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NOTÍCIA

 

 

Enviado por Sousa de Castro

  1. Situação de risco elevado provocado pelo Major de OP

  2. As campas "esquecidas" (título nosso)

Anexo 1

Anexo 2

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  1. Situação de risco elevado provocado pelo Major de OP

De: Sousa de Castro [mailto:sousadecastro@gmail.com]
Enviada: sexta-feira, 22 de Setembro de 2006 20:28
Para: ultramar@terraweb.biz
Assunto: Fw: CART 3494

 

Foi com grande emoção que vi, o programa, que a RTP1 apresentou hoje ás 21,00 horas sobre os nossos mortos nas colónias que por lá ficaram nos cemitérios completamente abandonados. Num dos cemitérios em Bambadinca, existe actualmente novas moranças, conforme disse o narrador, mas, num outro, apareceu vestígios de uma campa de um soldado da CART 3494 que aí ficou. Revi-me como se fosse hoje, a situação pela qual passamos nesse período, foram dias de grande consternação, muito difíceis de superar. Veio-me as lágrimas aos olhos.  

Junto em anexo um documento de como a estória se passou.

Sousa de Castro, ex. 1º cabo Radiotelegrafista - CART 3494 XIME

Documento:

Situação de risco elevado provocado pelo Major de OP

 XIME 1972

CART 3494: 10-08-1972. A companhia neste dia recebeu instruções para uma operação no MATO-CÂO através do rio Geba em lanchas e depois entrar no mato e seguir então para MATO-CÃO. O Major de Operações teimou em levar a cabo a operação depois de ser avisado por quem conhecia as marés naquele rio, que aquela hora não seria a mais indicada indicada para sair devido a que dentro em pouco passaria o "MACARÉU", (Macaréu, Sm. Sublevação brusca das águas, que produz em certos estuários no momento da cheia e que progride rapidamente para as nascentes sob forma violenta, capaz de fazer estragos em pequenas embarcações). Mesmo assim fazendo orelhas moucas entendeu que ainda haveria tempo de passar o rio antes da chegada do Macaréu. Os pelotões envolvidos nesse patrulhamento não tiveram outra alternativa senão obedecer. Os soldados pela experiência adquirida sabiam que uma desgraça iria acontecer e dá-se aquilo que todos esperavam, não se pôde evitar, são apanhados pelo Macaréu.

A embarcação virou e então cada qual tenta desenrascar-se como pôde do perigo de morrerem afogados, muitos não sabiam nadar, depois com todo peso de armamento que transportavam, para além da farda que envergavam, viram-se e desejaram para se safarem, mas nem todos o conseguiram, assim morreram afogados dois camaradas. Sendo um da Póvoa de Varzim, casado e com uma filha, outro de Famalicão, este solteiro. Nesse mesmo dia todo pessoal da companhia desdobraram-se em esforços tentando encontrar os que desapareceram. Só apareceu o de Famalicão no dia seguinte a ficar em estado de começo de decomposição. Creio que este ficou enterrado em Bambadinca.

 Sousa de Castro

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  1. As campas "esquecidas" (título nosso)

-----Mensagem original-----
De: Sousa de Castro
Enviada: segunda-feira, 25 de Setembro de 2006 20:50
Para: ultramar@terraweb.biz
Assunto: Fw: CART 3494

 

----- Original Message -----

From: "Sousa de Castro" <sousadecastro@sapo.pt>

To: "Luís Graça"; "Luís Graça"

Sent: Monday, September 25, 2006 8:43 PM

Subject: Fw: CART 3494

 

Luís, recebi um telefonema de um colega da minha CART3494 e me lembrou que eram três mortos e não dois conforme referi no e-mail  publicado no blogue, nº. P1092. Este colega que foi 1ª cabo condutor auto, de seu nome Abílio Soares Rodrigues a residir em Estarreja, afirma que a família do soldado enterrado em Bambadinca que afinal era de Santo Tirso e não de Famalicão como referi, recebeu o caixão supostamente com os restos mortais e fizeram o funeral na terra onde habitava. Mas o que todos sabemos, é que o soldado ficou enterrado em Bambadinca, pelo menos parte da CART3494 participou no referido funeral, para além disto a familia pensa ter no cemitério o referido ente querido. Ouvia-se muitas vezes falar na época, que muitos caixões que chegavam ao RAP 2 não trazia corpos mas outra coisa qualquer.

Não sei até que ponto isto é verdade, ver para querer.

Sousa de Castro

 

Nota: Estes dois anexos do Abílio Rodrigues, um mostra a sepultura  e a outra foto, a carta com os nomes, números mecanográficos e local onde residiam.

 

Anexo 1

 

 

Anexo 2

 

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