Trabalhos, textos sobre a Guerra do
Ultramar ou livros
Elementos cedidos por um colaborador
do portal UTW
Nota de óbito: Faleceu, no dia 23 de
Setembro de 2011, o veterano
O livro:
"Golden Gate -
um quase diário de guerra"

título:
«Golden Gate - um quase diário de guerra »
autor: José Nisa
editor: Dom Quixote
Ano de edição: 2012
ISBN: 9789722050975
«Dedico este livro aos que morreram na
guerra e aos que sofreram por causa dela.
Pelos que morreram nada há a fazer. A não
ser a recordação, a medalha póstuma e a magra pensão
para as viúvas.
Para os que sobreviveram há o apelo de
que não permitam outras guerras como esta.
Sendo o Homem o único animal que fala, a
sua espingarda deve ser a palavra e a sua estratégia
militar o diálogo.
Tudo o resto é responder aos apelos da
irracionalidade.
Só quem viveu uma guerra pode saber,
verdadeiramente, o que é a PAZ.»
José Niza
Notícia in "O Mirante" -
29Set2012, 00H05:
Fonte:
http://www.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=54&id=53865&idSeccao=422&Action=noticia
José Niza conta em "Golden Gate" memórias da guerra
colonial
A obra “Golden Gate – Um
quase diário de guerra”, de José Niza, é “um
livro de memórias” de uma guerra colonial
que “aconteceu durante 13 anos”, escreve no
prefácio o compositor residente em Santarém
falecido em 23 de Setembro de 2011.O livro
agora editado resulta da correspondência
diária que manteve com a mulher durante o
período em que esteve “naquele mato de
Angola, húmido e quente”, no aquartelamento
de Zau Évua, entre 1969 e 1971.
José Niza fora destacado para
o contexto da guerra no Norte de Angola como
médico. “Uma guerra onde o médico e o
capelão eram os terapeutas do espírito mais
ou menos primário e sempre psicologicamente
descompensado, daqueles mancebos que, por
exclusivas razões de idade, foram incumbidos
de defender a Pátria contra o fluir da
História”. Segundo afirma, “na consulta
havia sempre mais gente que na missa”, a
única excepção era a missa de Natal.
Das cartas enviadas à mulher,
foram retirados extractos que são
apresentados nesta obra como páginas de um
suposto diário. A 17 de Julho de 1969 Niza
escreveu: “Chegou cá a notícia de que o
Salazar está muito mal, que está mesmo a
morrer. Aliás, ele já morreu há dois anos. A
certidão de óbito é que está atrasada”.
Noutro passo, com data de 10
de Dezembro de 1970, dá conta dos presentes
de Natal que os militares ali destacados
receberam, enviados pelo Movimento Nacional
Feminino (MNF): “Um pacote de amêndoas, o
que dará uma por cada soldado; meia dúzia de
lâminas de barbear; o que dará uma lâmina
por cada caserna; e ainda meia dúzia de
pastas de dentes, o que só dará para os
desdentados”.
“Apeteceu-me escrever à
Cilinha [Cecília Supico Pinto, líder do MNF]
a agradecer a amêndoa que me coube. E, como
deixei crescer a barba, vou oferecer a minha
parte da lâmina a quem necessitar”.
Há também excertos mais
íntimos, e até confessionais, como a que
escreveu a 6 Julho de 1970, dirigindo-se à
mulher: “Gostar de ti é uma vocação, um modo
de vida, uma ocupação permanente, uma
invenção de sonhos, uma antecipação do tempo
que há-de vir. Estás presente. Amo-te em
full time”.
José Niza, autor de temas
como “E depois do adeus”, foi médico
psiquiatra, compositor e deputado e autarca
do Partido Socialista em Santarém, onde
durante dois mandatos presidiu à assembleia
municipal. Residia em Perofilho, nos
arredores de Santarém.
Como músico trabalhou com
Janita Salomé, Tonicha, Paulo de Carvalho,
Simone de Oliveira e Carlos do Carmo, entre
muitos outros, tendo, como autor, vencido
quatro festivais RTP da Canção.