Monumentos aos Combatentes,
Memoriais e Campas
Monumentos aos Combatentes e
Campas
(Listagens e imagens de memoriais e campas de antigos
combatentes)
Em
memória daqueles que tombaram em defesa
de
Portugal na Guerra do Ultramar
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cada um dos
sublinhados
Listagem dos mortos naturais do concelho
de
Oliveira do Bairro
Oliveira do Bairro
Imagens cedidas
pelo
Núcleo dos ex- Combatentes da CCaç 3439
«Os
soldados portugueses combateram para não
ficarem mortos na alma»
(Prof. Dr. Adriano Moreira)
Monumento aos
Combatentes do Ultramar

Inaugurado em 12 de Junho de 2005

Elementos cedidos por um
colaborador do
portal UTW
Oliveira do Bairro
Lágrimas e emoções à volta do Monumento
aos Combatentes
"O município de Oliveira do Bairro,
homenageando os combatentes falecidos,
cujos nomes se encontram gravados numa
das faces do monumento, honra também os
combatentes vivos e cumprimenta com
respeito os pais, mães, viúvas e outros
familiares, associando-se à dor que
todos ainda sentem. A chama da Pátria
que simbolicamente foi acesa
inspirar-nos-á a lembrar eternamente os
jovens falecidos" .
Quem o afirmou foi o presidente da
Câmara de Oliveira do Bairro, Acílio
Gala, durante a inauguração do Monumento
aos Combatentes do Município, acto que
teve a presenciá-lo, com emoção e
algumas lágrimas, largas centenas de
pessoas de todos os extractos sociais
Ilustres presenças.
Marcaram presença no acto, para além de
centenas de pessoas, entre combatentes,
(alguns com as suas boinas ou
condecorações ao peito), familiares e
outras, tenente-general Joaquim Chito
Rodrigues, presidente da Liga dos
Combatentes; Prof. Doutor Adriano José
Alves Moreira; Francisco Miguel Rocha
Grave Pereira, Comandante do Regimento
de Engenharia de Espinho, em
representação do tenente-general,
comandante da Região Militar do Norte;
deputado Paulo Portas, ex-ministro da
Defesa que, na devida altura, fez com
que os combatentes passassem a contar
para a sua reforma os anos gastos na
guerra; adjunto do Governo Civil,
Fernando Mendonça; presidente da
Assembleia Municipal, Jorge Mendonça;
José Augusto de Almeida Batista, membro
da Assembleia Geral da Associação
Nacional dos Prisioneiros de Guerra;
presidente da Associação Combatentes do
Ultramar Português, José Adelino
Ferreira Nunes; Associação Portuguesa
dos Veteranos de Guerra; representante
da Associação Nacional dos Combatentes
do Ultramar; Núcleos das Ligas dos
Combatentes, nomeadamente Associação de
Comandos, delegação de Mira, e núcleos
da Liga de Combatentes de Aveiro e
Abrantes.
"Dívida histórica"
Sufragadas as almas dos que, em hora
adversa, tombaram em combate, na igreja
matriz, que estava repleta, em missa
celebrada pelo pároco, padre António
Cruz, procedeu-se à bênção e inauguração
do Monumento, situado no coração da
cidade, topo norte da Avenida Abílio
Pereira Pinto, o qual tem a assinatura
da arquitecta do GAT de Águeda, Ana
Maria Parente.
O acto religioso foi da responsabilidade
do padre António Cruz.
Este monumento, à volta da qual se gerou
simpatia e adesão, não honra apenas
(face interior, onde estão gravados os
nomes de todos quando tombaram ao
serviço da Pátria) os combatentes
falecidos e os outros que tiveram a dita
de não serem ceifados nas emboscadas ou
simples acidentes, mas todos quantos
trabalharam nas províncias ultramarinas,
as mães dos soldados, e tanta outra
gente esquecida. Isso está bem patente
nas palavras de Acílio Gala quando
afirmou: "é justo também lembrar a
dívida histórica que a Pátria tem para
com todas as mulheres portuguesas,
combatentes também em muitas frentes".
Esta a grande novidade deste monumento
relativamente a tantos outros que se
conhecem por este país além, e são mais
de duzentos.
É por isso que o Monumento tem duas
faces, porque, ao fim e ao cabo, "não
podia deixar de prestar homenagem a
todas as pessoas anónimas deste
município, que por aquele ideal se
sacrificaram".
Decorridos todos estes anos, o monumento
inaugurado "exige não apenas o olhar,
mas, sobretudo a visão; exige não só o
ver das palavras, nomes, símbolos,
formas e materiais que o constituem, mas
sobretudo a leitura medida e cordial"
Isto
é, estão ali também homenageados "os
homens e mulheres que se sacrificaram e
se sacrificam por aqueles que amam e com
esse sacrifício garantiram e garantem um
amor desinteressado nas almas dos
amados".
Esta visão mais ampla e mais abrangente
está bem explícita na face (nascente)
onde, a ilustrar aparecem a esfera
armilar e versos de Camões. Nesta face
se lê claramente: " a todas as pessoas
do nosso concelho que no Além Mar se
sacrificaram pelo ideal de comunidades
multiculturais, prósperas e fraternas"
"Para não ficarem mortos na alma"
Adriano Moreira começou por declarar que
não podia deixar de estar presente nesta
cerimónia, dizendo, de seguida,
"palavras apropriadas para a
circunstância". Afirmou mesmo que,
afinal, Portugal desde a primeira
dinastia "viveu sempre em campanha" e,
pelo meio, "o mar salgado e as
lágrimas", numa referência a um poema de
Fernando Pessoa, que lembra ainda "as
noivas por casar".
Outra ideia que deixou foi a de que os
soldados portugueses combateram para
"não ficarem mortos na alma", porque "a
defesa é sempre necessária", preferindo
a luta "a verem-se mortos na alma".
Realçou o papel das mulheres (mães,
irmãs e noivas), a quem também é
dedicado o monumento, que, embora na
retaguarda, "tomaram parte nesse
combate", desempenhando "um papel
essencial".
Perpetuar a memória
Fechou a série de discursos, o
tenente-general, presidente da Liga dos
Combatentes, Joaquim Chito Rodrigues que
sintetizou: "hoje homenageamos, de
maneira simples, mas profunda e
duradoura, nesta terra da Bairrada, os
Homens e Mulheres de Oliveira que, ao
longo da história, lutaram, alguns com
sacrifício da vida, e outros ainda lutam
pelos interesses vitais da sua terra, da
sua nação, e da sua Pátria" - uma ideia
que está bem expressa na face (nascente)
do monumento que, no geral, todos
consideram bem concebido e muito bonito,
iluminado à noite.
Em face disso e desta abrangência
(mortos, combatentes e sociedade civil),
Chito Rodrigues considerou que, na
sequência de "factos que
marcaram profundamente a vida de todos
os portugueses... estamos perante um
acto de pura lucidez, de puro
reconhecimento, que se quer prestar
aos construtores desse passado e de
exemplo que se quer transmitir" aos
portugueses de hoje e de amanhã.
"Porque não nos correu a última gota de
sangue a alimentar esse rio vermelho de
guerra, pegando em armas para
cumprimento de uma decisão política, na
defesa do que esta considerou serem os
interesses vitais do país... Aqui
estamos hoje, com o mais profundo
respeito e apreço a homenagear e a
perpetuar a memória daqueles que
acabaram por fazê-lo", mais afirmou
Chito Rodrigues, que terminaria por
deixar um voto: "para que este monumento
seja a partir de hoje um monumento vivo
e aqui se transmita aos vindouros de
Oliveira do Bairro e à sua juventude os
feitos dos seus antepassados".
Findos os discursos, Chito Rodrigues,
Adriano Moreira e Acílio Gala,
descerraram o monumento, seguindo-se o
acender da chama da Pátria pelo
presidente da câmara (sustentada a gás).
A mensagem dos clarins
"Talvez nesta cerimónia cívica,
destinada a honrar os Combatentes da
Guerra do Ultramar, fosse apropriado
fazer ouvir apenas os clarins, num dos
toques que misturam os sons da agonia
com os sons da glória. Mas é costume
antigo que os cidadãos procedam a
cerimónias públicas em honra dos que
combateram na guerra, erguendo a
Bandeira da Pátria."
- Professor doutor Adriano Moreira na
inauguração do Monumento aos Combatentes
do Ultramar, junto à Torre de Belém.
Os clarins (pelotão do Regfimento de
Espinho), findas as intervenções, soaram
na praça e foi um momento de grande
emoção que perpassou por todos os
rostos.
Nomes e flores
Cândido Martins de Jesus, soldado,
falecido em 13 de Abril de 1961, Angola;
António Viegas Martins dos santos, 1º
cabo, falecido em 17 de Agosto de 1963,
Angola; Arlindo dos Santos Cardoso, 1º.
cabo, falecido em 5 de Janeiro de 1965,
na Guiné; António da Silva Ferreira, 1º
cabo, falecido em 19 de Junho de 1966,
Angola; Daniel de Jesus, soldado,
falecido em 6 de Janeiro de 1967, em
Moçambique; Manuel Nunes Reis Cardoso,
furriel, falecido em 3 de Fevereiro de
1968; António Ferreira Anastácio,
soldado, falecido em 25 de Maio de 1970,
em Moçambique; Pompílio Santos Graça,
soldado, falecido em 6 de Novembro de
1970; Nelson Joaquim A.P. Soares,
alferes, falecido em 26 de Outubro de
1971, na Guiné; José Luis Alves de
Sousa, soldado, falecido em 28 de
Janeiro de 1973, em Angola e Óscar de
Oliveira Gala, furriel, falecido em 30
de Janeiro de 1974.
Depois do toque de clarins, foi feita a
chamada dos mortos à mistura com um
gesto que calou profundamente sobretudo
nos familiares que tiveram um lugar de
destaque ao lado do Monumento, a entrega
de ramos de flores aos familiares que,
passados todos estes anos, deixaram
assomar aos olhos algumas lágrimas e ao
coração sombras de tristeza e memória
aguda.
http://www.jb.pt/print.aspx?id=5560
©1951-2004 Jornal da Bairrada
Armor Pires Mota [1]
posted 17/06/2005 09:27
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[1] autor de «Tarrafo» (sobre a
Op.Tridente na Guiné), publicado pela
Editora Pax, Braga, 1970 (2ªed), 263 pgs
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