Os
Flechas
Os
Flechas foram forças de operações
especiais dependentes da Polícia
Internacional e de Defesa do Estado
(PIDE), criadas, inicialmente em
Angola, para actuar na Guerra do
Ultramar.
Durante a Guerra do Ultramar, a PIDE
(a partir de 1969, chamada
Direcção-Geral de Segurança (DGS))
era responsável pelas operações de
recolha de informações estratégicas,
investigação e acções clandestinas
contra os movimentos guerrilheiros,
em apoio das Forças Armadas e de
Segurança. Como tal foi decido criar
uma força especial armada para
auxílio e protecção dos agentes da
PIDE nas operações contra os
guerrilheiros.
Os membros dos Flechas eram
recrutados entre determinados grupos
nativos, nomeadamente
ex-guerrillheiros e membros da etnia
bosquímane (khoisan). Os bosquímanos
que historicamente tinham sido
invadidos pelos povos Bantu não
tinham qualquer problema a aliar-se
aos portugueses, dado que viam nos
movimentos de libertação o Bantu
invasor do seu território. Estes
eram especialmente escolhidos pelas
seus conhecimentos do inimigo,
conhecimento do terreno,
conhecimento das populações locais,
etc. É de salientar que os
bosquímanos eram um povo
caçador-recolector, logo exímios
intérpretes de rastos e pistas
deixadas no terreno pelo inimigo
dada a sua experiência em
perseguição de caça. Esses membros
nativos eram enquadrados por
oficiais do Exército Português e por
agentes da PIDE e recebiam treino de
forças especiais.
Com o decorrer da Guerra do Ultramar
os Flechas revelaram-se uma das
melhores forças antiguerrilha ao
serviço de Portugal, indo
progressivamente alargando o seu
tipo de actuação. Se no início eram
basicamente usados como guias e
pisteiros dos agentes da PIDE,
passaram posteriormente também a ser
usados como forças de assalto em
operações especiais. Pelo
reconhecimento do seu elevado nível
de eficácia, as próprias Forças
Armadas passaram a solicitar
frequentemente à PIDE o auxílio dos
Flechas nas suas operações.
Algumas das operações frequentemente
realizadas eram as chamadas
Pseudo-Terroristas, em que os
Flechas, muitos deles
ex-guerrilheiros, se disfarçavam de
guerrilheiros inimigos, para
atacarem alvos com características
tais que não podiam ser abertamente
atacados por forças identificadas
como portuguesas (ex.: alvos em
território estrangeiro, missões
religiosas que auxiliavam
terroristas, bases terroristas de
difícil aproximação, etc.).
Os Flechas actuaram sobretudo em
Angola. Na década de 1970 começaram
a ser organizados Flechas também em
Moçambique mas que não chegaram a
ter uma importância tão elevada.
Foram inicialmente
organizados pelo Inspector-Adjunto
Óscar Aníbal Piçarra de Castro
Cardoso no período que passou nas
"terras do fim do mundo"- o Kuando-Kubango. Os Flechas estavam
organizados em Grupos de Combate de
cerca de 30 homens. Estavam
equipados com o equipamento em uso
no Exército Português, mas também
utilizavam muito armamento
capturado
aos guerrilheiros, nomeadamente nas
Operações Pseudo-Terroristas.
O seu item de fardamento mais
conhecido era a Boina Camuflada que
se tornou um dos seus símbolos.
(Wikipédia)
"MPLA
chacinou um quarto dos "Flechas"
após fim da guerra colonial em
Angola revela historiador" -
Entrevista com John P. Cann, em 25
de Abril de 2018
"Os Flechas: o exército secreto da
PIDE em Angola", in «Observador»
"A
história da tropa secreta das terras
do fim do mundo", in
«Correio da Manhã»
"Os
Flechas", de Fernando
Moreira, in forum4611.blogspot.pt
"Combati
ao lado dos Flechas", de
Armando Magno
"Chissoia",
in «Kinda e outras histórias de uma
guerra esquecida», de Carlos Acabado
Óscar Cardoso - Criador dos Flechas
Imagens:
Fotografias dos Flechas
Flechas, no aquartelamento do
BCac2886, em Gago Coutinho (1970)
foto de João Manuel Carvalho
Flechas algures no mato do sudeste
de Angola
fonte: Jornal do Exército
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Nota:
Com a devida vénia, a imagem da
boina camuflada foi extraída do
sitio do "forum4611.blogspot.pt"