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NOTÍCIA - "Provedor
de Justiça alerta para atrasos"
enviado pelo
Grupo de Manutenção dos "Dianas
Negros" (C. CAÇ 2655)
in "Público"
- Última Hora
de 26MAI2008
"Provedor
de Justiça alerta para atrasos"
 Provedor
de Justiça alerta para atrasos
Ex-combatentes esperam três anos pelo estatuto de
deficiente das forças armadas
2008-05-26 21:27:00 Romana Borja-Santos
Foram chamados a cumprir o serviço militar num cenário
de guerra onde acabaram por ficar feridos. Apesar da
prontidão com que se alistaram para servir a pátria,
muitos ex-combatentes chegam a esperar mais de três anos
para que os seus processos de invalidez ou de
qualificação como deficientes das forças armadas sejam
concluídos. Uma situação que levou o provedor de
Justiça, Nascimento Rodrigues, a expressar a sua
“preocupação” ao ministro da Defesa, Nuno Severiano
Teixeira.
Nascimento Rodrigues garantiu, na nota enviada, que
recebeu inúmeras queixas de ex-combatentes que esperaram
em média três anos para ver a sua situação solucionada e
sublinhou que “os atrasos ficam a dever-se à excessiva
demora na marcação e realização de Juntas Hospitalares
de Inspecção e na elaboração de pareceres pela Comissão
Permanente de Informações e Pareceres da Direcção dos
Serviços de Saúde”.
O provedor considerou, ainda, que estes atrasos
penalizam “fortemente os interesses legítimos dos
cidadãos afectados, constituindo uma violação grave dos
seus direitos”. Assim, Nascimento Rodrigues aproveitou
para relembrar que, “num determinado contexto histórico
e político, o Estado exigiu a estes cidadãos o exercício
do serviço militar num teatro de guerra, física e
psicologicamente, violento”. Por isso, defende que
“hoje, o Estado de Direito democrático deve-lhes o
respeito pelos seus mais elementares direitos, ou seja,
deve avaliar e decidir, com rigor e celeridade, a
respectiva situação jurídica e, nos casos que se mostrem
devidos, a recompensa de uma adequada protecção social”.
A questão não é, contudo, nova. O anterior ministro da
Defesa foi questionado sobre este assunto, o que
suscitou um parecer da Direcção-Geral de Pessoal e
Recrutamento Militar, que sugeria uma agilização do
percurso dos processos, nomeadamente evitando-se uma
“sobreposição funcional, resultado da intervenção de
diferentes órgãos do Exército na valoração da mesma
matéria na fase de instrução”.
O actual Governo, através dos ministros das Finanças e
da Defesa, criou entretanto um grupo de trabalho com o
objectivo de estudar a reforma do sistema de saúde
militar, cujas conclusões deviam ter sido apresentadas
no final de 2006, mas continuam atrasadas.
Severiano Teixeira em silêncio
O ministro da Defesa ainda não se pronunciou quanto a
esta interpelação do provedor de Justiça.
Estas e outras razões levaram a Associação de
Deficientes das Forças Armadas (ADFA) a manifestar-se no
passado dia 14 de Maio “contra a falta de respostas por
parte do Governo”.
Na altura, o presidente da ADFA, José Arruda explicou
que a saúde é a reivindicação que vem em primeiro lugar,
com a associação a exigir "a reposição imediata da
assistência médica e medicamentosa que vigorava antes da
publicação do decreto-lei nº 167/2005", que retirou aos
ex-combatentes o direito aos medicamentos para além da
deficiência. "Mas nós acreditamos que o Governo vai
repor essa situação porque isto é um grupo de cidadãos
que foi obrigado a ir à guerra colonial, foi obrigado a
matar para não morrer e que também deu o seu contributo
para o 25 de Abril", sublinhou José Arruda.
A isenção de IRS para as pensões pagas aos
ex-combatentes foi a segunda questão central do
protesto. A ADFA pede que as pensões, pagas com carácter
indemnizatório, não sejam encaradas como rendimentos. "A
nossa pensão é sangue e nós não podemos pagar imposto do
sangue, dos olhos, da falta das pernas ou do stress",
justificou. A ADFA exige também um abono suplementar de
invalidez para os militares que ficaram com deficiências
em serviço.
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