A recolha de
assinaturas teve início no passado dia 10 de Junho e
é, no entender de José Nascimento Rodrigues, do
Movimento Cívico de Combatentes, "uma nova luta sem
armas". Para além do apoio de mais de duas dezenas
de associações de antigos combatentes que, no
terreno, estão a recolher as assinaturas, o
Movimento Cívico - criado em 2006 - espera contar,
em breve, com a participação da Associação Nacional
de Freguesias (ANAFRE) que, conta o responsável, "se
mostrou sensível ao problema".
As pretensões do
Movimento Cívico foram dadas a conhecer, ontem, no
decorrer do quinto encontro de pára-quedistas em
Fátima, iniciativa que contou com a participação de
cerca de dois milhares de pessoas, entre actuais e
antigos 'boinas verdes' e respectivos familiares.
José Nascimento
Rodrigues explicou que "o sonho" de devolver às
famílias os corpos dos "3.026 militares que
pereceram em combate" e que estão "abandonados em
cemitérios e campas em estado degradado" ganhou uma
nova dimensão com a recente trasladação dos três
últimos pára-quedistas, falecidos em 1973, na Guiné.
"As dificuldades
terão que ser ultrapassadas porque sentimos que, no
país, toda a gente está sensível para que este
problema seja resolvido", afirmou, frisando que a
vontade terá, agora, que partir do Governo português
e dos governos dos países africanos de expressão
portuguesa - Angola, Guiné e Moçambique. "Tem que
haver muitas negociações e uma dose de boa-vontade
para se conseguirem as autorizações necessárias para
trazer esses corpos para cá", considerou.
Mas está
optimista em relação aos resultados. "No espaço de
quatro ou cinco anos, isso será possível", defende,
acrescentando que o desejo do Movimento Cívico que
representa é de que, "a 10 de Junho de 2012, essa
situação possa estar resolvida".
As assinaturas,
que poderão ascender a mais de 100 mil, serão
entregues na Assembleia da República ainda este ano
ou no início de 2009, explicou.
O encontro de
pára-quedistas em Fátima contou, este ano, com a
organização de Joaquim Fialho e Luís Andrade. Para
além do convívio, actuais e antigos 'boinas verdes'
partilharam uma preocupação: a extinção que parece
pairar sobre a carreira dos pára-quedistas que
chegaram a ser considerados "das melhores tropas de
elite do mundo".
Joaquim Fialho
explicou que uma das preocupações é que venha a
encerrar o quartel exclusivo de pára-quedistas, em
Tancos, onde foram formados mais de 50 mil. Mas há
outros lamentos. "Até o risco de voo, dado pela OTAN
- que permitia que o pára-quedista ganhasse mais -
foi retirado", lembrou, considerando que isso vai
afastar os jovens da carreira.
Abel Rodrigues,
presidente da Associação de Pára-quedistas 'Terras
de Santa Maria', de S. João da Madeira, explicou que
as mudanças que, nas últimas três décadas, têm
acompanhado a tropa de pára-quedistas deixaram-na
numa "situação confusa". A principal mudança que
contesta foi a passagem desses militares, da Força
Aérea para o Exército. "É com apreensão que
acompanho estas alterações que colocam em causa o
espírito pára-quedista, sobretudo a boina verde que
nos dignificou", afirma, sublinhando que os actuais
e ex-pára-quedistas se sentem "pouco apoiados".