Imposição de Condecorações a ex-
Combatentes do Ultramar


Medalha Comemorativa das Campanhas e Comissões de
Serviços Especiais
Cerimónias de Imposição de
Condecorações a ex- Combatentes do Ultramar
05Abr2016: Escola de
Sargentos do Exército (Caldas da Rainha)
Fonte: "Jornal
das Caldas"
Informação do Furriel Mil.º António
Marques, do
Destacamento Policial do Songo / RMM
Quinze
ex-combatentes no Ultramar receberam medalhas
Quinze ex-militares que estiveram na
guerra no Ultramar receberam condecorações no passado
dia 5, numa cerimónia realizada na Escola de Sargentos
do Exército (ESE), nas Caldas da Rainha, onde esteve o
presidente da Direção Central da Liga dos Combatentes,
tenente-general Chito Rodrigues.
12-04-2016 | Francisco Gomes
Imposição de condecorações
A sessão incluiu uma cerimónia de boas-vindas pelo
comandante da ESE, coronel Monteiro
Sardinha, visita às instalações, missa na capela da ESE
e formatura geral na parada, onde foram entregues as
condecorações.
No seu discurso, o comandante da ESE salientou “o justo
reconhecimento àqueles que, de uma forma exemplar,
cumpriram a missão que lhes foi atribuída”, referindo
ainda o “exemplo que constitui para as gerações mais
novas, para quem é importante transmitir o testemunho de
quem enfrentou a adversidade ombro a ombro”.

“Fazemos um reconhecimento de todos os que, pela sua
ação na defesa de Portugal, sofreram no corpo e na alma
o preço do dever cumprido. Estes combatentes são
merecedores de todo o nosso respeito. Foi um esforço
tamanho da nação. Foram anos de incorporações sucessivas
envolvendo cerca de um milhão de jovens de todas as
regiões do país e que de forma exemplar cumpriram a sua
missão por terras além-mar”, afirmou.

Manifestou ainda apreço por “todos os ex-combatentes
deste país, e em particular aos que nasceram e vivem na
região Oeste”. “A vossa geração criou também as
condições para que Portugal seja um país democrático,
mais livre, mais solidário e mais aberto ao mundo”,
acrescentou o coronel Monteiro Sardinha.
E concluiu dizendo que os ex-combatentes “são fonte de
motivação para os mais jovens, que tendo crescido num
ambiente de maior conforto e de paz, enfrentam o futuro
num mundo incerto onde
as
crises e os conflitos não deixam de ser constantes.
Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões
e causas essenciais para o futuro do país como a mesma
coragem, desprendimento e determinação que os jovens de
há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do
Ultramar”.
Após a entrega das medalhas houve um desfile dos
militares da ESE e um almoço convívio, onde participaram
os galardoados e suas famílias, e oficiais e alunos da
escola.
Testemunhos
Henrique
Silva, 72 anos – Angola 1965-1968
“É um reconhecimento ter recebido a medalha. Já há muito
tempo que não assistia a cerimónias militares e gostei.
Tenho bons, maus e péssimos momentos para recordar.
Ainda tivemos um morto na minha companhia – a 1476.
Estive em várias zonas, como Santo António do Zaire,
Ambriz, Ambrizete e Bessa Monteiro. Era 1º cabo mecânico
de armamento. Não sofri ferimentos, apesar de ter estado
dezenas de vezes debaixo de fogo. Era o prato do dia.
Não segui a carreira militar. Regressei a Alcobaça e fui
empregado fabril na SPAL”.
Joaquim Santos, 73 anos – Angola 1965-1967
“Sinto uma grande honra e orgulho com esta medalha.
Estou muito contente e é uma vitória interior. Estive no
norte de Angola, a cem quilómetros de São Salvador do
Congo. Era 1º cabo atirador. Estávamos isolados e tudo
que
aparecia do arame farpado para fora era para matar.
Estivemos sob fogo e não sei se matei alguém, mas rastos
de sangue apareceram bastantes. Vi alguns colegas
feridos, mortos não. Quando regressei a Portugal voltei
para o trabalho que tinha, que era pintor da construção
civil em Alcobaça”.
Raúl Escolástico, 68 anos - Angola 1970-1972
“Gostei de receber a medalha. Foi bom. Estive no
Batalhão de Caçadores 2910 como 1º cabo enfermeiro. Em
Vale do Loge, quando saíamos para a picada fomos
bastantes vezes atacados. Não vi mortos, mas feridos vi
muitos. Aleijaram-se uns quantos colegas. Eu nem ferido
nem nunca tive uma doença lá, o que é fantástico, mas
curei muitos. Gostava de voltar à zona onde estive. Se o
Estado fizesse uma excursão eu ia. Tenho pena de não ter
seguido a carreira militar. Tenho um restaurante na
Nazaré, junto ao mercado”
Condecorados:
Foram condecorados com a “Medalha Comemorativa das
Campanhas” os seguintes ex-militares:
Furriel Miliciano Carlos Manuel Viola Gonçalves –
Guiné 1967-1969
Furriel Miliciano António Joaquim Carinhas Marques
– Moçambique 1970-1973
1º Cabo Manuel António Sampaio – Angola 1963-1967
1º Cabo Henrique Pereira da Silva – Angola
1965-1968
1º Cabo Joaquim Francisco Vicente dos Santos –
Angola 1965-1967
1º Cabo José Bruno Gaspar Vidal – Moçambique
1966-1968
1º Cabo Raúl Sousinha Escolástico – Angola
1970-1972
1º Cabo António Martins Delgado – Guiné 1971-1973
Soldado Fernando da Conceição Maria
– Guiné 1961-1963
Soldado António Inácio de Sousa –
Guiné 1967-1969
Soldado António Fernandes Machado
– Guiné 1968-1970
Soldado João de Matos Antunes –
Angola 1968-1970
Soldado Joaquim José Piseiro Garcia
– Guiné 1969-1971
Soldado Edmundo Joaquim Honório de
Sousa – Moçambique 1972-1974
Soldado Francisco Vendeiro Machado
– Moçambique 1973-1975