Mais do que o uso dos termos "guerra
colonial" ou "guerra do ultramar" é muito importante
reconhecer que as manifestações de sensibilidade
acerca do assunto são de todo legítimas.
As
"Colónias" ou as "Províncias Ultramarinas" foram
termos usados no passado, e "Colónias" não eram um
termo pejorativo. Mas na verdade os combatentes do
Ultramar (foi nesse sentido que fomos mobilizados e
disponibilizados) não são ingénuos; e se a Liga
utiliza esse termo junto de antigos combatentes faz
mal, e no mínimo revela
insensibilidade...desvinculei-me faz tempo da Liga
dos Combatentes, em virtude de não ter entendido a
substituição do General Júlio Ribeiro (sem dúvida um
militar competente e respeitadíssimo ainda hoje em
Cabo Delgado)... essa explicação deveria ter sido
dada!
Mais tarde, também não entendi quando conheci
da actuação do Vice-Presidente da Liga em
Moçambique nos anos da transição, e isso devia ser
bem explicado pela entidade.
A descolonização deu
origem a Países independentes, e confesso que tendo
feito a guerra, e depois tendo colaborado na paz -
em Moçambique, tinha e tenho, grande orgulho e honra
por ter combatido (como poderia acontecer o
contrário?) ao lado de tantos heróis, de todas as
cores.
Depois, também conheci do papel dos
guerrilheiros, e das suas razões... concordei ou
discordei? Isso não vem agora ao caso. Ter ajudado
na transição, ter contribuído para o fim da guerra,
(de novo o cumprimento do dever) mas não me sinto
de todo desconfortável... ao constatar que também o
Brasil sofreu esse processo de rotura com a
Metrópole, e hoje motivo de regozijo para a
comunidade Luso-Brasileira. Sou pois da opinião,
que é de todo infeliz o uso do termo "colonial"
para abordar antigos combatentes; e por atitudes
destas que a cultura institucional da Liga dos
Combatentes sofre injustas vicissitudes. Na verdade,
os militares portugueses do Quadro Permanente ou do
Quadro de Complemento, que vinte e quatro sobre
vinte e quatro horas fizeram a guerra, nos anos de
1974 e 1975 fizeram a Paz... e tiveram essas
actuações no cumprimento do dever.
Posso deixar aqui
o testemunho, de que em Cabo Delgado Moçambique, que
visito anualmente Mueda e Mocimboa da Praia
principalmente, com a minha família, somos recebidos e
tratados com respeito consideração e amizade pelas
populações, e entidades oficiais, pois perdura a
memoria de que apesar dos erros, estão bem presentes
as qualidades humanas dos militares portugueses, que
como eu estiveram na guerra !