 de abril de 2018 em
Comemoração do "Dia do Combatente
Português" e "Centenário da Batalha de
La Lys" no Mosteiro da Batalha,
localizado na vila da Batalha, na Região
Centro de Portugal (Região das Beiras).
Fotos tiradas no dia 14 de abril de 2018
ao Herói de Guerra Português Sr. Manuel
José Teodoro. Soldado de Cavalaria,
Número: 481/61, Esquadrão de Cavalaria
252, Campanha de Guerra na Guiné
Portuguesa de: 16 Ago 1961 a 06 Nov
1963.
No peito do Sr. Manuel José Teodoro
encontra-se uma Cruz de Guerra
Portuguesa de 1ª Classe. Além de ser
raro um Soldado de Cavalaria ser
condecorado com a cruz de guerra de 1ª
classe, é do modelo 1949 com a rara
miniatura de primeira classe própria
deste modelo. Transcrição do louvor que
deu origem à condecoração Cruz de Guerra
& Transcrição da Síntese da Actividade
Operacional: (em língua portuguesa)
Manuel José Teodoro, Soldado de
Cavalaria, n.º 481/61, natural de Vendas
Novas (Alto Alentejo). Mobilizado pelo
Regimento de Cavalaria 3 (RC3 -
Estremoz) para servir Portugal na
Província Ultramarina da Guiné integrado
no Esquadrão de Cavalaria 252 «GUINÉ
PORTUGUESA», no período de 16 de Agosto
de 1961 a 6 de Novembro de 1963.”


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