Com a colaboração de um Veterano

50.º Aniversário
do início da Guerra do Ultramar - 1961 > 2011
«Há meio século, Cumprir o Dever em
defesa de pessoas e bens, sem olhar a benefícios... »

18 de Julho de 1961
Durante
a madrugada,¹
junto à fronteira noroeste da Guiné, um grupo
dissidente do MLG chefiado pelo senegalês
François Mendy, faz uma tentativa de assalto ao
aquartelamento de São Domingos.
–
«Grupos de indivíduos vindos do exterior e que
se intitulam libertadores da nossa Guiné,
pretenderam assaltar, na madrugada de 18 [de
Julho de 1961], o quartel da unidade estacionada
em S. Domingos.»²
Naquela
mesma 3ªfeira 18Jul61, mobilizados pelo
RI3-Beja, o Comando e a CCS do BCac236 – tcor
inf José Alves Moreira, cap inf Manuel João
Fajardo –, foram aerotransportados em escalões
da Portela para Bissalanca, «com a missão de
comandar e coordenar a actividade das
subunidades que lhe foram atribuídas»,
designadamente as: CCac52/BC5-Campolide (cap inf
Frederico Alfredo de Carvalho Ressano Garcia,
e ten inf António João Soares); CCE74/BC5 (cap inf
Alcides José do Sacramento Marques);
CCE84/RI1-Amadora (cap inf Manuel da Cunha
Sardinha); e um pelotão do ERec54/RC3-Estremoz (cap
cav João Isidro Pinto Clara).
¹
(testemunho do veterano J. M. Henriques da
Costa, sócio 89801 da Liga dos Combatentes; no
aquartelamento de São Domingos estava um pelotão
da CCac52, desde 18Ago59 em serviço na Guiné);
²
(extracto do "Comunicado nº1 das Forças Armadas
da Guiné", reproduzido na edição de Out61 do
"Boletim Cultural da Guiné Portuguesa"),in "Coisas
da Guiné"
Testemunho do
Ten Inf António João Soares, hoje
Cor
Inf na situação de reforma:
- «Tinha sido promovido a Tenente, cerca
de 9 meses antes de ter sido mobilizado. A companhia
tinha três tenentes – eu próprio, o Lemos de Carvalho e
o médico Alves Pereira. Dos oito oficiais que a
companhia tinha, incluindo também o capelão, apenas
estão vivos o Soares e o Carvalho.
A minha ida para a Guiné ocorreu em
consequência do incidente no Cais do Pijiguiti (3 de
Agosto de 1959) e o embarque foi em 12 do mesmo mês. Foi
uma decisão rápida e a preparação envolveu todos os
órgãos de serviços da capital, pois levámos mais de 200
homens com todos os equipamentos e armamentos e mais
material para o Comando Militar da Guiné. Não vi outro
caso de trabalho bem coordenado e com a colaboração
eficiente de múltiplos sectores. Muito se pode contar
sobre o desembarque e a descarga de todo o material, de
noite, num ambiente totalmente nosso desconhecido e com
as chuvas tropicais próprias da época.
Este caso de S. Domingos ocorreu
sensivelmente a um mês do regresso a Lisboa.
A memória já envolve em fumo e poeira os
acontecimentos dessa época. Mas creio que a primeira
tentativa de ataque a S. Domingos foi gorada por
atitudes dos cipaios que amedrontaram os atacantes. Logo
de seguida foi decidido enviar para S. Domingos uma
secção de atiradores reforçada, do pelotão que estava em
Cacheu. Foi essa secção que teve o êxito de repelir as
acções posteriores, embora com alguns feridos, entre os
quais o Furriel Machado e um soldado, o «Estoril».
Depois das destruições feitas em Varela e Suzana, a
região foi percorrida por um pelotão que verificou a
dimensão dos estragos e, com a sua presença,
desencorajou a prossecução do vandalismo, não
enfrentando qualquer reacção da parte dos grupos
anteriormente activos.
Quanto ao relatório oficial, de nada me
recordo, até porque tinha a meu cargo, como adjunto do
comandante da companhia, a preparação para o embarque,
com conferências de cargas e relatórios para entrega de
materiais e os contactos com todos os serviços
administrativos.
Quem fala com muitos pormenores dos
acontecimentos de S. Domingos é a viúva do Administrador
da Circunscrição, que estou certo de não se recusar a
ser entrevistada por quem queira ouvir a sua versão dos
acontecimentos locais.»
Um abraço,do
António João Soares (coronel de infantaria na
situação de reforma)
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Para visualização do Comunicado n.º 1 das Forças
Armadas da Guiné, clique no sublinhado que se
segue:
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