O
dia 29 de Abril de 1961 duas
viaturas sob o comando do Furriel
António Demoy Gouveia Vieira, ao
procederem a um reconhecimento na
estrada Mucaba - 31 de Janeiro foram
inesperada e selvaticamente atacadas
por um numeroso bando de
terroristas.
O Furriel Gouveia Vieira, cônscio
das suas responsabilidades de
comando, não fraquejou perante a
imensa superioridade numérica do
inimigo, e com tal valentia e
coragem se houve que conseguiu pôr
em debandada essa multidão que o
atacava e trazer a salvo os
elementos sob as suas ordens.
De regresso a Mucaba, organiza a
defesa da povoação com os poucos
meios de que dispunha; e durante os
ataques que nessa
noite
e madrugada seguinte milhares de
terroristas executaram, o Furriel
Gouveia Vieira
mostrou bem as invulgares qualidades
militares de que é possuidor.
Dirigindo com valor, senso e sangue
frio e animando com a sua atitude,
coragem e combatividade os poucos
defensores sob as suas ordens, nunca
se poupando e tendo procedimentos de
rara abnegação e valentia em que
expôs generosamente a sua vida a bem
da missão de que estava encarregado
e que conseguiu levar a bom termo
impondo sempre uma rígida disciplina
de fogo, do que resultou uma
profícua utilização das reduzidas
munições em seu poder.
Da guarnição de Mucaba fazia parte o
soldado indígena 788/60 do Batalhão
de Caçadores 3, Joaquim Nascimento
que, atacado directamente por
numerosos terroristas no
reconhecimento da estrada Mucaha-31
de Janeiro em que foi arrancado da
viatura em que seguia, conseguiu
pelo seu valor pessoal e coragem,
desembaraçar-se numa violenta acção
corpo a corpo e atingir Mucaba, onde
nos ataques que se seguiram
teve
relevante e corajosa acção em
combate activo e onde procurava
sempre os locais mais expostos,
dando constantes exemplos de rara
abnegação, valentia e coragem.
Num momento crucial para os
defensores, em que se viram quase
submergidos pelo número sempre
crescente dos bárbaros atacantes, o
soldado Joaquim Nascimento, por
iniciativa própria e a peito
descoberto, subiu ao telhado da
capela onde se concentrava a defesa,
e daí sem o mais ligeiro resguardo e
num generoso alarde de valentia,
atacou à granada de mão os
sitiantes, acção que muito
contribuiu para repelir o assalto.
No peito destes dois soldados de
Portugal brilha hoje justamente a
medalha de cobre de valor militar
com palma, confirmação clara e
inequívoca de que o País não esquece
aqueles que, quaisquer que sejam as
circunstâncias, sabem bem cumprir o
seu dever de Soldados e de
Portugueses.